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Novidade olímpica para 2024, kitesurfe atrai atletas e competições para o litoral cearense
Reportagem Especial

Novidade olímpica para 2024, kitesurfe atrai atletas e competições para o litoral cearense

Região no litoral Oeste do Ceará vive momento de crescente de turismo e investimentos impulsionados pelo Aeroporto de Jericoacoara e pelo esporte

Novidade olímpica para 2024, kitesurfe atrai atletas e competições para o litoral cearense

Região no litoral Oeste do Ceará vive momento de crescente de turismo e investimentos impulsionados pelo Aeroporto de Jericoacoara e pelo esporte
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No litoral cearense, avistar pipas de kitesurfe no céu é cena rotineira. Além de ser uma das potências do esporte, o Estado tem um local buscado por atletas de todo o mundo, uma espécie de meca: a Praia do Preá, em Cruz, município no litoral Oeste do Ceará, próximo a Jericoacoara. E a tendência é que isso se intensifique, já que a modalidade estará nas Olimpíadas pela primeira vez em 2024, em Paris.

Praia do Preá é polo mundial de kitesurfe(Foto: Nicolas Leiva/Divulgação)
Foto: Nicolas Leiva/Divulgação Praia do Preá é polo mundial de kitesurfe

A vela terá duas novas classes nos Jogos Olímpicos: iQFoil e Fórmula Kite. A mudança evidencia a tentativa do Comitê Olímpico Internacional (COI) de atrair um público mais jovem aos Jogos. As provas serão na Marina Roucas-Blanc, em Marselha, cidade francesa a mais de 770 km da capital e acostumada a ser sede de competições internacionais da modalidade. O Brasil tem atletas de destaque — inclusive cearenses ou radicados no Estado — e estará representado na competição.

 

 

Por que a praia do Preá se transformou na queridinha dos adeptos do kitesurfe

O Preá é elogiado pelos apaixonados pelo esporte em razão dos fortes ventos na maior parte do ano e da temperatura da água. O local também se moldou à realidade, uma vez que o turismo na região foi impulsionado nos últimos anos: não faltam opções de escolas de kitesurfe — para iniciantes e já praticantes — e guarderias de equipamentos.

Yrwana Albuquerque, secretária de Turismo do Ceará, em apresentação do Grupo Carnaúba na Praia do Preá(Foto: Nicolas Leiva/Divulgação)
Foto: Nicolas Leiva/Divulgação Yrwana Albuquerque, secretária de Turismo do Ceará, em apresentação do Grupo Carnaúba na Praia do Preá

"Sabemos das nossas belezas na extensão do nosso litoral. Há um tempinho, a gente só utilizava para o surfe, só tinha surfe no nosso Ceará. Agora entrou o kite com a economia, fazendo com que a gente tenha novos destinos", destacou Yrwana Albuquerque, secretária de Turismo do Estado. "O aeroporto, nós somos o terceiro mais buscado para o mês de julho, que é a nossa alta estação, e a gente tende a ter esse crescimento até o final do ano, com o principal impulsionador o kitesurfe", completou.

 

 

Região atraiu interesse de investidores imobiliários

Com as belezas naturais e a movimentação intensa de turistas, o Preá também virou região cobiçada para investimentos e novos empreendimentos. Fundador da XP, no início deste século, o empresário carioca Julio Capua criou o Grupo Carnaúba e pretende revolucionar aquele pedaço do litoral do Ceará, mas em realidade diferente à vizinha Jericoacoara.

O projeto prevê a construção da Vila Carnaúba, um condomínio de casas de alto padrão e que também terá um hotel seis estrelas, e do Carnaúba Wind House, que se aproxima mais do conceito de casas de praia — ou beach club, como é chamado no mercado. Os valores para aquisição partem de meio milhão de reais e chegam até a R$ 8 milhões, a depender do empreendimento, localização, tamanho e outros fatores.

Apesar das cifras envolvidas, a ideia é evitar que a comunidade do Preá fique marginalizada ou que a desigualdade social seja escancarada. O projeto do Carnaúba de fato engloba toda a cidade: o projeto, que precisará de cerca de 15 anos para execução total, engloba também construção de um bairro planejado, com casas, comércio e polo de lazer e esporte para os moradores.

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“A primeira intenção era apenas construir um condomínio de alto padrão, em uma praia que todos os amantes de kite do mundo querem estar, mas que carece de produtos imobiliários e hoteleiros de qualidade. Tudo isso sem perder a simplicidade e essência do lugar, do rústico e do pé na areia, mas com mais conforto, para quem gosta. Mas não bastava apenas desenvolver a praia. O entorno também precisa ser planejado e receber bons produtos imobiliários para atrair pessoas que irão morar na região, atraídas pela oferta de emprego. Esse é o erro de muitos outros destinos de praia no Brasil — não se preocuparam com o entorno", destaca Capua, que é figura frequente no Preá.

No pontapé inicial do projeto em solo cearense, Julio curtia lua de mel e foi representado por três diretores do Grupo: Eduardo Juaçaba, do Jurídico e Relações Governamentais; Alexia Bergallo, de Produto e Impacto; e Mariana Bokel, responsável pela Comunicação. O trio também já se acostumou ao trajeto do Rio de Janeiro ao Preá para tocar os negócios in loco.

Eduardo, que tem raízes cearenses, e Alexia já se encantaram pelos esportes de vento e mar e se aventuram no kitesurfe e windsurfe. Mariana aproveitou a viagem para uma aula experimental de kite. Entre reuniões, apresentações e chamadas de vídeo, cair na água é quase uma terapia e a forma mais próxima de se conectar à região.

A intenção é que os moradores e hóspedes dos dois empreendimentos também vivam essa experiência. Esta missão caberá a Alexandre Rolim Ribeiro, o Mosquito, dono do Rancho do Kite e sócio do Carnaúba Wind House. Mosquito foi o pioneiro do kitesurfe na Praia do Preá, há mais de duas décadas, e hoje é dono de umas das principais escolas do mundo.

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"Antigamente era o fim do mundo, hoje é o olho do mundo. Todo mundo quer estar na Praia do Preá, está na boca do Brasil e do mundo todo", relembra, com bom humor.

"Nós viemos para cá a convite de uma americana que queria desenvolver o kitesurfe aqui na Praia do Preá. O acesso aos equipamentos e ao ensino era muito pouco, tanto aqui na região como no mundo todo. Quem sabia não gostava de ensinar e quem tinha não gostava de vender. A gente foi atrás dos equipamentos, e a americana nos convidou para montar a escola do zero. Trouxemos um instrutor francês para ensinar a gente a ser professor. A gente trouxe um professor de universidade para profissionalizar a gente e ensinar outras pessoas a velejarem", destaca Mosquito, reforçando que quase todos os professores da sua equipe são nascidos no Preá.

A melhor do mundo é cearense

Dentre os principais nomes do esporte no Brasil e no mundo está a jovem cearense Mikaili Sol. A atleta ficou em primeiro lugar em quatro anos consecutivos em campeonatos mundiais Júnior, nos anos de 2015, 2016, 2017 e 2018. Foi em 2015 que Mika conseguiu seu primeiro título de campeã no Jr. Kiteboarding World Cup Under, realizado na Espanha, repetindo o feito em 2016 neste mesmo país e na França.

Em 2017, foram mais três primeiros lugares, respectivamente na Espanha (Kiteboarding World Cup Under) e França (Jr. KIteboarding World – Kiteboarding Championship Under 19). Ainda no ano de 2017, Mika ficou em primeiro lugar no WKL Trials World, no Egito, e em segundo lugar no geral do evento, garantindo sua entrada para o tour, mas ficando impossibilitada devido sua idade, apenas 12 anos.

Os títulos tiveram sequência em 2018, com os primeiros lugares no GKA Airgames, na Espanha, na República Dominicana e na Alemanha com 13 anos. O pódio também foi dela na Turquia, em Marrocos e no Brasil durante as competições do GKA Freestyle neste mesmo ano. Ainda em 2018, Mika conquistou seus dois primeiros títulos mundiais num único ano (GKA Airgames World Title e GKA Freestyle World Tour).

Já em 2019, Mika foi campeã cinco vezes (Kitesurf Strapless / Wave World Tour, no Brasil; GKA Freestyle / Big Air World Tour, em Gran Canaria; GKA Freestyle / Big Air World Tour, em Bel Ombre; GKA Freestyle / Big Air World Tour, no Marrocos; e GKA Freestyle / Big Air World Tour, no Brasil. Ficou em segundo lugar no GKA Freestyle / Big Air World Tour, na França; e terceiro lugar no GKA Freestyle / Big Air World Tour, na Espanha.

Por conta da pandemia da covid-19, em 2020 foram realizadas apenas quatro competições. Mikaili Sol ficou com o primeiro lugar no GKA Freestyle Distance Battle (Virtual) e GKA Freestyle World Tour Event, no Brasil. Também obteve o segundo lugar no GKA Strapless Distance Battle (Virtual) e o quarto lugar no GKA Wave World Tour, em Cabo Verde, que ela participou em 2021, ano em que a atleta ganhou o seu quarto título mundial, no GKA Freestyle / Big Air World Tour, ela também foi primeiro lugar no GKA Freestyle / Big Air World Tour, na Espanha; e no GKA Freestyle / Big Air World Tour, no Brasil.

Entre os inúmeros títulos que Mikaili Sol continua colecionando, cabe destacar o seu sexto título mundial no GKA World Cup 2022 que a atleta conquistou no seu país de origem. Foi em novembro do ano passado, na praia da Taíba, em São Gonçalo do Amarante, no Ceará. Por sinal, depois da etapa neste ano por aqui, a expectativa é grande para ela erguer o troféu do seu octacampeonato mundial no Catar, em dezembro.

As últimas etapas do circuito GKA Kite World 2023 acontecerão em Dunkerque (França), entre 16 e 20 de agosto; Taíba (Ceará, Brasil), de 7 a 11 de novembro; e Fuwairit (Catar), do dia 5 a 9 de dezembro. Mikaili Sol desponta até agora no primeiro lugar do ranking feminino da GKA Kite World Tour (Freestyle), com 1.960 pontos. Na modalidade Big Air Twintip, o primeiro lugar no ranking é também da cearense de dupla nacionalidade, já que sua mãe é norte-americana. Aqui, ela já soma 1000 pontos e são três vitórias (em todas as competições já realizadas).

O repórter viajou a convite do Grupo Carnaúba

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