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Retrospectiva da televisão: 2025 de novelas, streaming e redes sociais
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Vida & Arte

Retrospectiva da televisão: 2025 de novelas, streaming e redes sociais

Em 2025, folhetins brasileiros ultrapassaram a cultura da TV, ganhando espaços nos streamings e se tornando "cultura pop" nas redes sociais
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Remake da novela
Foto: Rudy Huhold / TV Globo Remake da novela "Vale Tudo" deixou muitos jovens intrigados com o mesmo mistério que seus pais e avós 35 anos antes: quem matou Odete Roitman ?

Certamente 2025 ficará marcado como o ano que a programação televisiva do Brasil deu um dos maiores passos em direção à plataformização cultural. Com novelas de protagonismo feminino, a TV Globo emplacou grandes sucessos digitais, oriundos da repercussão do "ao vivo" nas redes sociais.

Logo em março deste ano, o tão aguardado remake de "Vale Tudo" estreou na emissora e já abriu as portas para um novo momento dos melodramas: o que o engajamento nas redes sociais — com cortes de capítulos — é mais forte do que os pontos de audiência durante a transmissão. Mesmo registrando Ibope abaixo do esperado, a trama foi o maior sucesso digital da emissora.

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A nova Odete Roitman, de Débora Bloch, não marcou tanto o público por ser cruel e impiedosa, mas sim por frases que "furaram a bolha". Até mesmo quem não acompanhou a novela acabou se deparando com a fala "Uma hora um fricassé com salada, outra hora um X-Tudão" para se referir a homens.

Outro destaque feminino foi Clara Moneke, que fez sua primeira protagonista da TV com Leona, em "Dona de Mim". Diferente das tradicionais mocinhas ingênuas, a personagem carregou personalidade forte, que comete equívocos e acertos — o que a humanizou e a tornou mais "gente como a gente".

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Na faixa das 18 horas, finalizamos "Garota do Momento", com um final feliz para a protagonista Beatriz (Duda Santos). Quem assumiu o horário foi "Êta Mundo Melhor!", que divide o destaque da trama entre Candinho (Sergio Guizé) e Policarpo (Juliana) — sim, o burro carismático da novela é feito por uma atriz fêmea.

A última estreia do ano é, ainda mais que as outras, um grito de destaque feminino. "Três Graças", de Aguinaldo Silva, traz ao foco mãe, filha e neta contra a maldade de uma carismática vilã feita por Grazi Massafera.

Foi também em 2025 que a plataformização da cultura afetou ainda mais diretamente a produção televisiva. Mesmo com audiência insatisfatória no Kantar Ibope, a Globo conseguiu emplacar grandes sucessos digitais. Cortes de capítulos do TikTok passaram a ser uma notável forma de consumo audiovisual, assim como as bombásticas novelas verticais — melodramas de capítulos curtíssimos gravados para reprodução nas mídias sociais.

Camila Pitanga como Lola no último capítulo de
Camila Pitanga como Lola no último capítulo de "Beleza Fatal"

De volta ao pódio

Em 2024, tivemos a estreia de novelas para o streaming, com "Pedaço de Mim", da Netflix. Mas foi em 2025 que vimos esse formato ser consolidado e ganhar repercussão entre a audiência mais jovem que não estava conectada com as produções da TV.

Logo em janeiro, estreou "Beleza Fatal" (foto), que conquistou tanto o público "do sofá", acostumado com telenovelas, quanto os apegados às características de série dos streamings — com trama super melodramática, direção de arte "estilizada" e somente 40 capítulos. O sucesso, inspirado em um livro de Raphael Montes, já tem até continuação confirmada pela HBO Max.

Outro destaque foi a produção da Globoplay "Guerreiros do Sol", inspirada no livro homônimo de Frederico Pernambucano de Mello. Com 45 capítulos, o melodrama contou com grande representação cearense pelas atuações de Daniel Dias da Silva, Fátima Macedo, Georgina Castro, João Fontenele, Larissa Goes, Lucas Galvino e Mateus Honori.

 

"Pssica"

Brasil em episódios

Quatro séries brasileiras se sobressaíram pela qualidade de produção e engajamento digital. Em agosto, chegou à Netflix a "Pssica" (foto), adaptação do livro de Edyr Augusto, narrativa que explora o tráfico sexual de adolescentes na região amazônica.

No mesmo mês, a HBO Max lançou a minissérie "Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente", produção baseada em histórias reais de comissários de voo que contrabandeavam medicamentos durante a epidemia de Aids nos anos 1980.

Já "Os Donos do Jogo", da Netflix, chegou em outubro para abordar o universo do jogo do bicho e das disputas de poder ligadas ao crime organizado no Rio de Janeiro.

O último lançamento foi "Tremembé", em outubro, que rendeu à Prime Video audiência e processos. Ambientada num complexo penitenciário que ficou conhecido por abrigar condenados por crimes de repercussão, a produção chamou a atenção por retratar os delitos de Suzane von Richthofen e Elize Matsunaga.

Tudo por uma Segunda Chance é satisfatória, mas falha por desorganização
Tudo por uma Segunda Chance é satisfatória, mas falha por desorganização

Menos tempo, mais visualização

Seguindo o caminho da digitalização, foi neste ano que explodiu a febre das novelas verticais: folhetins com episódios de poucos minutos, gravados em formato vertical para exibição rápida em redes sociais.

O formato fazia sucesso fora do Brasil em plataformas como ReelShort e Dramabox. Mas foi através do TikTok, com anúncios chamativos das "novelinhas", que o modelo conquistou os brasileiros. O mercado nacional "surfou a onda" e produziu a trama "A Vida Secreta do Meu Marido Bilionário" (foto), que atingiu o marco de meio bilhão de visualizações.

O fenômeno foi abraçado até pela Globo, que lançou projeto vertical com "Tudo Por Uma Segunda Chance". Com ótima aceitação e engajamento, é esperado que 2026 tenha mais produções verticais.

Dira Paes, Sophie Charlotte e Alana Cabral em
Dira Paes, Sophie Charlotte e Alana Cabral em "Três Graças"

A volta do que não foi

Este ano trouxe de volta uma grande figura da TV: Aguinaldo Silva, o novelista por trás de "Tieta" e "Senhora do Destino". O autor não teve renovação do seu contrato com a Globo em 2020, todavia, ele nunca saiu do ar na emissora. Em razão da paralisação pela covid-19, em março do mesmo ano, sua obra "Fina Estampa" foi reexibida em horário nobre. Exatamente um ano depois, "Império", outro trabalho seu, teve o mesmo destino. Além disso, houve o remake de "Vale Tudo" neste ano, novela que originalmente teve Aguinaldo entre os autores.

Desde outubro, a inédita "Três Graças" (foto) está em exibição na Globo. A trama acompanha de três mulheres da mesma família, cujas vidas se entrelaçam por uma coincidência: todas se tornaram mães na adolescência. Mesmo com audiência mediana na TV, a novela é considerada mais um sucesso digital.

Para especialista, escolha de Taís Araújo e Bella Campos para os papeis principais foi um dos acertos da novela
Para especialista, escolha de Taís Araújo e Bella Campos para os papeis principais foi um dos acertos da novela

O que aconteceu com "Vale Tudo"?

O remake de "Vale Tudo" foi o maior fenômeno da TV brasileira em 2025, o que não implica em ser uma novela boa. A adaptação passou por mudanças na trama principal, o que desagradou parte do público e até do elenco. No caso da personagem Raquel, de Taís Araújo, os problemas internos tiveram até repercussão nacional.

Tudo começou quando a atriz declarou em entrevista sua insatisfação com o desenvolvimento da personagem, que deveria representar uma jornada ascendente da mulher negra, mas acabou sofrendo mais do que na trama original.

A questão resultou em uma queixa formal de Taís contra a autora Manuela Dias na Globo, motivada pela percepção de que a trajetória de Raquel perdeu força. Por isso, foram fomentados debates sobre narrativa, representatividade e escolhas de roteiro. Manuela se pronunciou e afirmou que a novela é "fruto de um processo colaborativo", não se referindo diretamente ao conflito estabelecido.

Renata é campeã do BBB 25
Renata é campeã do BBB 25

Sotaque na tela

O Big Brother Brasil 2025 não foi um destaque nacional, mas um detalhe fez que o reality fosse abraçado pelo Ceará: o sotaque de duas participantes. As bailarinas cearenses Renata (foto) e Eva entraram em dupla no confinamento e chamaram a atenção do público conterrâneo pelo sotaque "ultrarregional".

Enquanto alguns internautas debocharam da voz "aguda" e do sotaque "exagerado" das artistas, diversos cearenses uniam forças para mantê-las no programa. Foi desse modo que a professora de dança Renata Saldanha, da ONG Edisca, se tornou campeã do reality.

O BBB 25 teve a pior audiência da história do programa, também tendo sido um fracasso digital. O Ceará foi na contramão e, graças à bailarina, a ONG cearense recebeu grande visibilidade e apoio pelo Brasil.

Beleza Fatal 2

A segunda temporada da novela "Beleza Fatal", produção da HBO Max, foi confirmada pela plataforma de streaming. Ainda não há data para a estreia.

 

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