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João Gomes faz show em Fortaleza: "Escrevo lembrando da minha vida"
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Vida & Arte

João Gomes faz show em Fortaleza: "Escrevo lembrando da minha vida"

Após quebrar recordes de públicos e vencer premiações da música, João Gomes encerra 2025 com passagem por Fortaleza e o desejo de "continuar levando nossa cultura" para mais lugares
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João Gomes faz show em Fortaleza neste sábado, 13, no Marina Park (Foto: Rafael Strabelli/divulgação)
Foto: Rafael Strabelli/divulgação João Gomes faz show em Fortaleza neste sábado, 13, no Marina Park

João Gomes reuniu cerca de 50 mil pessoas no Arco da Lapa, no Rio de Janeiro, em concerto gratuito no final de outubro. Com chapéu de couro e chemise rendada, afirmou que “o piseiro é a nova MPB” e entoou sucessos em registro disponibilizado nas plataformas digitais na última quinta-feira, 11. Performar frente a multidão, entretanto, nem pode ser considerado o maior êxito do cantor natural de Serrinha, em Pernambuco, em 2025.

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Ele conquistou as categorias "Artista", "Álbum", "Capa" e "Forró e Piseiro" no Prêmio Multishow há pouco menos de uma semana, tornando-se o principal vencedor. Em dezembro, também ganhou o terceiro Grammy Latino com o projeto "Dominguinho", criado com Jota.pê e Mestrinho. É a consolidação de uma carreira que se mostrou explosiva desde o início, quando viralizou em 2020 com o hit "Meu Pedaço de Pecado".

"Acho que a estabilidade vem da verdade. Desde o começo, eu canto do mesmo jeito que eu vivia lá em Serrita: falando de amor, de saudade, de vaquejada, de fé. O povo sabe quando é real", considera em entrevista ao O POVO via WhatsApp. “Quando a gente sobe no palco e entrega a verdade, a energia derruba qualquer barreira. O que me dá força é saber que eu não estou sozinho. Estou levando um povo inteiro comigo”.

São mais de 16 milhões de seguidores no Instagram e 10 milhões de ouvintes mensais somente no Spotify, admiradores que amplificam o gênero pelo qual ficou reconhecido, uma variação do forró com batidas eletrônicas. O jovem de 23 anos alcançou os grandes em parcerias musicais com Ivete Sangalo, Vanessa da Mata e Gilberto Gil. Ao mesmo tempo, o pernambucano faz questão de levar as influências para novas gerações por meio de releituras de canções como "Esperando Aviões", de Vander Lee, e "Depois", de Marisa Monte, com quem lançou colaboração.

"Quando nomes como esses olham para o forró e o piseiro com carinho, eles abrem portas que a gente não imaginava", menciona. Este abraço, como o próprio artista diz, mostra para o mundo que "nossas raízes têm poesia, história, beleza". É o que propõe quando leva o forró de vaquejada para o palco do Rock in Rio e as casas de show de países como França, Bélgica e Suíça, onde passa com turnê em 2026.

A voz de "Eu Tenho a Senha" e “Aquelas Coisas” desbrava espaços até então fechada para os ritmos, desviando da fórmula de sucessos das plataformas de streaming, com letras que falam sobre amor, desilusão e festa. "Escrevo lembrando da minha vida, das pessoas que conheci, das noites de vaquejada que passei. Não tem como fugir. Mesmo quando vem uma produção mais pop, a alma continua sendo da roça. Nunca troco a essência por tendência", defende.

A inspiração mantém a produção contínua. Em cinco anos de carreira, onze obras foram lançadas, entre trabalhos de estúdio e versões ao vivo. Cinco destes, inclusive, divulgados no intervalo de nove meses. "No Sertão", gravado ao lado de Taty Girl, Dorgival Dantas, Neto Leite e Waldonys; "Dominguinho", que ganhou os palcos e esgotou ingressos em 12 cidades brasileiras; "Do Jeito Que o Povo Gosta", caracterizado pelo cantor como uma sonoridade atual; "Pé de Serrita", projeto audiovisual que resgata clássicos do forró com faixa do cearense João Bandeira; e "Meu Piseiro Brasileiro", com o qual se aproxima de gêneros como o trap e o samba numa mistura inusitada que poucos conseguem sustentar.

"Sou tudo isso junto", justifica. "Queria mostrar que dá para ser múltiplo sem perder indentidade", reforça. Para proteger a própria verdade e manter os pés no chão, precisou diminuir o ritmo para cuidar da saúde mental após ser diagnosticado com ansiedade e depressão em 2022. Hoje preza por um ritmo de "trabalho com mais consciência", sem perder o contato com os filhos Jorge e Joaquim, e a esposa, Ary Mirelle. "Quando chego em casa e vejo meus filhos, para mim, tudo faz sentido. Muda até na forma como eu canto, fica mais leve".

O show no festival Tamo Junto BB neste sábado, 13, marca o retorno do artista a Fortaleza após apresentação no mês de agosto. Admirador de Belchior (1946 - 2017) e colega de Fagner, o pernambucano diz que tem o Ceará como um segundo lar.. "Parece que tô cantando em casa", comenta. É parada obrigatória para os próximos planos, que incluem um livro de poesia e a realização de projeto em proposta mais intimista, para "continuar levando nossa cultura para mais lugares".

As letras que sempre usou "para aliviar o coração" colocam o menino que andava na feira com a mãe, sonhando em cantar com "vergonha e coragem", engravado na música brasileira. "Eu só cresci, mas continuo com os pés na mesma terra. É ela que me guia", sustenta.

João Gomes no Tamo Junto BB

  • Quando: sábado, 13, às 00h25min
  • Onde: Marina Park Hotel (av. Presidente Castelo Branco, 400 - Moura Brasil)
  • Quanto: a partir de R$ 90; vendas no Eventim
  • Mais infos: @tamojuntobb

 

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