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Wagner Moura, o charme baiano que conquistou Hollywood
Reportagem Seriada

Wagner Moura, o charme baiano que conquistou Hollywood

Ator baiano, conhecido pelo ativismo e pelo bom mocismo destaca-se em produções audiovisuais no mercado internacional. Em 2024, ele cravou protagonismo na produção "Guerra Civil", sucesso no Brasil e nos Estados Unidos

Wagner Moura, o charme baiano que conquistou Hollywood

Ator baiano, conhecido pelo ativismo e pelo bom mocismo destaca-se em produções audiovisuais no mercado internacional. Em 2024, ele cravou protagonismo na produção "Guerra Civil", sucesso no Brasil e nos Estados Unidos
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“⁠Pede para sair! Pede para sair!” é uma das frases mais conhecidas do Capitão Nascimento, personagem mais famoso do filme "Tropa de Elite", que marcou o País, as telonas de cinema e apresentou o ator Wagner Moura para quem ainda não o conhecia. O sangue, os gritos e a violência estampada do filme chamaram atenção de cinéfilos e não cinéfilos para uma narrativa emblemática.

Por trás do protagonista, o artista também emblemático, envolve os espectadores com seu sorriso largo, olhar charmoso e talento nato, que o permitiu dar passos sólidos no cinema nacional e internacional. Atualmente, ele está em cartaz no filme campeão de bilheteria no Brasil e no Exterior, "Guerra Civil", dirigido pelo diretor estudunidense, Alex Garland.

"Guerra Civil", filme com Wagner Moura, lidera bilheteria em seu primeiro fim de semana nos Estados Unidos(Foto: Divulgação/A24)
Foto: Divulgação/A24 "Guerra Civil", filme com Wagner Moura, lidera bilheteria em seu primeiro fim de semana nos Estados Unidos

Wagner Maniçoba de Moura é ator, diretor, roteirista, produtor e músico brasileiro. Nasceu em Salvador, em 27 de junho de 1976, mas foi criado em Rodelas, no sertão baiano.

A sua primeira aparição em frente às câmeras aconteceu quando tinha 10 anos quando a cidade onde vivia foi inundada pela barragem do Rio São Francisco, por isso, todos os moradores tiveram que se mudar para a Nova Rodelas. Uma emissora da TV registrou a indignação de Wagner na época, confira:

Filho do sargento da aeronáutica José Moura, da dona de casa Alderiva e irmão de Lediane, o ator compartilha com a família o sobrenome "Maniçoba". O nome é conhecido também como um dos pratos mais famosos da culinária paraense e do interior da Bahia. "A família da minha mãe tem esse sobrenome Maniçoba. Que é essa comida, muito comum no Norte do Brasil, no Pará. Não sei de onde vem esse nome, mas acho fod* ter um nome brasileiro, indígena”, contou em coletiva ao site "O Liberal".

 

 

Travessia entre o jornalismo e arte

Na pré-adolescência, ele tinha alguns conflitos na escola. “Não me sentia aceito pelas outras crianças. Meu apelido era ‘Óvni’”, afirmou em entrevista ao "Memória Globo". Mas apesar da timidez que tinha, ele conta que, mesmo assim, atuava como ator em peças de teatro.

Wagner, aos 5 anos, numa peça de teatro na escola(Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Wagner, aos 5 anos, numa peça de teatro na escola

De grupo de teatro à banda, Wagner fez de tudo um pouco até chegar à universidade e começar a se envolver com teatro profissionalmente.

Moura cursou jornalismo na Universidade Federal da Bahia. Em torno de 2001, conheceu Sandra Delgado, que iria ser sua futura esposa e mãe de seus filhos: Bem, Salvador e José. Por profissão, Wagner se tornou jornalista e exerceu a profissão por anos no Rio de Janeiro.

Para a página "Memória Globo", o ator conta que trabalhou no "Correio da Bahia" e chegou até ter uma assessoria de imprensa, que divulgava projetos de cultura. No entanto, veio à falência, porque trabalhava para seus amigos de dança e teatro que não tinham dinheiro para pagar pelo trabalho.

Moura se mudou para São Paulo em busca por novas oportunidades. Lá, ele aprimorou ainda mais suas técnicas de interpretação e começou a trabalhar em teatros profissionais.

O divisor de águas foi a peça "A Máquina", na qual dividiu palco com Lázaro Ramos e Vladimir Brichta. Após o sucesso, Wagner aproveitou para explorar novos caminhos.

 

Lázaro Ramos, a jornada de uma amizade

Lázaro Ramos e Wagner Moura compartilham alguns momentos há mais de 27 anos. Começou em Salvador no teatro, quando os dois ainda nem imaginavam a fama. “Ele andava com um cabelão na frente do roso, de roupa preta, muito esquisito mesmo. Eu tinha um pouco de medo dele e mal nos falávamos”, contou Ramos ao portal "Extra." Ele completa, brincando, que ficou amigo de Moura "por medo".

Lázaro Ramos publicou essa foto nostálgica em programa com Wagner Moura e agitou as redes sociais  (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Foto: Reprodução/Redes Sociais Lázaro Ramos publicou essa foto nostálgica em programa com Wagner Moura e agitou as redes sociais

Ele conta que saíram da Bahia juntos. “Ele é padrinho do meu filho e eu sou padrinho do filho dele", disse Lázaro no podcast "Podpah".

Ambos são figuras importantes no cenário artístico brasileiro e compartilham interesses comuns, não apenas como atores, mas também como defensores da cultura e das questões sociais no Brasil.

 

 

Homem fora dos holofotes

Moura pratica Meditação Transcendental, Muay Thai e Jiu-Jitsu. Casado com jornalista e fotógrafa Sandra Delgado, teve três filhos, todos nascidos no Rio de Janeiro. Wagner e Sandra conheceram-se na universidade, mas só se envolveram após formados. Na época, ele estava se mudando para o Rio e a convidou para ir com ele e ela aceitou.

Ator oficializou união com Sandra Delgado após há 15 anos juntos(Foto: Veja)
Foto: Veja Ator oficializou união com Sandra Delgado após há 15 anos juntos

A família tem residências em Salvador, Los Angeles e Rio de Janeiro, e o ator diz que eles moram onde quer que o trabalho esteja, tendo passado um tempo na Colômbia para Narcos, por exemplo. Apesar disso, ele considera a Bahia sua verdadeira casa.

 

 

Ator, Cantor, Diretor, Produtor…

Em 2000, estreou no filme "Stela", dirigido por Djalma Limongi Batista. Três anos depois, ganhou reconhecimento nacional com o filme "O Homem do Ano" (2003), dirigido por José Henrique Fonseca, onde interpretava o personagem Maiquel. Com o filme "Cidade Baixa" (2005), dirigido por Sérgio Machado, o ator se consolida e tem as portas abertas para novas oportunidades na indústria cinematográfica.

Apesar dos filmes, Wagner não abandonou o palco e viveu "Hamelt", em 2008. Continuou como vocalista da banda de faculdade "Sua Mãe", com a qual fez até homenagem ao cantor Renato Russo.

Leco, Wagner e Gabriel, da banda Sua Mãe, em 1997(Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Leco, Wagner e Gabriel, da banda Sua Mãe, em 1997

A versatilidade do ator fez com que ele vivesse uma variedade de papéis, Wagner Moura consegue transitar entre gêneros e estilos, interpretando de mocinhos a vilões. Seu papel como Capitão Nascimento nos filmes "Tropa de Elite" (2007) e "Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro" (2010), ambos dirigidos por José Padilha, foi o que o catapultou o estrelato. Sua interpretação intensa e visceral como o líder do Bope no Rio de Janeiro recebeu aclamação da crítica e do público, consolidando-o como um dos principais atores do cinema brasileiro contemporâneo.

Além de sua carreira no cinema, Wagner Moura se destacou nos canais de streaming e TV, em 2007, foi o antagonista da novela Paraíso Tropical e, anos depois, interpretou o traficante Pablo Escobar na aclamada série da Netflix, "Narcos" (2015-2017). Sua atuação como Escobar rendeu-lhe elogios e indicações a prêmios internacionais, como ‘Melhor Ator em Série Dramática’ no Globo de Ouro, tornando-se o primeiro brasileiro, em 14 anos, a alcançar o reconhecimento, solidificando sua reputação como um talento de alcance global.

Além de atuar, Moura também explorou suas habilidades na direção e produção cinematográfica. Em 2007, dirigiu seu primeiro filme, "Maré, Nossa História de Amor" e co-produziu o premiado documentário "Sergio" (2009), sobre o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello.

Wagner Moura vive o diplomata brasileiro Vieira de Mello.(Foto: Reprodução: Sergio)
Foto: Reprodução: Sergio Wagner Moura vive o diplomata brasileiro Vieira de Mello.

Ao longo de sua carreira, Wagner Moura demonstrou um compromisso inabalável com sua arte e uma capacidade única de dar vida a uma variedade de personagens complexos. Sua trajetória continua a inspirar tanto aspirantes a atores quanto ao público.

 

 

Moura e ativismo

 

Moura, seu Jorge e o elenco de 'Marighella' no Festival de Berlim(Foto: Tobias SCHWARZ / AFP)
Foto: Tobias SCHWARZ / AFP Moura, seu Jorge e o elenco de 'Marighella' no Festival de Berlim

Fora das telas, Moura é conhecido por seu ativismo político e social, frequentemente ele discursa e impõem sua voz.

Ele não se limita a expressar suas opiniões apenas como figura pública, mas também participa ativamente de movimentos e campanhas que defendem questões como direitos humanos, justiça social, meio ambiente e democracia.

Um dos temas mais frequentes em seu ativismo é a denúncia da violência policial e a defesa dos direitos das comunidades marginalizadas.

Seu papel nos filmes "Tropa de Elite" chamou atenção para questões relacionadas à brutalidade policial no Brasil, e desde então, Moura é uma voz proeminente na luta contra a violência e a impunidade no sistema de segurança pública.

Em 2015, o ator Wagner Moura foi nomeado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um dos seus embaixadores da Boa Vontade. O ator também tem trabalhado com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) pelo fim do trabalho escravo.

 

 

A geração brasileira em Hollywood

Além do ator, uma série de outros artistas ganham notoriedade nas telonas de Hollywood. Cada vez mais é comum assistir um filme norte-americano e se deparar com alguma celebridade brasileira. Tal qual Wagner Moura, os artistas tateam o solo brasileiro e colocam pés firmes nas grandes produções hollywoodianas.

 

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