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Desorganização tem cura?
Reportagem Especial

Desorganização tem cura?

Você não sabe até agora onde pôs seus óculos? Está com trabalhos para entregar mas está esperando um meteoro cair para se ver livre da obrigação? Já foi ameaçado ou ameaçou alguém com o divórcio por causa da toalha molhada em cima da cama? Saiba que você não está sozinho

Desorganização tem cura?

Você não sabe até agora onde pôs seus óculos? Está com trabalhos para entregar mas está esperando um meteoro cair para se ver livre da obrigação? Já foi ameaçado ou ameaçou alguém com o divórcio por causa da toalha molhada em cima da cama? Saiba que você não está sozinho
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O webdesigner Rafael Silva, 26, até tentou ser uma pessoa organizada, mas como ele mesmo diz, “falhou miseravelmente” logo na primeira prova de fogo: “Há uns seis anos, saí da casa dos meus pais em Teresina, onde minha bagunça era tolerada, e fui estudar em Fortaleza. Como não tinha parentes aqui, me instalei em uma república de estudantes, mas a experiência foi um verdadeiro inferno. No caso, eu que fui o diabo dos outros”, brinca. “A gota d'água foi quando os meus colegas — éramos oito morando no mesmo lugar — jogaram na minha cama todas as coisas que eu costumava deixar sujas ou fora do lugar pela casa como louça, meias usadas e toalha molhada. Levei na esportiva mas no fundo fiquei muito envergonhado”, lembra.

O webdesigner Rafael Silva assume que é desorganizado mas diz que conseguiu melhorar depois de uma experiência traumática (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal O webdesigner Rafael Silva assume que é desorganizado mas diz que conseguiu melhorar depois de uma experiência traumática

Se Rafael estava à época em um extremo da régua imaginária que mede a desorganização em uma pessoa, do outro estava Carol Themotheo, publicitária de formação que começou a trabalhar com sistematização profissional em 2016, após contato com blogs que davam dicas de produtividade e performance. “Sempre fui organizada na minha vida, mas sentia necessidade de ter mais método para conseguir alcançar alguns objetivos”, afirma. Hoje ela é organizadora pessoal e lida diariamente com pessoas que se sentem desconfortáveis com a própria bagunça.

“De forma geral os meus clientes são pessoas que identificaram em suas vidas uma necessidade de mudança, sob o aspecto da organização, mas não sabem como iniciar nesse processo. Então o meu trabalho é compreender as dores de cada um e tratar caso a caso com orientações específicas. Geralmente essas pessoas estão ansiosas, desconfortáveis com o seu ambiente principalmente as suas casas (ambiente em que atuo com maior frequência) e começam a sentir em outras áreas da sua vida os problemas causados pela desorganização, como atrasos, conflitos familiares, desgaste, perdas financeiras, baixa produtividade e em em casos mais graves, até depressão e compulsividade”, enumera.

A personal organizer Carol Themotheo trabalha em Fortaleza e ajuda clientes na organização do lar (Foto:  Raiane Mainara / Divulgação)
Foto: Raiane Mainara / Divulgação A personal organizer Carol Themotheo trabalha em Fortaleza e ajuda clientes na organização do lar

O trabalho de uma personal organizer consiste basicamente em conversar com o cliente, ver vídeos dos locais a serem organizados e fazer visitas presenciais para avaliação. Com essas informações, a profissional monta um projeto com o orçamento e marca datas para a execução. “Hoje eu atendo clientes para organização residencial (a maioria com problemas para armazenar adequadamente suas coisas de forma prática e útil) e faço o treinamento dos funcionários da casa. Para quem está de mudança, inventariamos os itens do cliente para que eles cheguem na casa nova de forma mais adequada e sem perdas. Também tem a ‘organização baby’, que é quando o cliente está prestes a ter um novo bebê em casa e quer providenciar a organização devida para a chegada do novo membro da família”, enumera.

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A falta de método, no entanto, não é, necessariamente, um mal a ser combatido, especialmente quando o recorte não é o ambiente doméstico e sim, o profissional. “Quando se fala a palavra ‘desorganização’, já vem uma carga muito negativa. Só que algumas funções, por suas características comportamentais, são ocupadas por pessoas que via de regra são assim. Pessoas da área comercial, por exemplo, não são muito organizadas porque a função exige outras habilidades, como fala, desenvoltura e estratégia, e essas habilidades são mais emocionais. A outra parte do serviço delas, como o preenchimento de planilhas e contratos fica a cargo de outros profissionais da empresa, dos quais se esperam características opostas, ligadas a rotinas e métodos”, explica Gisele Studart, diretora da Studart RH.

 

Eu sou desorganizado(a)?


 

 

 

“O que as empresas fazem para dar equilíbrio a algumas funções é colocar pares de trabalho complementares: uma consultora ou gerente comercial vai ter uma assessora que vai ser obrigatoriamente uma pessoa organizada, porque assim se minimiza os riscos e melhora a qualidade do serviço, pois reduz os riscos de prejuízo financeiro e de produtividade e de retrabalho”, aponta.

 

Gisele Studart, diretora da Studart RH, diz que a desorganização tem cura mas precisa de esforço(Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Gisele Studart, diretora da Studart RH, diz que a desorganização tem cura mas precisa de esforço

Gisele ressalta que sem a estratégia dos pares complementares, a desorganização vai sim ser um empecilho no dia a dia. “A pessoa desorganizada às vezes sai mais cara porque ela trabalha duas vezes, perde material e tem que fazer o serviço de novo. Porém, se a empresa identificar carência de pessoas organizadas em seu quadro, ela pode oferecer seminários para trabalhar a competência da organização. A organização em cada um é melhorada com treino, não é com mágica”, indica. É importante esclarecer que apesar de ter algumas exceções, uma pessoa que é desorganizada e não trabalha pra ter uma mudança provavelmente vai ter dificuldades na vida porque ela causa prejuízos e retrabalho. Ou seja, o preconceito que a palavra carrega é real e justo”, conclui.

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