Lançado no final do ano de 2021, o Telescópio Espacial James Webb (JW) marcou — e segue, depois de um ano, marcando — a revolução da ciência, tecnologia, astronomia e exploração espacial no globo — e fora dele. A alta sensibilidade permite que o equipamento detecte galáxias, buracos negros, cosmos, estrelas, e exoplanetas a anos luz da Terra, além de objetos espaciais frios e escuros, de forma profunda e nítida. Tudo isso é graças ao espectro infravermelho, principal recurso que o diferencia de seu antecessor, o telescópio Hubble, lançado em 1990.
Romário Fernandes, professor de astronomia do Colégio Militar do Corpo de Bombeiros e colunista do O POVO+, distingue a singularidade de Webb em dois fundamentos. O primeiro diz respeito à precisão da informação. "Quando se trata de telescópio, quanto mais luz se capta, mais informação se obtém. O diâmetro da boca do telescópio viabiliza que ele capture mais de seis vezes a luminosidade, ao ser comparado com o Hubble. Isso faz uma diferença enorme”.
Já o segundo é que Hubble destina-se especialmente às observações no espectro visível e no ultravioleta, que são as ondas eletromagnéticas mais curtas do que a luz que a gente vê. Enquanto o James Webb enxerga melhor no infravermelho, que são as ondas eletromagnéticas mais longas do que a luz visível.
Ele afirma que esta busca é essencial para compreender e aproximar a população sobre o "início de tudo". “Nos permite chegar perto do princípio do universo, com toda a complexidade que são momentos como esses. Não somente isto, mas existem várias outras gamas de áreas que podem ser exploradas com o James Webb”, revela. Quanto mais distante uma imagem, mais antiga ela é. Uma foto tirada hoje de algo a um ano luz da Terra retrata algo que ocorreu há um ano.
O professor de astronomia e colaborador da Seara da Ciência da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ednardo Rodrigues, explica que “as imagens do JW nos proporcionaram observar estrelas ocultadas pela poeira interestelar. Ele (James Webb) possui vários apetrechos que permitem identificar elementos químicos nas superfícies dos exoplanetas. Suas imagens de pontos distantes também nos mostram como eram as primeiras galáxias do universo”.
Para o profissional, com o advento da invenção, a humanidade está cada vez mais próxima de encontrar, após longos anos de procura, vida alienígena. “Ele possui vários equipamentos que permitem identificar elementos químicos nas superfícies de exoplanetas. Assim, procuramos por bioassinaturas de gases que podem ser emitidos por vida alienígena. Alguns gases já foram identificados, como o oxigênio e enxofre”, revelou.
Projetado em 1996, e lançado somente 25 anos depois, o Webb é aposta da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) que busca solucionar questionamentos presentes desde o surgimento do Big Bang. Após cerca de um ano em órbita, o telescópio já surpreendeu cientistas, e entusiastas do tema, ao revelar desvendar grandes mistérios do universo.