Debruçar-se sobre os feminicídios registrados em Fortaleza em 2022 é deparar-se com histórias cujos roteiros se repetem. No ano passado, na Capital, na prática, ocorreu em média um crimes identificado pelos órgãos de segurança como feminicídio a cada mês.
São casos em que, na maioria das vezes, já eram marcados por violência anterior por parte de namorados, maridos ou companheiros. Como pretexto para as agressões fatais, discussões causadas pelo sentimento de posse — ou ciúme, como os agressores preferem falar — ou então inconformidade com o fim do relacionamento. Outro elemento comum a muitos dos casos é o uso abusivo de drogas, em sua maioria, álcool.
No ano passado, 272 mulheres foram assassinadas no Ceará. Desse total, 28 casos foram classificados como feminicídios pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS). Em Fortaleza, ocorreram oito desses casos, conforme a Pasta.
Levantamento do O POVO, porém, apurou a existência de mais três casos em que, após a investigação, o Ministério Público Estadual (MPCE) apontou a ocorrência de feminicídio no crime: os assassinatos de Zélia Maria Barbosa, Maria Jocélia Brito e Maria Osana de Oliveira. Há também um caso, o de Ingridh Nohana Carvalho Melo, em que, na denúncia, o MPCE não acompanhou a acusação de feminicídio feita pela Polícia Civil.
Em todos os casos registrados no levantamento houve a identificação do autor do crime. Sete suspeitos foram presos, mas apenas um foi condenado. Nos outro quatro casos, os acusados morreram. Neste ano, 67 mulheres foram mortas no Estado até o último dia 9 de abril. A SSPDS identificou 11 desses casos como feminicídio.
"Calendário do Feminicídio" faz parte de um especial de O POVO que fará um raio-x dos 850 homicídios ocorridos em 2022 em Fortaleza. Nas próximas semanas, um levantamento exclusivo detalhará aspectos como as motivações mais comuns para os homicídios e o estado de cada uma das investigações abertas para apurar esses crimes. Clique aqui para ver a edição de 2021 do levantamento.