Fábio Assunção, com seus olhos azuis, ocupa há mais de 30 anos o posto de galã na TV. Seja como Jorge, em "Tapas & Beijos", dono da boate La Conga, artista que não alcançou o estrelato e que acabou sendo proprietário da casa noturna; seja como Arthur, em "Totalmente Demais", um homem charmoso e ambicioso, que além de possuir um lado arrogante e egocêntrico, também era dono da agência Excalibur. Ou vivendo Marcelo, em "Por Amor", um homem jovial, bonito e excelente profissional, que se apaixona por Maria Eduarda e sonha com um filho homem a quem pretende dar o seu nome.
Com mais de três décadas de carreira artística, presente em novelas, filmes, séries e peças teatrais, Fábio Assunção desfilou pela primeira vez no tapete vermelho de Cannes, na França, em maio de 2024, juntamente com o filme cearense “Motel Destino”, no qual contracenou com os atores Iago Xavier e Nataly Rocha, dirigido pelo cearense Karim Aïnouz. O filme estreia comercialmente em 22 de agosto de 2024.
Do drama clássico à comédia contemporânea, o ator demonstra uma gama de habilidades, encarnando personagens que conquistaram o público. No entanto, sua primeira paixão foi a música, especificamente o piano.
Aos 8 anos de idade, ele notava um som de piano muito alto pela vizinhança. O menino chamou o pai e a mãe para ir atrás do som emitido e conheceu a Dona Ivone, que logo se tornou sua professora de piano.
O artista ficou apaixonado pelo universo dos instrumentos musicais. Toca guitarra, violão, canta. Já participou de um coral e de uma banda; mas o instrumento favorito dele continuava sendo o piano.
Na juventude, começou a faculdade de publicidade e propaganda, mas só permaneceu no curso por seis meses e preferiu seguir nas artes cênicas pela Fundação das Artes de São Caetano do Sul.
Memorável por tantas facetas e personalidades nas telas, quem é o Fábio Assunção dos bastidores? Um passeio pelas diferentes áreas da vida revela um personagem atuante na arte e na política.
O ator Fábio Assunção foi apresentado ao grande público, em 'Meu Bem, Meu Mal', de Cassiano Gabus Mendes, em 1990. Uma estreia que já dava a dimensão do sucesso que o ator faria nos anos seguintes. Já sua primeira atuação no teatro foi na década de 80. No cinema, ele foi premiado por sua atuação em “Bellini e o demônio”, de Marcelo Galvão.
Veja novelas que Fábio já atuou
Assunção foi convidado para fazer um teste na TV Globo, no Rio de Janeiro, e ganhou um papel na sua novela de estreia “Meu bem, meu mal”, de Cassiano Gabus Mendes. Assumiu depois daí, o pódium de galã da emissora, estrelando as novelas “O rei do gado”, “Força de um desejo”, “Celebridade”, “Paraíso tropical”, entre outras, e minisséries, como “Os maias” e “Dalva e Herivelto – uma canção de amor”.
Enquanto reinava no Olimpo das novelas, o ator tinha de conviver e assumir publicamente as dificuldades em torno do vício em drogas e álcool. Hoje, o ator diz ter controlado e cuidado do vício em cocaína e álcool por meio de sessões de análise. Obteve acompanhamento com psiquiatra e temporadas em clínicas no Brasil e nos Estados Unidos. Todas as internações foram voluntárias.
Em 2008, ele passou quarenta dias em uma clínica no Arizona. Dois anos depois, 2010, ficou quatro meses internado em São Paulo.
Ele luta há 15 anos contra a dependência química, mas agora considera que está sob controle. Fábio Assunção relata o desconforto das coberturas jornalísticas sobre os vícios dele e afirma não ter a privacidade respeitada.
“É muito ruim não poder tratar minhas questões pessoais na intimidade. A gente tende a colocar o usuário de drogas no centro do debate, quando, na verdade, existe todo um entorno jurídico, religioso, médico e político que lucra com a venda ilegal dessas substâncias. Não estou dizendo que o dependente químico é um coitado, mas ele está desamparado”, afirmou Fábio Assunção, numa entrevista à revista Veja, em 2020.
“Houve risco de todos os tipos. O uso de qualquer substância que altera sua consciência leva a isso. Não há nenhum benefício no uso de drogas nem no consumo excessivo de álcool”, complementa.
Aos 52 anos, o ator está na graduação de Ciências Sociais, no período noturno, na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Na verdade, a primeira opção de curso era Filosofia na Universidade de São Paulo (USP), mas ele não passou na segunda fase do vestibular.
Ele conta que o convívio com alunos e professores não tem segredo, nem mistério. Em vídeo nos stories, o artista já chegou a pedir ajuda aos seus milhares de seguidores no Instagram com uma atividade acadêmica.
Fábio produziu uma pesquisa qualitativa, juntamente com outros dois colegas, sobre como as pessoas avaliavam o trabalho dele como ator.
Ao longo de sua carreira, Fábio Assunção destaca-se pela versatilidade e ecletismo, transitando por diversos gêneros teatrais com maestria.
Mesmo sendo um profissional premiado e com vários projetos artísticos de sucesso, ele entende que a formação acadêmica ajuda nos novos projetos como ator, proporcionando uma compreensão abrangente das formas de atuação.
Assunção foi um dos primeiros artistas a se posicionar abertamente no âmbito político nas redes sociais que, frequentemente, usa para promover debates sobre justiça social, direitos humanos e políticas públicas.
Em entrevistas e declarações públicas, o ator tem enfatizado a importância de um engajamento contínuo da sociedade civil na política, não apenas durante os períodos eleitorais.
É um defensor ferrenho dos direitos humanos, posicionando-se como um crítico contundente da desigualdade social e da corrupção.
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Ele já chegou a emprestar as redes sociais para a escritora e ativista Preta Ferreira, em 2020, para que ela discutisse sobre racismo e outros detalhes de sua vida. Ela ocupou a página do Instagram de Fábio, na época com 2,4 milhões de seguidores, por uma semana. Em 2018, o ator declarou voto para Fernando Haddad (PT) para o cargo de presidente.
Nem só de galã vive Fábio Assunção. Ele interpretou o vilão Renato Mendes, em "Celebridade" (2003) e ganhou troféu pela atuação. Foram duas taças conquistadas pelo personagem: o prêmio Extra de melhor ator, em 2003 e o o troféu Imprensa de melhor ator, em 2004.
Assunção ganhou o troféu “Bibi Ferreira 2019”, pelo trabalho de melhor ator coadjuvante na peça de teatro “Dogville”.
O ator foi indicado ao Emmy Internacional de melhor ator pela série “Dalva e Herivelto - Uma canção de amor", em 2011 — infelizmente, perdeu para o ator britânico Christopher Eccleston, pela série “Accused”.
Mesmo assim, ele possui uma trajetória amplamente reconhecida por seu talento e dedicação e recebeu vários prêmios importantes pela atuação, como o de melhor ator do “Festival Internacional de Cinema de Porto”, em 2009.
Ao receber o prêmio “Dogville”, pelo personagem Chuck, Fábio afirmou: “Foi uma experiência em encontrar o podre de uma sociedade escravagista e exclusivista em algum tipo possível de ser humano. Ganhei esse prêmio por encontrar em mim o que mais detesto. Fui premiado por exorcizar isso, em cena. A arte é o único caminho pra quem não abandona o barco", escreveu o artista em uma publicação na rede social.
Veja os prêmios que o ator já ganhou
Fábio possui uma relação boa com os filhos. "Ser pai é sempre uma experiência maravilhosa, a curiosidade de saber como ele vai ser", explicitou o ator em entrevista à revista GQ.
"Acho que ser pai é ter escuta, saber oferecer aos seus filhos alguma coisa para que eles tenham autoestima e confiança neles e em você. É ver as coisas saírem do controle e ter prazer com isso", derreteu-se, Fábio.
O ator relata o comportamento da filha Ella. Assunção dizia que Ella era “TikToker” e adorava editar vídeos, além de ressaltar que João era calmo e sensível. “A Ella é uma tempestade. Ela não anda, pula o tempo todo! Fico impressionado com a energia expansiva e o dinamismo que é dela”, disse.
“Já o João observa mais, tem um senso de humor apurado, muita sensibilidade e uma tranquilidade contagiante. Ele me ensina a valorizar o silêncio”, complementa.
Nas relações amorosas, Assunção foi casado com a atriz Cristiana Oliveira, no período de três anos. Ela foi sua primeira esposa. O ator também se relacionou com a artista Cláudia Abreu por cerca de três anos. O ex-casal se conheceu em 1994 durante a gravação da novela “Pátria Minha”.
Com a empresária de eventos Priscila Borgonovi, a união foi de três anos e tiveram um filho, João Assunção, que nasceu em 2003. O casamento durou de 2002 a 2005. Com Karina Tavares, fotógrafa e documentarista, teve sua filha caçula, Ella Felipa, em 2011.
Além disso, ele namorou a atriz Maria Ribeiro e em 2020, se casou com a bacharel em direito Ana Verena, com quem teve Alana Ayó no ano seguinte.
Série vai explorar personagens - famosos e anônimos - para destacar histórias de vida