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Da Amazônia ao Sertão em chamas: entre o costume das queimadas e o terrorismo climático
Reportagem Seriada

Da Amazônia ao Sertão em chamas: entre o costume das queimadas e o terrorismo climático

Queimadas são um hábito na agricultura e no agronegócio brasileiros. Foram agravadas pelo aquecimento global, e intensificadas com o fogo criminoso
Episódio 2

Da Amazônia ao Sertão em chamas: entre o costume das queimadas e o terrorismo climático

Queimadas são um hábito na agricultura e no agronegócio brasileiros. Foram agravadas pelo aquecimento global, e intensificadas com o fogo criminoso
Episódio 2
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O brigadista lida com chamas, mas a sensação é de estar no mar, à deriva. O fogo se espalha em uma velocidade gigantesca e, parado no meio da floresta Amazônica, Marcos Jesus é um pontinho amarelo, no meio de árvores de todos os portes, antes verdes, agora carbonizadas. Há dois anos, ele integra a brigada do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, no Pará, e sonha com o dia no qual possa ver a mesma floresta a qual se recorda da infância e que não mais existe.

Próximo daquele local, horas antes, alguém esteve ali e ateou fogo na mata. Da mesma forma, desta vez na Caatinga, outra pessoa fez o mesmo. No Pantanal, a mesma coisa. Ao todo, apenas no dia 10 de outubro foram 2.915 focos de calor no Brasil, que podem indicar uma ou várias, pequenas ou grandes queimadas. Dados são da plataforma BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe).

As queimadas são um hábito na agricultura e no agronegócio brasileiros, mesmo com outras possibilidades de limpeza do solo. Nos últimos anos foram agravadas pelo aquecimento global, e intensificadas com o fogo criminoso. O Governo corre para remediar, mas os efeitos do fogo são sentidos pelo Brasil inteiro.

 

Vídeo enviado por Marcos Jesus, no trabalho como brigadista

 

 

Uma floresta em chamas

Marcos Jesus mora na região de Santarém-PA e disse ter entrado na brigada devido às mudanças no clima e o aumento das queimadas, que extinguiam aos poucos a floresta na qual ele nasceu e foi criado. Foi a forma que encontrou de colaborar com “o rio, a mata e natureza”.

O fogo, explica, é identificado via satélite e, assim, uma equipe de sete pessoas se encaminha ao local. “Quando chegamos perto, pegamos uma distância e fazemos a linha de controle. É um aceiro. Fazemos um monitoramento para que o fogo chegue até o aceiro e a gente possa controlar”, diz.

O trabalho geralmente é bem-sucedido, especialmente se o fogo for menos intenso, se não houver muito vento ou calor. Ao fim do dia ou pela manhã também são períodos “mais tranquilos” para o controle das chamas. Caso as condições sejam agravantes e as técnicas não funcionem, os brigadistas fazem outro aceiro, tentam novamente. Em alguns casos funciona, em outros não.

Brigadista Marcos Jesus mora na Região de Santarém no Pará(Foto: Arquivo Pessoal/Marcos Jesus)
Foto: Arquivo Pessoal/Marcos Jesus Brigadista Marcos Jesus mora na Região de Santarém no Pará

Conforme o episódio 1 desta série de reportagens, praticamente todas as queimadas hoje são provocadas por interferência humana. Um outro motivo seriam os fogos naturais, por raios, o que não é o caso no Brasil. Nos últimos anos, o alastramento deste fogo antrópico foi estimulado por um cenário de secas, provocadas pelas mudanças climáticas.

Érika Berenguer, especialista em fogos na Amazônia, explica que, na floresta, os primeiros trabalhos com fogo tiveram início no fim da década de 1980, com um aumento em 1997 e 1998, devido ao clima seco. A pouca familiaridade da floresta com as chamas torna as características deste fogo pouco conhecidas: não se sabe do início, da altura das chamas, do alastramento. Érika, então, observa de perto.

“É bem complicado porque você está na frente do fogo. Há desidratação. Para você ter ideia, em uma equipe de cinco pessoas, por hora, a gente consumia 5 litros de água. Também respiramos muita fumaça, mesmo com balaclava e proteção. Então, imagina quem está na linha de frente quem tá na frente como um brigadista? Está respirando ali toda fumaça”.

Especialista em fogos na Amazônia, Érika Berenguer, estuda as queimadas na linha de frente(Foto: Arquivo Pessoal/Érika Berenguer)
Foto: Arquivo Pessoal/Érika Berenguer Especialista em fogos na Amazônia, Érika Berenguer, estuda as queimadas na linha de frente

Ela explica que o fogo pode provocar impactos tanto a curto, médio e a longo prazo na floresta. De imediato, há uma mortalidade de 50% das árvores grandes, que não têm familiaridade com o fogo. Cada uma destas árvores pode soltar de 10 a 15 toneladas de carbono, que viram CO² na atmosfera.

Há ainda a perda da biodiversidade. Ao mesmo tempo que espécies nativas e únicas do bioma amazônico são destruídas, espécies pioneiras, que se desenvolvem mais facilmente em áreas degradadas, crescem no terreno baldio, modificando a paisagem e, em consequência, o clima mundial.

“A longo prazo, alguns dados nossos mostram que mesmo 30 anos depois do fogo a floresta não se recuperou, quando comparada com uma área intacta.”

 

 

Quem e por que colocam fogo na mata?

“É uma prática cultural da humanidade”, comenta Isabel Schmidt, sobre queimadas no setor agropecuário brasileiro. A professora na Universidade de Brasília (UnB) estuda a ecologia do fogo, que analisa o papel do fogo nas vegetações naturais e ecossistemas: como flora e fauna reagem e se adaptam às chamas.

Estudos sobre proteção ambiental e impactos das chamas apontam para essa constatação de predominância do fogo. Desde o início dos tempos, as queimadas foram as principais formas de modificação da paisagem pelo ser humano, algo que persistiu mesmo com avanços industriais e tecnológicos.

No Brasil, há registros da prática de queimadas no período pré-colonial. Indígenas Kayapó e Xavante se utilizavam do fogo para limpeza e fertilização do terreno, ainda que de forma controlada. A agricultura colonial de exportação intensificou o uso intensivo de queimadas, para além da subsistência. 

Passando pelos ciclos do pau-brasil, da cana-de-açúcar, do café, da borracha, da soja, as queimadas seguiram como o principal método de preparo da terra para o plantio e a criação de gado. De 1985 a 2023, levatamento do MapBiomas apontou que 23% do país já queimou. Somente Cerrado e a Amazônia, juntos, concentraram cerca de 86% desta área queimada.

Um simples passeio pelo território nacional comprova a predominância excessiva das técnicas de manejo de fogo. Da Amazônia ao Sertão, em trajetos com grande presença de vegetação e pouca urbanização, a chance de um ponto de queimadas ser visto é alta.

Em viagem para o interior, repórter do O POVO, Catalina Leite e o fotógrafo, Samuel Setubal, captaram práticas de queimadas(Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Em viagem para o interior, repórter do O POVO, Catalina Leite e o fotógrafo, Samuel Setubal, captaram práticas de queimadas

Segundo Isabel, a agricultura tradicional e em larga escala se utiliza do fogo como forma de queima controlada da roça, para limpeza e preparo do solo antes do plantio. No entanto, as queimas não seriam em larga escala. “Têm técnicas, têm épocas de fazer isso e muito raramente sai do controle. A produção agrícola não está mais tão associada ao fogo nesta escala”, explica.

A pecuária está mais relacionada a grandes áreas queimadas, usadas como forma de renovar o pasto. No entanto, a professora defende que, mesmo neste caso, o uso é controlado. “Ainda que prejudicial, eu entendo o seguinte: quem faz o uso produtivo do fogo faz suas atividades produtivas com cuidado e muito raramente perde o controle”, diz ela.

“Esse tipo de incêndio fora do controle que queima, às vezes, por semanas, em geral são feitos com muito pouco cuidado. Se ele foi feito por uma atividade produtiva, ele foi feito com alguém que não sabe o que tá fazendo com alguma coisa não vai ajudar a atividade produtiva nenhuma, né?”, completa.

Não há controle no Brasil. O País ocupa o terceiro lugar, a nível mundial, em focos de fogo, segundo levantamento do programa BDQueimadas. Foram 210.208 focos de 1º de janeiro a 30 de setembro de 2024. Na frente, estão apenas a República Democrática do Congo e Angola.

 

Dez países com mais focos de calor em 2024

 

Isabel atribui esse desempenho às dimensões continentais brasileiras e, principalmente, ao alto índice de desmatamento. A degradação da vegetação a torna mais sensível às chamas, algo que afeta tanto biomas já acostumados com fogos naturais, como Cerrado, Pantanal e Pampa, quanto os “desacostumados”: Amazônia, Caatinga e Mata Atlântica.

De fato, o Brasil lidera no número absoluto de desmatamentos, segundo relatório do Forest Declaration Assessment, correspondente à 2023. Fica atrás apenas da Bolívia, cujo território inclui o bioma Amazônico, e da Indonésia.

 

Dez países que mais desmataram em 2023

 

As duas coisas estariam relacionadas: o desmatamento provoca incêndios e vice-versa. Assim, Isabel Schmidt estima que essa seja uma das razões para o alto índice de fogos em larga escala no Brasil este ano, já que a ampla destruição da mata pelas chamas, facilita o desmatamento dela.

As florestas degradadas influenciam ainda no alastramento do fogo que, a depender do ambiente, pode chegar a velocidades de até 30 km/h. Outros fatores como vegetação seca e inflamável também afetam na dimensão das chamas, tornando o trabalho de brigadistas como Marcos Jesus, “basicamente inviável”, segundo a visão de Isabel Schmidt. “É desumano você tentar correr atrás de uma coisa que está a 20 km/h”, diz ela.

Imagem de apoio ilustrativo: Região sofre com intensificação de queimadas desde o início de agosto(Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução Imagem de apoio ilustrativo: Região sofre com intensificação de queimadas desde o início de agosto

Sobre a Amazônia, Érika Berenguer também relaciona as grandes queimadas à atividade agropecuária, por meio do fogo de desmatamento e para manejo das pastagens. Após a derrubada da floresta, os troncos são deixados ao chão para secar, facilitando a queima.

Nas pastagens, é comum o crescimento de pequenas árvores nas áreas. “De tempos em tempos o pecuarista queima a pastagem para plantar campim”, diz Érika. Em anos de seca extrema, independente do porquê foi iniciado, o fogo escapa da área utilizada e atinge adjacências.

Os motivos intrigam as especialistas. “A questão é que não é uma atividade produtiva muito inteligente”, acrescenta Isabel, pensativa. Os impactos do fogo, explica, causam prejuízo tanto para o dono da terra, quanto para a população em volta e, em certos biomas, devido à fumaça, para partes do Brasil e do Mundo. Provocam impactos irreversíveis na flora, afetam os animais e a saúde da população.

“Eles não prestam serviço, só geram caos. Então, quem está provocando? Isso é uma pergunta para o Judiciário brasileiro: a quem isso interessa?”, questiona a professora.

 

 

O que o Poder Público está fazendo para conter os focos de fogo?

Em meio ao alastramento do fogo e da fumaça pelo céu do Brasil no mês de setembro, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva concedeu uma coletiva, na qual elencou a atual situação climática brasileira como de “terrorismo climático”.

No sentido denotativo, a palavra se refere à ameaça do uso da violência a fim de intimidar uma população ou governo, gerada por razões ideológicas ou políticas. Ao modo de impor a vontade de um grupo pelo uso sistemático do terror. A uma atitude de intolerância e de intimidação adotada pelos defensores de um ideal.

Marina relatou ter recebido relatos de brigadistas de Rondônia recebidos à bala por “criminosos”. Os profissionais haviam sido enviados para atender um pedido de socorro do povo indígena Suruí, na mesma região. Foi preciso recorrer à Força Nacional de Segurança.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que a Venezuela não vive sob um regime democrático(Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que a Venezuela não vive sob um regime democrático

Segundo ela, qualquer incêndio no Brasil hoje é criminoso, tendo em vista a proibição do uso de fogo à nível federal e em todos os estados. “Quando você tem uma situação em que sabe que colocar fogo é como se estivesse acionando um barril ou um paiol de pólvora, isso é uma intenção criminosa”, disse.

A fala da ministra vai em conformidade com a opinião dos brasileiros, de acordo com um estudo realizado pelo Senado Federal e divulgado em 7 de outubro deste ano. Um percentual de 59% dos entrevistados atrelou os incêndios florestais a ações criminosas, realizadas para "promover a desordem".

O levantamento ainda revelou que quase a totalidade da população (97%) considera os incêndios ocorridos "muito graves".

 

Estudo do Senado Federal revela opinião da população sobre os incêndios no Brasil

 

A primeira legislação que diz respeito ao fogo antrópico é o Código Florestal, de 1967. Ela proíbe o uso do fogo nas florestas e limita o uso para queimadas controladas. Nos anos 1980, foi criado o Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), substituído em 1998, pelo Decreto 2.661. A medida estabeleceu novas normas para o emprego do fogo na agropecuária.

A regulamentação recebeu diversas alterações, mas não atenuou os focos. Como reação, apenas no Governo Lula, foi aprovada a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, que, diferente das demais, não apenas estabelece diretrizes, mas visa a substituição das queimadas por técnicas alternativas.

Queimadas podem acender sinal de emergência em São Paulo(Foto: MICHAEL DANTAS/AFP)
Foto: MICHAEL DANTAS/AFP Queimadas podem acender sinal de emergência em São Paulo

Em setembro último, foi aprovado crédito de R$514 milhões para combater as queimadas na Amazônia Legal. Desse total, R$ 150 milhões irão para as Forças Armadas e para a Força Nacional. O Governo ainda endureceu multas por incêndios ilegais. A penalidade será de R$ 10 mil por hectare ou fração; e de R$ 5 mil em florestas cultivadas.

A Polícia Federal (PF) instaurou, até o momento, 101 inquéritos para apurar os incêndios florestais criminosos. As ações ocorrem de maneira coordenada com outros órgãos federais, forças policiais e governos estaduais, além de órgãos de fiscalização ambiental.

Questionadas, especialistas comentaram sobre se as medidas do Governo são suficientes ou não, tendo em vista o cenário climático atual. Isabel Schmidt e Érika Berenguer reforçam o aumento de medidas de prevenção e em uma mudança estrutural no setor agropecuário brasileiro. Confira as considerações de cada um. 

 

Confira as considerações das especialistas sobre as ações do Governo Federal 

 

Contatado, o Ministério da Agricultura enviou uma nota e focou nos impactos das estiagens sobre a produção agropecuária nacional. A pasta citou o acesso ao crédito do Plano Safra 2024/2025, com linhas de financiamento que visam a “fomentar ações dos produtores rurais para prevenção de incêndios e, em casos extremos, para a recuperação da produtividade afetada.”

Quanto à responsabilização, foram citados programas de investimento, como o Programa de Modernização da Agricultura e Conservação dos Recursos Naturais (ModerAgro), para a recuperação de solos, e o Programa de Financiamento a Sistemas de Produção Agropecuária Sustentável (RenovAgro ), para recuperação e conversão de pastagens degradadas, a implementação e melhoria de sistemas de plantio direto e a adoção de práticas conservacionistas de manejo e proteção dos recursos naturais, incluindo o solo.

 

 
Focos de calor mais que dobram no Ceará de 2022 a 2023

O Ceará está entre os dez estados com menos focos de calor, de janeiro a setembro de 2024. Foram 986 F, uma leve queda em comparação com igual período em 2023, quando foram registrados 1.183 F. O número, no entanto, é consideravelmente maior do que os 471 focos de 2022.

A Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) é o órgão responsável por executar a política ambiental do Ceará, por meio de ações de controle, monitoramento e fiscalização. A pasta justificou que “nem tudo que entra na estatística de focos de calor é foco real de incêndio, ou seja, em alguns casos são "falsos focos de calor", o que necessita de validação de campo por pessoas habilitadas para saber se o risco de incêndio é real ou se é apenas uma rocha super aquecida ou uma atividade industrial com alta intensidade calorífica.”

“Retirando os possíveis "falsos focos de calor" (como exemplo indústrias e campos de inselbergs), os reais e potenciais focos de calor estarão associados às condições naturais do território, de predominância de clima semiárido”, disse Leonardo Borralho, fiscal ambiental da Semace. Ele acrescentou que os focos também estão relacionados ao regime de uso e ocupação do solo (exemplo: práticas agrícolas inadequadas, limpeza urbana de terrenos e lixo com uso irregular do fogo).


Confira os focos de calor, por ano, no Ceará


O fiscal informou que a Semace atua na prevenção, através de ministração de capacitação com os municípios, orientação aos procedimentos de uso de fogo de forma controlada e legal e ao repassar os cuidados necessários nas atividades econômicas nesse período.

“Quando ocorrem sinistros de incêndios florestais e estes registrados formalmente, as denúncias viram ocorrências de campo e viram alvo de fiscalização da Semace para apuração da responsabilidade e estimativa de danos, podendo o infrator responder na esfera administrativa (1000 reais por hectare queimado), na esfera cível e até criminal.”

Sede da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) (Foto: Governo do Estado do Ceará/Semace/Divulgação)
Foto: Governo do Estado do Ceará/Semace/Divulgação Sede da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace)

O secretário executivo do Agronegócio, Silvio Carlos, relatou o aumento de índices de fogo nos meses finais do ano. No caso do agro, diz, os grandes incêndios ocorrem quando um produtor faz uma queimada sem devida noção e controle. “Mas isso são práticas do passado que alguns pequenos permanecem, mas hoje estão muito mais difundidas técnicas de manejo do fogo, como os aceiros”.

Segundo ele, a Secretaria Executiva discute com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) e com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), para capacitação de produtores rurais em relação a incêndios controlados e à formação de brigadistas.

 

 
A força dos jovens militantes na luta pelo meio ambiente

A frente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília, estava tomada por jovens ambientalistas no último dia 20 de setembro. Sob um céu repleto de fumaça e um sol escaldante eles realizaram o Ato Global pelo Clima, idealizado pelo movimento de ativistas ambientais Jovens pelo Clima, em parceria com atos internacionais como Fridays for Future.

Reivindicavam reforma agrária, justiça climática, além do combate ao “terrorismo climático” e ao Projeto de Lei n° 4379, de 2020, que altera os limites da Floresta Nacional de Brasília e da Reserva Biológica da Contagem, no Distrito Federal. Outro foco era o fim do “pacote da destruição”, nome dado a uma série de 28 propostas que tramitam no Congresso Nacional e ameaçam pautas socioambientais.

Jovens Pelo Clima realizou ato em frente ao Ministério da Agricultura(Foto: Reprodução/Instagram/@jovenspeloclimabsb)
Foto: Reprodução/Instagram/@jovenspeloclimabsb Jovens Pelo Clima realizou ato em frente ao Ministério da Agricultura

Dentre os presentes no ato estava Alanna Sousa, internacionalista e integrante do Jovens pelo Clima (JPC). Ela também é vinculada à Floresta Nacional de Brasília, como voluntária da sociedade, faz parte do grupo de trabalho de juventude da Frente Parlamentar Ambientalista e integra a Yougo, grupo constituinte de jovens, na Organização das Nações Unidas.

O JPC, diz Alanna, é dividido em grupos de trabalho, que envolvem desde atos como o realizado na embaixada, divulgação nas redes sociais até trabalho braçal, em apoio a grupos familiares que produzem alimentos sem agrotóxicos, de forma orgânica.

Atuando todos os dias como militante pelo clima, ela sentiu os efeitos das queimadas de forma emocional. Diz ter uma conexão com a Floresta Nacional e chorou quando soube dos incêndios criminosos que a atingiram. Junto disso, viu os moradores do Planalto serem incentivados a trabalhar remotamente, a utilizar máscaras, devido ao alto índice de fumaças. “A ansiedade climática, para nós ativistas socioambientais, é recorrente. Sofremos na pele”, disse.

Presidente Lula e Primeira-dama Janja sobrevoam queimadas em Parque Nacional de Brasília(Foto: instagram @Lula/reprodução )
Foto: instagram @Lula/reprodução Presidente Lula e Primeira-dama Janja sobrevoam queimadas em Parque Nacional de Brasília

Apesar disso, ela disse ter esperança. “Eu acredito que sim, é possível”, começa, sucinta. “A gente já viu muita coisa mudar, mas precisamos que esse movimento ele seja coletivo e urgente. Não só no Brasil, mas globalmente”, acrescenta.

Alanna defende que a divulgação pode atingir mais pessoas, que tendem a se conscientizar sobre a urgência do tema. “As pessoas têm que ter consciência do que está acontecendo de uma forma e evidente. Com embasamento científico, sem propagação de notícias falsas.”

“A precisa agir e precisa de rápido e todo mundo em conjunto. Acredito que também esse cenário tem sido bem real, ele pode bem acontecer. A gente tem visto muitas pessoas já se engajando na questão e já observando, falando. Podemos contribuir de alguma forma com isso eu vejo aqui pela minha cidade mesmo”, completou.

 

 

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