Em frente à Casa Branca, localizada em Washington D.C, nos Estados Unidos, Ciro Santos passeava com amigos enquanto conversava com O POVO sobre seus mais de 40 anos de carreira – 34 deles vividos no Ceará.
De férias na capital norte-americana, o humorista famoso pela personagem Virgínia Del Fuego, dona do bordão “Titia te ama amor!”, também aproveitou para levar a comédia cearense para o tio Sam, com passagens por Nova Iorque e Orlando.
Nascido em Botafogo, na capital do Rio de Janeiro, Ciro Santos ganhou o título de Cidadão de Fortaleza em sessão solene da Câmara Municipal, em 2020. O carioca está na Cidade desde o início dos anos 1990, quando veio passar férias a convite do amigo Paulo Diógenes, a Raimundinha, que faleceu em fevereiro passado.
Com a perda do parceiro de cena, que era considerado um irmão, Santos decidiu tirar um tempo para si e descansar um pouco longe da rotina aqui em Fortaleza.
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Em 2023, a dupla que protagonizava o show “Caviar com Rapadura”, se reconciliava após um período de distância. A intenção de retomar o contato trouxe de volta a apresentação, com foco de abordar como as duas personagens, Virgínia Del Fuego e Raimundinha, 30 anos depois.
O POVO: A que você atribui, da sua infância, os elementos e referências que incorpora até hoje em suas apresentações?
Ciro Santos: Assisti mais de dez vezes, eu lembro da minha infância tipo, com 10, 11, 12 anos, o filme “A Noviça Rebelde” (1965). E aí foi quando eu e minha prima resolvemos aos 14 anos montar a peça de “A Noviça Rebelde”. Porém, aos 17 anos, já no colégio, tinha teatro e comecei a fazer as aulas.
Então, eu sempre fui metido com arte, qualquer tipo de arte e “A Noviça Rebelde” me influencia até hoje. Tanto que eu montei um número há dez anos, mais ou menos, e sou eu manipulando cinco bonecos com a Virgínia Del Fuego. Antes disso, fomos gravar “Os Trapalhões” com a música “Dó Ré Mi”, que é a música tema do filme. O Renato (Aragão) ficou tão louco pelo número e nos chamou para fazer o “Criança Esperança” (em meados da década de 1990), que foi um dos momentos mais marcantes da minha carreira.
OP: Antes disso, como aconteceu essa decisão pelos palcos de modo profissional?
Ciro: Com 17 anos, ainda na escola, quase terminando o segundo grau (terceiro ano no atual Ensino Médio). Estava participando de um grupo de teatro lá, e aí com 18 em uma brincadeira caseira, os amigos resolveram fazer personagens mais femininos e eu fiz uma.
Me jogaram numa boate, tinha um concurso numa boate famosa na época chamada Boêmio Cabaré, se você pesquisar Laura De Vison era um professor chamado Norberto Chucri David, que trabalhava na noite, tinha um corpo escultural e tal.
E eu participei desse festival realizado por ele e ganhei fazendo uma personagem feminina Chamava “Sucesso aqui vou eu”, que também usei agora no “Caviar com Rapadura” 30 anos depois. Só que quem estava na plateia caçando talento nessa época era Berta Loran, a humorista. Me viu e falou para a produtora “Eu quero esse rapaz aí”, me chamaram para um teste.
Isso com 19, 20 anos. Passei por um teste para o espetáculo profissional no Teatro Brigitte Blair, em Copacabana, com direção de Berta Loran, onde eu trabalhava como ator, bailarino e um número especial de mulher com fantoches, que rendeu o “Oscar Brasileiro” (prêmio da época que honrava artistas tanto do teatro quanto da televisão), em 1982. Quando eu fazia esse dueto, eu era o único no Brasil. Agora já tem mais pessoas fazendo.
Fiquei seis meses em cartaz com esse projeto. Depois, um outro diretor, o Carlos Nóbrega foi assistir e me jogou para o Teatro Rival, famoso, que fica na Cinelândia. Fiquei mais seis meses em cartaz com “Eu vou na banguela delas” e aí eu não parei mais.
OP: E você sempre esteve presente só no teatro ou chegou a explorar outras linguagens artísticas?
Ciro: Eu sempre gostei de arte. Fiz patinação artística aos 19 anos em um grupo de 40 patinadores que se inspiravam no famoso “Holiday on Ice”, um espetáculo de patinação no gelo com músicas da Disney. Acontecia no Clube Flamengo, só que era patinação e eu comecei, um pouco tarde, porque eles eram patinadores que participavam de festivais, de concurso. Tinha campeões sul-americanos que começaram a patinar com sete anos de idade, mas mesmo assim eu fiz parte do show, onde tinha coreografia de patins e eu conseguia fazer. Então todo tipo de arte, eu sempre gostei, entendeu? Depois disso, fui fazer concurso para o Banco do Brasil, porque minha família toda trabalhou lá. Passei e me tornei funcionário do banco, mas a arte sempre estava grudada comigo, eu nunca deixei de fazer arte.
OP: Seus pais sempre apoiaram sua relação com a arte? Como foi a reação da família quando você decidiu se tornar humorista?
Ciro: Todos eram meus fãs, todos começaram a ir ao teatro me ver. Menos o meu pai. Ele teve uma certa resistência quando descobriu que eu estava interpretando uma mulher, quando eu recebi o Oscar Brasileiro, em 1982. Nessa época, eu estava casado com uma moça que conheci na produção do Teatro Rival, mas, mesmo assim, o meu pai não queria ir ver as peças. Depois que ele viu que eu recebi o prêmio e as pessoas ficavam incentivando ele a ir me ver, diziam que eu era talentoso e engraçado, ele começou a me assistir. Todo mundo do Banco do Brasil adorava ir ver meus shows, até que fui convidado para vir para o Ceará, através do Paulo Diógenes, que me conheceu por meio dos espetáculos e nós tínhamos um amigo em comum.
Ele passa a frequentar minha casa, passava finais de semana na minha casa e só voltava domingo. Quando ele vem para o Ceará e me chama, falei que só ia passar 15 dias de férias. E ele disse: “Vem para cá e traz uma roupinha”, então levei. E a gente monta o “Caviar com Rapadura”, e nessa época, em 1989, estava começando o movimento de humor no Estado. Rossicléa, Meirinha, Falcão, Tom Cavalcante em um bar que costumávamos fazer show, Tiririca chegou do interior de Itapipoca e se juntou a nós. Então, começamos a fazer show na casa do Tasso Jereissati, de outros famosos e eu questionava ele: “Paulo, o que é isso?”, deslumbrado.
O “Caviar com Rapadura” começa a ficar famoso, por quê? Dois homens em 1989 para 1990, vestidos de mulher, numa temática super engraçada que era briga do brega e do chique, começa a fazer graça e sucesso com a transformação dos dois.
De lá para cá, foram 8 anos trabalhando juntos, 5 de “Caviar com Rapadura”. Depois cada um seguiu carreira solo. Paulo entrou na política, trabalhei junto com ele nessa época, depois saí porque tive uma certa briga com ele por conta de política. Ficamos seis anos sem nos falar.
OP: E o que promoveu essa reconciliação?
Ciro: quando chega ano passado,começo de 2023, Paulo liga para Aurineide Camurupim (Luiz Antônio Costa dos Santos) dizendo “Eu queria falar com o Ciro, estou precisando falar com o Ciro”.
Ele estava morando em Mulungu, fazendo gestão cultural Mulungu. A Aurineide me passou o recado e eu disse “Claro, vou falar”, porque a gente chega numa idade que não tem mais o que guardar mágoa de nada. Paulo chega me pedindo desculpa, perdão em relação ao que tinha acontecido, dizendo que ele era uma outra pessoa, que ele tinha refletido muito enquanto estava na serra. Ele fala: “Você sabe que era para ser meu melhor amigo, um irmão. Nós moramos juntos”. Então, Paulo me chama para fazer um espetáculo pequeno sobre a vida da Raimundinha e eu topei, com a seguinte condição: fazer o “Caviar com Rapadura 30 Anos Depois ”.
Ele topou e perguntou onde seria, aí eu disse: “no Teatro Riomar”. Ele rebateu: “Não, você tá maluco? Trinta anos depois, ninguém vai...”. Eu falei: “Deixa comigo, só se preocupe em montar o texto e fazer o que você sabe fazer de melhor. O resto está com a minha produtora”. Eu já tinha uma produtora na época, a Acesso Produções. Já estava em dois shoppings com o “Ciro Santos Convida”. Na época, oito anos no RioMar Fortaleza e sete anos no RioMar Kennedy.
A minha produtora estava bombando e nós fizemos o “Caviar (com Rapadura)”, super escândalo em 29 de outubro de 2023. Um espetáculo primoroso com técnicas atuais, mas com lembranças afetivas do começo. Nós lembrávamos desde a época que a Virgínia chegou em Fortaleza, que ela chegou de casaco de pele, tinha um telão onde aparecia o aeroporto Pinto Martins, lembrava das lojas, falava das lojas. Foi incrível, porque o teatro estava cheio, com mil pessoas. Ciro Gomes na terceira fileira, quando a Raimundinha diz: “Ah, meu nome agora vai ser Raimundinha Jereissati Gomes", aí que começou, enfim. Foi uma coisa incrível com bailarinos. A gente contava história até 30 anos depois, como estaria o espetáculo agora. E aí, infelizmente, Paulo veio a falecer em fevereiro. Mas ele deixou um legado maravilhoso.
Acho que ele queria… Toda vez que eu falo me emociono, porque parecia que ele queria deixar um grande… (Ciro pausa um instante para enxugar as lágrimas). Porque a gente foi aplaudido de pé durante 5 minutos no final, o pessoal gritava, então, depois que passou, parecia que ele precisava disso para poder ir embora ou cansaço, eu não sei o que que era, mas ele tava já, talvez ele já soubesse e não foi se cuidar.
Mas então, a gente terminou o espetáculo, a carreira dele, uma grande glória, um grande espetáculo. Foi o último espetáculo que ele fez, foi o “Caviar com Rapadura 30 Anos Depois”. Depois, vida que segue, várias pessoas já queriam mais da peça. Caiu tudo porque não tem como substituir. Qualquer ator pode ser substituído. Mas não nesse caso porque o “Caviar com Rapadura” é a Raimundinha e a Virgínia. Então, a gente partiu agora para outras coisas.
OP: Por que a política afastou você do Paulo?
Ciro: A política é muito complicada e de repente não foi só eu. Eu e Lailtinho trabalhávamos com o Paulo e preferimos nos afastar para que o tempo desse o tempo dele. Assim como aconteceu, o próprio Paulo viu que errou em algumas questões e não devia ter me deixado de lado quando eu era irmão dele, como ele afirmava. Mas o Paulo não entendia porque eu era mais festivo e sociável, enquanto ele preferia ficar mais na dele. Então, quando ele volta de Mulungu já com uma outra perspectiva sobre isso, e aceitando essas diferenças. A política mexeu muito com a cabeça dele e na época eu e Lailtinho nos afastamos. Esperamos o momento certo, ele chegou e nos reaproximamos.
OP: E o que te fez permanecer em Fortaleza nos anos 1990?
Ciro: As pessoas são apaixonantes, Fortaleza me recebeu de braços abertos. O povo de Fortaleza é muito receptivo e eu me encantei, além das praias, além de tudo, tanto que quando eu volto para o Rio, eu peço licença no Banco do Brasil e volto para Fortaleza de mala e cuia. Fiz um show no Rio de Janeiro de despedida com o Jorge Lafond (Vera Verão), que já trabalhava conosco, ele foi fazer um show de despedida para mim com todo o pessoal do Banco do Brasil. E aí voltei para a Cidade de mala e cuia, uma mala de Ciro e outra de Virgínia e de lá para cá são 34 anos de história. Só volto para o Rio para fazer show.
OP: Como se manter na comédia, mesmo após aquele auge dos shows de humor na Capital?
Ciro: É muito incrível ver hoje eu praticamente 34 anos sem sair de cena, porque eu completo agora dia 28 (de abril), 26 anos em cartaz no Chico do Caranguejo, 26 anos no mesmo palco. É um recorde mundial, porque na Broadway tem espetáculos de 20 anos, 30 anos, porém o elenco muda. “O Rei Leão”, por exemplo, quem faz o Simba há 15 anos tem que trocar porque o Simba é uma criança. E eu tô há 26 anos no mesmo palco com a mesma personagem variando os convidados.
Zé Modesto já passou lá comigo 10 anos, Augusto Bonequeiro passou comigo 10 anos, agora estava o Manguaça e quando eu voltar agora vamos ter com novo formato, porque o Chico quer que eu faça o “Ciro Santos Convida” para cada semana levar um convidado diferente porque essa nova geração também está merecendo, nós temos o Titela, Mateus Cidrão. Atualmente, quem está me substituindo lá é a Aurineide Camurupim.
A primeira geração está retornando também, a Rossicléa, Adamastor Pitaco e Lailtinho Brega. Augusto Bonequeiro parou por causa do mal de Parkinson na mão, Paulo se foi, Zé Modesto está morando em Orlando, então dessa geração posso dizer que eu estou mais na ativa. Além de ser produtor, tenho esses shows de terça a domingo, porque atuo no RioMar Kennedy, RioMar Fortaleza, Piadaria, Lupus Bier e Chico do Caranguejo.
Eu vou completar 63 anos agora em setembro e a energia não para. Meus amigos todos dizem que sou muito fora da caixinha, que sou completamente desencaixado, porque eu não paro. E os meus shows de hoje estão muito melhores. No da Lupus (Bier) por exemplo, eu troco de roupa três vezes nos 40 minutos de apresentação, tem mágica, humor, emoção, fogos de artifício “indoor” (desenvolvidos para ambientes internos, não possuem pólvora na composição e nem fazer fumaça).
OP: Como você lida com o chamado “politicamente correto” no humor?
Ciro: Essa é a questão mais difícil no momento, mas não foi tão difícil adaptar. Eu trabalhei em cruzeiros por seis anos, até o último que eu fiz, quase que eu fico dentro do navio por causa da pandemia. Eu fiz Brasil - Europa, Europa-Brasil, fazia a costa brasileira como “Guest Star” (artista convidado, em tradução livre), eu subia fazia sete dias na costa brasileira e descia eu subia fazia uma travessia para Brasil-Europa por 12 dias e descia. Então, minha linguagem sempre foi muito cuidadosa, porque no navio você sabe, tem crianças, velhinhos. Você tem que ter uma linguagem muito especial.
Trabalhei nos melhores resorts do Brasil, como o Ilha de Comandatuba, na época inclusive o Roberto Carlos estava na minha plateia. E hoje em dia eu peço às pessoas que trabalham comigo que tenham atenção: “Olha a linguagem, não pode brincar com isso, não pode brincar com aquilo”. Tem uns que são resistentes ainda, principalmente o pessoal do stand-up que fala: “Ah, mas não tem que ter censura ". Não é censura, é tomar cuidado para que a gente não venha a ser cancelado dentro de um um equipamento cultural que está oferecendo para os clientes.
OP: E você tem alguma dificuldade com essa adaptação de linguagem?
Ciro: Não, eu já me acostumei a fazer o meu trabalho com a minha linguagem, é sem agredir ninguém, sem mexer com nada que possa dar problema no futuro, entendeu? A minha chefe, minha gerente do RioMar, dos shoppings, sempre fala: “Ciro, cuidado com a linguagem porque tem dois artistas nossos que foram chamados atenção por causa disso, de clientes terem reclamado”. Aí eles ficam vetados de fazer show durante um tempo.
OP: Havia algo de revolucionário quando você e o Paulo faziam show ali no início da década de 1990 vestidos de mulher. O público era muito fechado?
Ciro: Levávamos de forma tranquila. Tiveram alguns problemas, tipo com a Raimundinha, uma vez fomos fazer um show em um bar e ela descia de um ônibus, começava no ônibus, e ela entrava pelo bar gritando. Mas o segurança não conhecia e não deixou a Raimundinha entrar. Uma vez no Iate Clube uma época não deixaram fazer o espetáculo num dia, no dia seguinte liberaram. Quando montamos “A frescura da maçã”, do João Carlos Diógenes (sócio do Iguatemi Hall), que era nosso produtor, não deixaram de início que nos apresentássemos, porque o “teatro era muito clássico”. Mas lotamos o lugar, com cambista vendendo ingresso na porta.
Mostramos realmente o que a gente tinha o poder e que humor estava dominando na época, já dominando Fortaleza
OP: Você leva a Virginia como uma bandeira de militância?
Ciro: Não, não. Virgínia é uma personagem, por isso eu sempre falo em terceira pessoa, tipo “vou comprar as roupas para a Virgínia". Ela é uma personagem, tem um perfil, ela é uma vedete de teatro revista, então, eu sei todo o perfil dela. Ela é ela e eu sou eu, encaro ela como uma personagem, não me milito nada, nem falando de política, nem em relação a gêneros, nada.
OP: Quais foram os desafios nesses 34 anos de carreira?
Ciro: O desafio é você continuar em cena. Recebo pessoas a nível Nacional como Nany People, Luís Miranda, na época já recebi também Jorge Lafond, que dizia: “Vocês são gloriosos, porque assim no Rio ou São Paulo, você tinha feito sucesso e já tinha acabado. Aqui vocês continuam.” Continuar 34 anos em cena todos nós e mesmo alguns da primeira geração é uma glória. É a persistência e mostrando que a arte e humor ainda são o melhor remédio e é fazer arte é muito bom, porque cura as pessoas a gente recebe muitos depoimentos, tipo “meu Deus, eu tava com depressão”, ou da mãe que estava enlutada por causa da morte do companheiro e o show ajudou nesse processo de alguma forma.
OP: E quais foram os momentos mais marcantes na sua carreira?
Ciro: O Criança Esperança foi muito incrível, foi uma das participações mais bacanas da minha carreira. O Festival Internacional de Mágica, que reunia os 10 maiores mágicos de todo mundo e Virgínia foi a mestre de cerimônia. A gente rodou é 15 capitais Brasil foi muito incrível.
Fizemos o (programa) Flash do Amaury Jr e o “Caviar com Rapadura - 30 Anos Depois”. Porque assim no Rio eu seria mais um ator, porque quando cheguei em Fortaleza ganhei mais visibilidade, participei de programas do Gilberto Barros, Silvio Santos, Trapalhões, tudo surgiu porque estava no Ceará e era visto como artista cearense, recebi uma comenda de Cidadão Cearense e recebi com muito orgulho.
OP: O que podemos esperar de Ciro Santos nos próximos capítulos?
Ciro: Um grande espetáculo contando a minha história desde que cheguei no Ceará, vai ser um grande musical com todas as minhas personagens, a Virgínia, a Margot, a Pierrita, todos os personagens que já fiz, alguns programas que já tive. Hoje apresento o “Ciro Santos Convida” na TV Ceará, quero mostrar isso tudo num grande espetáculo, não sei se vai dar para estrear no final deste ano, mas até o meio de 2025 conseguiremos. Porque será um projeto grande, tem que ser dentro de alguma lei porque fazer teatro hoje só com bilheteria está impossível.
As pautas estão mais caras, patrocínio está mais difícil, então tem que botar numa lei para que possa mostrar um grande espetáculo assim como foi o “Caviar com Rapadura”.
Apesar de não ter tido incentivo de leis ou editais, mas conseguimos por ser algo tão marcado na cabeça do cearense, conseguimos o patrocínio para pagar a pauta do Teatro RioMar, figurinos e tal.
OP: Por falar em leis de incentivo e editais culturais, recentemente a Secultfor anunciou o pacote de editais para 2024 e o humor é uma das áreas contempladas. Como é para você ver esse momento do humor ganhando mais espaços nas políticas públicas?
Ciro: É maravilhoso, esperava sempre por isso. Porque haviam editais no passado que não contemplavam o humor e agora entenderam que essa área tem demanda local e de turistas. Quando o turista chega ao Ceará, ele procura forró e comédia, por isso as casas estão há anos. O meu show no Chico do Caranguejo é vendido por todas as operadoras do Brasil, para que as pessoas do país inteiro possam se programar para vir.
Às vezes não cai a ficha, penso: “Meu Deus do Céu, é isso tudo mesmo?” Essa semana, estava de Virgínia na Broadway fazendo umas fotos e apareceram pessoas que me reconheceram, fizemos a brincadeira da vaia cearense para um vídeo e brotou cearense em todo o lugar. Sou uma pessoa muito na minha, não mudei nada fisicamente, falo com todo mundo, brinco com todo mundo, fico feliz em empregar pessoas, a melhorar o seu personagem, o figurino, a maquiagem. Acho que estou fazendo um bom trabalho nesses 34 anos e acho que, quando encontrar a turma lá em cima, vou deixar um bom legado também.
Durante as férias de Ciro Santos, o artista aproveitou para fazer shows e apresentar a comédia cearense à população estadunidense. A primeira parada foi em Nova Iorque, onde o humorista carioca-cearense lotou a plateia do local onde se apresentou. Depois, foi passear em Washington - DC, antes do segundo show em Orlando (Flórida), ao lado de Zé Modesto (João Netto), intitulado de "Caranguejada com humor".
Além de ser inspirada em “A Noviça Rebelde”, a Virgínia Del Fuego é uma homenagem a duas grandes vedetes que os pais eram fãs. Do lado do pai, Virgínia Lane (1920-2014), atriz carioca, já sua mãe gostava de Luz Del Fuego (1917-1967). Durante a Copa das Confederações, a personagem recebeu a seleção brasileira de futebol na Capital, em 2013.
Antes de Raimundinha, Ciro Santos e Paulo Diógenes decidiram montar um show. “Criamos uma personagem para ele, uma mulher magra, ele era magro na época, com peitão e ele montou. Eu fazia a parte brilhosa, glamurosa do espetáculo, ele fazia a parte engraçada, foi quando surgiu o ‘Caviar com Rapadura’”, relembra o carioca cearense.
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