Já há algumas décadas, as transformações no mundo da comunicação desafiam os modelos de informar e de gestão. Aqui no Ceará, um projeto lançado pelo O POVO, há um ano, vem se consolidando como alternativa inovadora e ganhando reconhecimento. Toda boa ideia surge de uma inquietude para resolver um problema. E o problema do Jornalismo é o seguinte: a publicidade já não é suficiente para manter um negócio saudável e independente. Quando a internet se “popularizou” - ou quase isso, pois ela ainda é inacessível para um a cada quatro brasileiros -, mudou não apenas a forma de consumir informação, mas o próprio negócio. As publicidades começaram a se vaporizar em uma imensidão de veículos, formais ou informais.
Da mesma maneira, a adesão aos portais de notícia online, até então gratuitos, foram reduzindo a compra de jornais impressos. Assim, criaram-se esquemas de assinaturas para os portais jornalísticos, garantindo aos assinantes conteúdos exclusivos. Nesse esquema, disponibilizaram-se pdfs dos jornais impressos e reportagens mais aprofundadas. Mas para O POVO não parecia suficiente.
Foi então que, em uma noite de 2018, André Filipe Dummar, diretor de Estratégia Digital do O POVO, teve um momento de “eureca”. “É isso!” - disse. E pulou da cama, pegou um caderno e começou a rascunhar. Foram folhas e mais folhas preenchidas com as ideias de Filipe, que no dia 13 de maio de 2020 viriam a ser lançadas como O POVO+ (OP+) - a primeira plataforma multistreaming de Jornalismo e Cultura da América Latina.
Claro, a solução surgiu de muito estudo e criatividade. Filipe passou anos estudando sobre o futuro do jornalismo local, modelos de monetização, análise comportamental de consumo e streamings. Igualmente, buscou exemplos que fossem fortes em algumas dessas áreas, como The Washington Post, New York Times, e Boston Globe. Também entram na lista de inspirações a Netflix, o Spotify e a Amazon Prime Video.
Antes de completar um ano, OP+ comprovou seu potencial ao receber o primeiro lugar na categoria "Best Paid Content Strategy" (melhor estratégia em conteúdo pago) da 6ª edição do Prêmio Latam Wan-Ifra Digital Media Awards. Essa é uma das mais importantes premiações do jornalismo digital da América Latina e com projeção mundial.
“Nós somos a partir do Ceará”, explica Filipe Dummar. Aí está a essência para a ideia do OP+ já começar boa. O regionalismo é o principal diferencial competitivo do O POVO, que há 93 anos investiga e apresenta todas as facetas da vivência cearense. “Sempre foi uma marca de vanguarda porque nós escutamos o povo”, reforça o diretor de Estratégia Digital.
Ao escutá-lo e compreendê-lo, surgiu a ideia de centralizar em uma só plataforma as múltiplas experiências de consumo de informação. Além disso, ficou claro que essa abordagem teria que ser nativa digital, usando e abusando do jornalismo digital, interativo e imersivo; como a internet pede e permite.
“O jornalismo digital é interessante porque enriquece a compreensão da informação. Como é enriquecedor você ter esse tipo de conteúdo que possibilita desenvolver as próprias habilidades como leitor”, reflete Regina Ribeiro, editora do OP+.
Tanto ela, quanto a editora-chefe Fátima Sudário compreendem que os recursos interativos favorecem diferentes experiências aos leitores. “No OP+, você se permite aculturar em um novo universo de possibilidades infinitas”, reforça Fátima. Esse mundo a se explorar é especialmente desafiador para a equipe de conteúdo, responsável por traduzir informação de maneira inovadora e criativa.
Os princípios jornalísticos de apuração e ética permanecem os mesmos, mas a exibição do conteúdo requer do jornalista habilidades variadas. Desde que o OP+ começou, o reconhecimento da plataforma e suas singularidades aumentou entre leitores e os próprios jornalistas da casa.
"O POVO tem uma longa tradição no jornalismo digital. O portal O POVO Online tem 23 anos, um dos primeiros do País, inclusive", comenta Erick Guimarães, diretor executivo de Jornalismo do OP. Segundo ele, o OP+ vai além da "simples notícia" e oferece conteúdos aprofundados, históricos e personalizado.
A plataforma possibilita que os jornalistas da casa exerçam um jornalismo de qualidade, que permite explorar novas linguagens e formas de narrativa. "Isso sem dúvida é algo muito importante para quem faz O POVO", reflete Erick. O leitor também ganha muito com isso, tendo acesso a conteúdos diferentes e mais sofisticados.
Desde quando foi lançado, há um ano, O POVO+ mudou muito. Passou por processo de categorização dos conteúdos, a fim de melhorar a navegação dos leitores, ofereceu novo produto editorial - os Web Stories - e adequou funções invisíveis, mas fundamentais.
Uma das líderes desse processo é Brenda Câmara, gerente de Produto e UX Designer. A equipe de Brenda é responsável por analisar cada seção do OP+, procurando maneiras de melhorar as experiências do usuário; além de desenvolver, em parceria com a equipe de Conteúdo, novos formatos de consumo de informação e cultura.
Foi assim que surgiu o Web Stories, que tem uma lógica parecida com a dos stories do Instagram: slides rápidos, com textos curtos, linguajar informal e foco nas imagens. Lançado em fevereiro de 2021, a vertical já acumula 36 web stories (até a primeira semana de maio) sobre temas diversos, como cultura, entretenimento, esportes, ciência e saúde, história e comportamento.
“O OP+ é muito plural. Hoje você vê que para determinados tipos de conteúdos você tem o Kindle, o Spotify… Tudo isso tem no OP+, incluindo o jornal e as reportagens. Também por isso, é desafiador no dia a dia manter tudo funcionamento como deveria”, explica Brenda. Munidos de dados de consumo dos leitores, é possível identificar o que é bem recebido e o que ainda precisa ser mais chamativo. “O OP+ não é o mesmo que a gente lançou há um ano”, orgulha-se a UX Designer.
“Nós somos um time muito apaixonado pelo OP+”, ri Brenda. Para ela, essa é uma das razões para o sistema evoluir e apresentar bons resultados. Assim como as editoras Regina e Fátima, a equipe de Produto também é leitora.
Por exemplo: há, na equipe, quem ama todo conteúdo sobre dinossauros. Assim, toda vez que se publica uma reportagem especial, vídeo ou web stories sobre o assunto, Brenda logo encaminha para a equipe - que, consequentemente, lê, analisa e sugere aperfeiçoamentos.
O caminho à frente é feito de promessas. Ainda há muito a melhorar no OP+, assim como existem muitos desejos. Para a equipe de Produto, liderada por Brenda, o sonho é desenvolver uma linguagem completamente original para a plataforma. Já a equipe de Conteúdo, encabeçada por Fátima e Regina, foca na qualidade da informação e em manter produções que tragam boas histórias e boas análises, que conquistem novos leitores e encantem os que já estão na plataforma.
Para Filipe Dummar, o objetivo é ampliar os canais de distribuição do O POVO+ e aumentar o portfólio de produtos. “O segundo ano tem tudo para quebrar a banca”, brinca o diretor de Estratégia Digital.
Como o dia 13 de maio é de comemoração, nada mais adequado do que desejar uma boa caminhada para a plataforma: "Eu desejo que o OP+ continue em transformação, vivendo fortemente essa aventura de fazer jornalismo, que não pare de testar novas linguagens e que ele se torne cada vez mais importante no dia a dia do leitor", discursou o diretor executivo de Jornalismo, Erick Guimarães. Sopradas as velas, que venha mais um ano.