O fortalezense pode pagar até 251,73% mais caro na hora de escolher um pescado para consumir durante as celebrações da Semana Santa.
É o que aponta pesquisa do Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza) que consultou mercados e supermercados da Capital de 1º a 14 de abril, com análise do Jornalismo de dados do O POVO, por meio do projeto Preço Comparado.
A maior diferença foi encontrada no quilo do filé de bacalhau, que pode ser encontrado a R$ 53,99, no Centerbox (Jangurussu), ou a até R$ 189,90 no Supermercado Pinheiro (Maraponga).
Preço dos pescados por supermercados de Fortaleza
Também o lombo do bacalhau (porto Imperial) apresenta grande variação de preços podendo ser encontrado a R$ 109,90, o quilo, no Pão de Açúcar (Aldeota), ou a R$ 185,67, também no Supermercado Pinheiro.
Nos mercados de peixe, as variações de preço entre os diferentes tipos de pescado também chegam a casa dos três dígitos.
Esse é o caso do filé de tilápia, que pode ser encontrado por R$ 20, o quilo, no Mercado dos Peixes da Barra do Ceará ou a R$ 60, o quilo, no Mercado dos Peixes da Beira Mar, uma variação de 200%.
Outra variação considerável pode ser observada no filé do sirigado, que chega a 122,22%, indo de R$ 45 a R$ 100, o quilo, respectivamente, nos mesmos mercados citados anteriormente.
Menor e maior preços dos pescados nos supermercados de Fortaleza
Apesar das grandes variações, é nos mercados onde se podem encontrar os menores preços de peixes e outros frutos do mar, com a sardinha como a opção mais em conta, chegando a ser vendida a R$ 15, no Mercado da Messejana.
Na sequência aparecem a biquara e a tilápia, ambas vendidas a R$ 17, nos mercados da Messejana e São Sebastião, respectivamente. Contudo, nem sempre comprar em um mercado em vez de ir a um supermercado é garantia de encontrar o menor valor.
Esse é o caso do filé de salmão, que pode ser encontrado a R$ 110, no Mercado da Messejana, mas tem valor máximo de R$ 93,99, no supermercado Nidobox.
Preço dos pescados por mercados de Fortaleza
Para o coordenador jurídico do Procon Fortaleza, Airton Melo, a grande variação nos preços dos pescados contrasta com o que ocorreu com outros produtos pascais, tais como chocolates, ovos de Páscoa e também os vinhos.
“Nós percebemos que não houve uma variação significativa, em termos percentuais, em relação ao ovo de Páscoa e ao chocolate”, apontou. “Houve, no entanto, uma variação expressiva nessa área que também é muito específica da Páscoa, relacionada ao filé de bacalhau, mas também aos peixes de um modo geral”, disse, acrescentando que situação semelhante ao dos peixes ocorreu com o pão de coco.
Menor e maior preços de pescados dos mercados de Fortaleza
Já para o economista Alex Araújo, os principais motivos, tanto para os preços mais elevados quanto para a grande variação de preço dos pescados, estão relacionados a uma componente mais sazonal observada neste ano, em comparação com outros produtos pascais afetados por outros fenômenos.
“A Páscoa tem uma grande concentração de demanda e, por mais que o setor pesqueiro venha se ajustando, essa demanda sempre surpreende porque há aumentos sazonais muito grandes. Neste ano não está sendo diferente”, explica.
“Apesar de haver muitos subsídios, tanto para camarão quanto para o peixe de água doce, há uma preferência pelo pescado marinho aqui em Fortaleza e nessas duas últimas semanas, a demanda cresceu bastante”, conclui.
Preço de marca mais comercializada do produto vai de R$ 29,49 a R$ 49,99. Espumante mais vendido também tem diferença no valor de venda acima de 60%
Um dos maiores símbolos da Páscoa, que representa na tradição católica o sangue de Cristo, o vinho pode ter variação de preços da ordem de quase 70% em Fortaleza.
Esse é o caso do Almadén, vinho de origem brasileira cujo preço nos supermercados da Capital vai de R$ 29,49, no Super do Povo, a R$ 49,99, nos supermercados Pão de Açúcar (Aldeota), Supermercado Brasileiro (Rodolfo Teófilo) e NidoBox (Passaré), uma variação de 69,52% pela garrafa de 750 ml. A marca é a mais comercializada na Capital.
Outro vinho nacional com variação de preços acima dos 60% é o Pérgola, que pode ser encontrado a R$ 17,99, no Mercado Extra (Fátima), a R$ 29,99, no Super do Povo (Henrique Jorge), uma diferença de 66,70% na garrafa de 750 ml.
Por outro lado, a segunda marca de vinho mais comercializada em Fortaleza, O Gaúcho, tem variação bem menor, de 21,4%, sendo encontrado com valores que vão de R$ 13,99, no GBarbosa, e a R$ 16,99, a garrafa de 750 ml, no Supermercado Pinheiro (Maraponga).
Marcas igualmente populares, contudo, também tiveram variações superiores a 50%. No caso do vinho São Braz, o de menor preço médio, a garrafa de 900 ml, pode ser encontrada a R$ 4,99, no Centerbox (Jangurussu), e a R$ 7,99, no Nidobox (Passaré), uma variação de 60,12%.
Já o Quinta do Morgado, pode ser encontrado a R$ 12,99 no Mercadinho Super Mania (Pamplona) e a R$ 19,99 no Mercado Extra (Fátima) e no Nidobox, a garrafa de 750 ml, o que representa uma variação de 53,89%.
Menos consumidos que os vinhos, mas também presentes nas celebrações pascais, os espumantes também podem apresentar grandes variações de preços nos supermercados.
A marca mais comercializada na Capital, o Chandon Brasil, tem variação de 62,71% a depender do estabelecimento que o consumidor optar por fazer a compra.
O menor preço do produto foi encontrado a R$ 85,98, no GBarbosa (Edson Queiroz), e a R$ 139,90, no Pão de Açúcar e no Mercado Extra, a garrafa de 750 ml.
Preço dos vinhos por supermercados de Fortaleza
Segundo o economista Alex Araújo, apesar das variações e dos preços elevados do período pascal, bebidas como vinhos e espumantes tendem a não ser muito afetadas no médio prazo pela turbulência causada pelo “tarifaço” aplicado pelos Estados Unidos, que chegou a ter entre os primeiros alvos, justamente esse tipo de produto.
“Para o Brasil, essas tarifas americanas sobre bebidas europeias vai ser até favorável. No caso do vinho, a nossa grande tradição é consumir vinhos da própria América Latina ou de outros países, como a África do Sul, a própria França e Portugal”, citou.
“A gente vai ser favorecido também porque passamos a ser um mercado relevante para compensar os impactos da tarifa americana. Mas a gente ainda não sente esse efeito nos produtos, atualmente”, ponderou Araújo.
Comprar ovos de Páscoa em 2025 vai exigir não apenas um desembolso maior de dinheiro por parte do consumidor fortalezense, como também mais procura, dada a escassez desse tipo de produto nos supermercados da capital cearense.
Para se ter uma ideia, entre 14 marcas pesquisadas pelo Procon Fortaleza, apenas cinco estão em mais da metade dos estabelecimentos consultados.
“No ano passado, nós conseguimos um número maior de estabelecimentos (com disponibilidade de ovos de Páscoa), e neste ano tivemos um número bem reduzido”, ressaltou Airton Melo, coordenador jurídico do Procon Fortaleza.
“A informação que nos chegou é que ainda alguns produtos são disponibilizados pelos comerciantes na perspectiva da não comercialização. Ou seja, o comerciante faz as aquisições, coloca as opções aos consumidores, mas eles acabam sobrando muito nas prateleiras. E aí os comerciantes vão ter que fazer a devolução para esses fornecedores. Em razão disso, neste ano nós tivemos uma redução significativa de investimentos desses produtos (ovos de Páscoa)”, disse Melo.
Nesse cenário de falta de produtos, o mais presente é o ovo de Páscoa Alpino (349,5 g) da Nestlé, que pode ser encontrado em dez dos principais supermercados e lojas de conveniência da cidade.
A variação de preços, contudo, é relativamente baixa, de 26,16%.
Nas Americanas (Centro), o preço do produto chega a R$ 64,99, enquanto no Centerbox (Jangurussu) pode chegar a ser encontrado a 79,99.
Na sequência entre os mais presentes, aparece o ovo de Páscoa Kit Kat (332 g), Nestlé, que custa R$ 64,99, nas Americanas, e chega a R$ 79,09, no Supermercado Pinheiro (Maraponga), uma variação de 21,7%.
Ovos Sonho de Valsa (357 g) e Ouro Branco (359 g), da Lacta, têm variações de, respectivamente, 23,53% e 24,54%, nos estabelecimentos pesquisados pelo Procon Fortaleza. Com baixa oferta, a variação de preços foi menor que a do ano passado, segundo o órgão.
“Essa redução na oferta se traduziu, inclusive, nos percentuais de diferença, que nós encontramos no mercado em relação a esses produtos. No ano passado, nós encontramos diferença de mais de 90%, no preço dos ovos de Páscoa. Neste ano, a maior diferença entre os que foram foi de 77,8%”, elencou, referindo-se ao Classic Leite (199 g) da Nestlé, que pode ser encontrado entre R$ 44,99, nas Americanas, e R$ 79,99, no Centerbox.
Ele acrescenta que outros produtos feitos à base de chocolate, como barras e caixas de bombons, também tiveram menores variações em 2025.
“No ano passado, nós encontramos diferença de 74% entre os chocolates. Neste ano, essa diferença não ultrapassou 52%. Quer dizer, nós identificamos, assim, um diferencial no mercado em decorrência da aparente demonstração de desinteresse por esses produtos”, avaliou.
Nesse sentido, o economista Alex Araújo lembra que os derivados de cacau vêm sofrendo pressão já há algum tempo. "É uma pressão bastante persistente. Isso decorre da oferta mundial ter sido afetada pela quebra de produção neste ano, inclusive a do Brasil e de outros países, como a Costa do Marfim, que são grandes produtores de cacau. Então, desde o fim do ano passado, a gente vem numa crescente de preços”.
“Essa oferta ainda não foi estabilizada. E a previsão é que ela só seja estabilizada no segundo semestre. Para além da Páscoa, a gente ainda deve observar, nos próximos meses, uma pressão nesses preços, dos derivados de cacau”, projeta Araújo.
Preço dos ovos de Páscoa por supermercados de Fortaleza
O Procon Fortaleza acompanha, mensalmente, produtos considerados essenciais. Em épocas específicas, o órgão levanta preços voltados para datas especiais, como na Semana Santa.
O acompanhamento de preços foi realizado de 1º a 14 e abril, em 15 mercados de peixes e 21 itens, além de 14 estabelecimentos, e 28 produtos de ovos de Páscoa, e 12 locais e 30 itens de pescados e vinhos nos supermercados.
A íntegra das tabelas pode ser vista aqui no O POVO+ e a para a matéria O POVO fez a seleção de locais e mercadorias, bem como a análise de dados para a matéria
O projeto Preço Comparado - Supermercados é uma parceria entre O POVO e o Procon Fortaleza. Mensalmente, são analisados 100 itens de 36 supermercados da Capital e gerado um conteúdo exclusivo para os leitores do OP+