Mais de 12 horas de festa embalaram o Marina Park no sábado, 15, na quarta edição de Festival Zepelim. Para além dos shows, o evento se propõe a oferecer uma experiência. Feira de economia criativa, espaço para música eletrônica local, espaço gastronômico e ativações de marcas patrocinadoras integram a vivência.
Divididas entre vários palcos, as atrações musicais estavam centradas no público jovem - conforme a idealizadora do festival, Gabriela Parente, contou ao O POVO. E foi a juventude que deu o tom da festa - entre a apatia em relação a algumas atrações e a empolgação com outras.
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A cantora Marina Sena, líder do line-up e participando pela terceira vez, surpreendeu quem não apostava na performance. O duo Anavitória, estreante na programação, fez um show repleto de clássicos do repertório.
Destaque também para o envolvimento do paulista Yago Oproprio - que, na edição de 2024, sofreu com sucessivas quedas na rede elétrica. Em 2025, entretanto, o músico entregou um show repleto de nuances. Entre novos nomes, momentos de tensão e figurinhas carimbadas, o Zepelim mostrou que está "firme e forte" no calendário de festas queridinhas dos cearenses.
O espaço dos fãs
Enquanto rolava o show do Mateus Fazeno Rock, uma cena chamou a minha atenção: uma longa fila formada na lateral do Palco Mar e que se seguiu quase até a loja oficial do Zepelim. Muitas pessoas estavam ali, do lado de fora, enquanto na frente do Palco Mar (para onde a área da fila dava acesso) estava quase vazio. Entendi logo depois: eram fãs do duo Anavitória que haviam comprado ingressos para a nova modalidade do festival, o Fan Stage.
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Nessa área, era possível assistir ao show do seu artista favorito de perto, sem custo adicional e com vagas limitadas, a partir de escolha feita na hora da compra dos ingressos. O espaço abria 20 minutos antes de cada show e era evacuado 20 minutos após cada apresentação, dando rotatividade para os fãs terem a oportunidade de ver seus artistas preferidos. Uma boa ideia para ressaltar a conexão do público com as atrações. (Miguel Araujo)
Cidade dividida… ou não
Fortaleza já está acostumada a sediar grandes projetos culturais. Todavia, no último sábado, 15, a cena era ainda mais efervescente com três megaeventos musicais na cidade: Baú da Taty Girl, turnê de Gilberto Gil e o Festival Zepelim.
Com tantos projetos em paralelo, o público da Cidade viveu um feliz dilema cultural: qual show escolher. A diretora e idealizadora do Zepelim, Gabriela Parente, conta que o festival adotou estratégia para garantir seu público: um "line-up mais jovem", escolhido a partir de um enquete com público já fiel.
Assim, o público LGBT se dividiu entre os forrozeiros, que foram ao Castelão; os 30 , no Centro de Formação Olímpica (CFO); e os mais jovens, no Marina Park. (Raquel Aquino)
Repertório Natural
Figurinha repetida no Festival Zepelim, Marina Sena já é um nome tão esperado quanto banal. E foi ela quem, justificando a presença carimbada, entregou o melhor show da noite. Com o lançamento de "Coisas Naturais" em março deste ano, a cantora retornou ao palco do "Zep" com um espetáculo diferente daquele apresentado nos anos anteriores. O trabalho antecessor da artista data de 2023, segundo ano do festival.
Trajando o look característico do disco novo, imprimindo um visual místico sem jamais deixar de lado a sensualidade, a cantora dominou o palco com sua presença e timbre inconfundível em um setlist impecável: todas as faixas do "Coisas Naturais" contempladas e algumas músicas dos discos anteriores na roupagem de sua "nova era". (Júlia Vasconcelos/Especial para O POVO)
Parceria
O evento foi marcado pelo retorno de veteranos e a estreia de alguns rostinhos que passaram entre os palcos Sol e Mar. Entre as atrações da line-up, foi a boa química entre o grupo Lagum e Ana Caetano, do duo Anavitória, que marcou o clímax da apresentação da banda. A parceria agitou os fãs, que pularam no ritmo da versão pop rock da música "Universo de Coisas Que Eu Desconheço" (2022). O show alternou entre o repertório do álbum "As Cores, As Curvas e as Dores do Mundo" (2025), sem deixar de lado as faixas nostálgicas que marcam a trajetória do grupo. (Bianca Raynara/Especial para O POVO)
Luisa Sonza e a "autoentrevista"
A cobertura do Festival Zepelim envolveu todas as plataformas: jornal impresso, portal e Instagram (@vidaearteopovo). Foram muitos anúncios, serviços e, claro, entrevistas. Uma conversa, entretanto, não aconteceu. Dias antes do evento, a reportagem tentou contato com Luisa Sonza - uma das atrações que lideravam o line-up.
Entre idas e vindas, a entrevista não aconteceu. Primeiro, a equipe foi informada que precisaria enviar as perguntas para pré-aprovação (algo incomum no fazer jornalístico); o conteúdo não foi aceito e novas perguntas foram enviadas. Como justificativa: a cantora não responderia nada relacionado a vida pessoal.
As perguntas, obviamente, versavam sobre música e carreira. Ao fim, a assessoria da cantora elaborou as próprias questões e enviou para a reportagem - uma tentativa de realizar uma "autoentrevista". Obviamente, não aceitamos. A atitude fere a carta de princípios do O POVO. (Isabel Costa)