Únicos representantes nordestinos da elite do Brasileirão de 2022, Ceará e Fortaleza serão as equipes que irão percorrer as maiores distâncias em viagens ao longo da competição. A estimativa, considerando um cenário de voos diretos de ida e volta, sem conexões ou escalas, é de exatos 85.660,46 km para cada um dos clubes. Com essa quilometragem seria possível, por exemplo, ir e retornar do Japão duas vezes.
Geograficamente e historicamente, a região Nordeste tem desvantagem em relação aos deslocamentos de viagem, tendo em vista que a maior parte dos times que disputam o torneio estão concentrados no Sul e Sudeste do país.
Na era dos pontos corridos, o recorde de participantes nordestinos em uma mesma edição da Série A foi de quatro clubes, número que se manteve entre 2018 e 2021. Neste mesmo recorte de período, sulistas e sudestinos tiveram, juntos, uma média de 15 clubes representantes — ou seja, 75% da composição do certame.
O cenário de distribuição dos clubes deste ano é bem similar — dez do Sudeste, cinco do Sul e três do Centro-Oeste —, mas com o agravante de que Ceará e Fortaleza não terão nenhum jogo próximo à capital cearense como aconteceu nos últimos anos.
Diante do panorama, a menor distância que a dupla irá percorrer é de 1.691,26 km, cerca de 2h29min de voo, quando forem enfrentar o Goiás e o Atlético-GO em Goiânia (GO), seguido de Belo Horizonte (MG), cujo trajeto é de aproximadamente 1.855,82 km (2h40min), cidade em que Vovô e Leão terão Atlético-MG e América-MG como adversários.
O maior percurso do Alvinegro e do Tricolor será de 3.216,10 km (4h23min) para o Rio Grande do Sul (RS), onde farão jogos contra o Internacional e o Juventude. O Fortaleza, inclusive, fez essa viagem no último domingo, 17, quando foi derrotado pelo Colorado por 2 a 1, no Estádio Beira Rio, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro. Santa Catarina (SC), representado pelo Avaí, figura como o segundo estado com a rota mais longa, em torno de 2.855,98 km (3h51min).
Entre os estados, o que mais possui clubes na elite é São Paulo, com cinco: Palmeiras, Corinthians, Santos, RB Bragantino e São Paulo. Como a rota do voo entre o Aeroporto Pinto Martins (CE) e o Aeroporto de Congonhas (SP) é de aproximadamente 2.369,20 km (3h 17min), Ceará e Fortaleza irão totalizar 24.030 km somente em idas e vindas para a capital paulista. O Alvinegro já realizou este trajeto uma vez, na estreia da equipe no certame nacional diante do Verdão, no Allianz Parque, confronto que foi vencido pelos comandados de Dorival Júnior por 3 a 2.
Para que seja possível visualizar o quão alta será a quilometragem total percorrida por Ceará e Fortaleza ao fim do campeonato, podemos utilizar o futebol carioca como exemplo. Botafogo, Flamengo e Fluminense terão, considerando também um cenário de voos diretos de ida e volta sem conexões ou escalas, um total de 28.735,78 km (número individual para cada clube), pouco mais de um terço do valor do Vovô e Leão, de 85.660,46 km cada.
Ao todo, as delegações do Vovô e Leão ficarão cerca de 59 horas e 38 minutos dentro de aviões durante os deslocamentos entre as cidades ao longo da Série A. Vale ressaltar que, além do Brasileirão, os clubes também disputam competições internacionais, como a Copa Sul-Americana e Libertadores, com pelo menos três jogos fora do país garantidos, para os quais se deslocam em voos fretados.
No cenário nacional, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) custeia voos comerciais para os clubes, mas nem sempre as opções possuem rotas ideais ou condições confortáveis para a recuperação física dos atletas. Caso Ceará e Fortaleza optassem por deslocamentos em aeronaves fretadas durante a Série A, o alto valor certamente seria um dos principais empecilhos ao longo prazo.
Além do aluguel do avião, há custos com a tripulação, serviços de handling, que são os serviços prestados em terra para apoio às aeronaves, combustível, entre outros detalhes, como pernoite no aeroporto — caso necessário —, a rota e o modelo do avião.