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Pisadinha mistura ritmos e estilos: do brega ao forró
Reportagem Seriada

Pisadinha mistura ritmos e estilos: do brega ao forró

O cantor cearense Zé Vaqueiro e a cantora potiguar Luísa Nascim contam em entrevista ao O POVO como a pisadinha os tornaram referência no novo ritmo, com milhões de adeptos de norte a sul do Brasil.
Episódio 2

Pisadinha mistura ritmos e estilos: do brega ao forró

O cantor cearense Zé Vaqueiro e a cantora potiguar Luísa Nascim contam em entrevista ao O POVO como a pisadinha os tornaram referência no novo ritmo, com milhões de adeptos de norte a sul do Brasil.
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"Eu tenho medo de alguém me machucar/ Eu tenho medo de me entregar/ Eu tô com medo de me apaixonar/ E outra pessoa querer me usar...". Reconheceu? O hit "Tenho Medo" é mais um dos sucessos do jovem cantor José Jacson de Siqueira dos Santos Junior, o Zé Vaqueiro. Com apenas 22 anos, o músico vive uma ascensão meteórica na carreira e já acumula meio bilhão de views na plataforma de vídeos YouTube. Em entrevista ao O POVO, o cantor conversou sobre suas origens e inspirações.

Zé Vaqueiro, pernambucano radicado no Ceará, é autor do sucesso "Letícia". O clipe já alcançou quase 570 milhões de visualizações no YouTube.(Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Zé Vaqueiro, pernambucano radicado no Ceará, é autor do sucesso "Letícia". O clipe já alcançou quase 570 milhões de visualizações no YouTube.

O POVO: Como nasceu seu interesse pelo forró? Qual é a importância de sua mãe, Nara de Sá, na sua relação com o ritmo?

Zé Vaqueiro: O meu interesse nasceu devidamente por causa da minha mãe, desde a barriga eu tenho relação com o forró por ela ser vocalista de bandas do ritmo. E eu sempre nesse meio, né?

OP: Com o que o José Jacson trabalhava antes de se tornar Zé Vaqueiro? Nesse ínterim, como se construiu seu primeiro trabalho com o forró elétrico?

Zé Vaqueiro: Eu trabalhei vendendo sorvete, trabalhei em barraca de lanche, trabalhei em lava jato... Quando eu toquei pela primeira vez, começou realmente a paixão. Quando eu subi pela primeira vez num palco pra fazer uma participação, todo mundo elogiou e e eu senti uma energia diferente. Meu primeiro CD foi feito caseiro, bem simples, mas corri muito atrás, fiz as cópias do CD na lan house, comprei os plásticos. Foi simples, mas rodou muito lá na região onde eu moro.

"Acho que tem conquistado o Brasil por ser um ritmo diferente, sabe? E as músicas que estão sendo agregadas ao ritmo ajudam muito também."

OP: A pisadinha tem conquistado o País com suas batidas eletrônicas no teclado. Para você, Zé, por que o ritmo tem se popularizado tanto? O que atrai o público?

Zé Vaqueiro: Creio eu que o que atrai o público é a energia que a pisadinha passa. Por ser tão contagiante, mexe muito com a gente, sabe? Eu gosto demais do piseiro, da pisadinha, do forró... Acho que tem conquistado o Brasil por ser um ritmo diferente, sabe? E as músicas que estão sendo agregadas ao ritmo ajudam muito também.

OP: "Letícia" é o sucesso do momento, mas você já emplacou vários hits nos últimos meses. Como você cria as composições?

Zé Vaqueiro: As composições vêm das inspirações, né? Coisas de vidas ou então mesmo coisas vistas, ideias. A gente leva pro papel, imagina, cria e daí saem composições, rimas. Mas o maior de tudo é a inspiração que tem que ter.

" Eu quero surpreender, sabe? Virão muitas coisas novas, estarei me reinventando neste 2021."

OP: Quais os seus próximos projetos? Que parcerias o público já pode aguardar?

Zé Vaqueiro: A gente vai ter muita coisa aí nesse 2021, muitas novidades. Serão muitas parcerias, porém quero deixar aí na surpresa e na ansiedade pro meu público. Eu quero surpreender, sabe? Virão muitas coisas novas, estarei me reinventando neste 2021.

 

 

O caleidoscópio musical de Luísa Nascim

 

Banda Luísa e os Alquimistas na gravação do clipe "Cadernin" versão pisadinha.(Foto: Ian Rassari/ Divulgação)
Foto: Ian Rassari/ Divulgação Banda Luísa e os Alquimistas na gravação do clipe "Cadernin" versão pisadinha.

Vocalista da banda Luísa e os Alquimistas, a cantora e compositora potiguar Luísa Nascim é apaixonada por som. Um caleidoscópio musical, Luísa une em seu trabalho a energia dos batidões eletrônicos da música urbana nordestina a experimentação de timbres, arranjos e flows. Numa pegada bem bregawave, Luísa e a cantora, compositora atriz Potyguara Bardo retomaram a parceria de sucesso e regravaram a música "Cadernin" — canção presente no último álbum de estúdio de Luísa e os Alquimistas, “Jaguatirica Print” (2019) — numa versão pisadinha. O resultado é um delicioso piseiro alternativo, mais uma prova da versatilidade do ritmo.

"Nesse momento, todo mundo tá super curtindo ouvir uma pisadinha. A gente gosta muito, acha que é muito poderoso, muito potente."


O POVO: A nova versão da música "Cadernin" ganhou guitarras elétricas e o arrasta-pé do piseiro. Como foi o processo de regravar a canção com outra batida? Você pretende fazer mais trabalhos nessa pegada da pisadinha?

Luísa Nascim: Foi muito interessante esse processo de regravação. Eu regravei a voz já com outra intenção, mexemos nos arranjos, trouxemos a Potyguara Bardo para colaborar, trouxemos o sample da personagem Pisadeira, da novela "Os Mutantes"... Foi muito divertido. A gente deu início a esse processo de maneira bem despretensiosa, fez uma live de São João em junho do ano passado e foi incrível, a gente revisitou várias músicas da banda em versões de forró, forró pé-de-serra, forró romântico, piseiro. A partir daí, chamou atenção a versão de "Cadernin" em piseiro. Potyguara já gostava de cantar 'Cadernin' nos shows dela, então deu muito certo. Nesse momento, todo mundo tá super curtindo ouvir uma pisadinha. A gente gosta muito, acha que é muito poderoso, muito potente.

" A ideia é pesquisar, misturar, trazer nossa cara pra esses ritmos."

 

OP: Você pretende fazer mais trabalhos nessa pegada da pisadinha?

Luísa: Olha, talvez. Eu não gosto muito de encontrar uma fórmula e repetir, a gente é uma banda muito livre. A gente não é uma banda de forró, a gente não é uma banda de brega, mas é também. Mas a gente não se prende a um estilo que está dando mais certo, a gente está fazendo um trabalho para perdurar aí por gerações. A ideia é pesquisar, misturar, trazer nossa cara pra esses ritmos.

"Gosto muito de ouvir som, eu sou muito eclética, mas se tem um som que me deixa feliz, que me deixa animada e que me deixa contente é um bom brega."

OP: Como você se interessou pelo piseiro, Luísa? Como nasceu sua relação com as variações do forró e do brega?

Luísa: Minha relação com o brega é essa relação de todo mundo que nasce aqui na região, de ouvir desde pequena nas rádios... Eu sempre gostei de ouvir muita rádio com minha avó. É claro que eu passei por aquela fase de ser roqueira e renegar um pouco essas coisas, né? Mas passou rápido. A gente (da banda) acompanha e vem acompanhando essas novas vertentes surgindo e eu gosto tanto das coisas mais retrô quanto das coisas novas.

A gente gosta justamente disso, de pesquisar e trazer o que acha legal de elementos para as nossas criações. Eu já me interesso pelo tecnobrega, por exemplo, que vem do Norte do país. Gosto muito de ouvir som, eu sou muito eclética, mas se tem um som que me deixa feliz, que me deixa animada e que me deixa contente é um bom brega. Pode ser um brega funk, um brega romântico, uma sofrência, um tecnobrega mais agitado, um brega melody, toda essa cultura que pega várias partes do País.

 

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