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Twitter, a caixa de ressonância onde a briga continua firme
Reportagem Seriada

Twitter, a caixa de ressonância onde a briga continua firme

Episódio 2

Twitter, a caixa de ressonância onde a briga continua firme

Episódio 2
Tipo Opinião Por

Monitoramento realizado entre os dias 4 e 7 de maio pela start-up brasileira Arquimedes, que mede os humores do debate político no Twitter, mostra que no último dia 5, quando a emissora de televisão CNN teve acesso ao depoimento de Sergio Moro à Polícia Federal (PF), o ex-ministro foi mencionado no Twitter 351.615 vezes.

O influenciador bolsonarista Leandro Ruschel aparece como o que obteve maior engajamento com postagens. “A postura de Moro foi tão equivocada, para dizer o mínimo, que eu me pergunto: estaria ele sendo chantageado?”, ele tuitou numa postagem com 26,2 mil curtidas. Disse ainda: “Só a esquerda tem algo a comemorar, hoje. Como Moro pode ter errado tanto?”

O número de menções ao ex-juiz registrou leve decréscimo no dia seguinte, 6. Moro foi citado 343.128 vezes. O bolsonarismo preponderou com 57,99% na disputa online. No dia anterior, o presidente havia mostrado o celular com as trocas de mensagens entre ele e Moro, durante a tradicional passagem pelo cercadinho do Alvorada, residência presidencial.

A deputada governista Carla Zambelli (PSL-SP), interlocutora na conversa em que Moro a disse “prezada, não estou à venda”, publicou que o ex-amigo e padrinho de casamento “omitiu trecho da conversa e tirou mensagem do contexto para tentar prejudicá-lo!” 40.2 mil curtidas e 10,6 mil retuitadas até domingo, 17.

O furor das redes também movimentou publicações de atores da oposição. Em 30 de abril, seis dias após a demissão de Moro, Lula investiu na desconstrução do ex-ministro. A publicação voltou a subir em engajamentos último dia 6, após a publicização do depoimento.

 

“O Moro era um juiz medíocre. Ele é resultado de 20 minutos todo dia no Jornal Nacional inflando ele. Ele poderia ter pedido desculpas e ter assumido que me julgou politicamente. Sem a toga, ele não é ninguém e é isso que ele vai aprender agora.”

Um comentário pode ser publicado e se manter em repercussão, com curtidas, compartilhamentos e respostas, nos dias posteriores. Assim, o que se publicou com palavras-chave que envolvam o debate do momento pode voltar a protagonizar as redes a qualquer hora, mas sob o clima do tensionamento da hora.

Brasilia, 15/10/2019 Cerimonia de hasteamento da bandeira  nacional com a presença do presidente  Jair Bolsonaro, do então ministro Sergio  Moro (e), da Justiça, e do ministros Paulo Guedes  (c), da Economia, em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasilia.   (Foto: GABRIELA BILÛ/AE)(Foto: GABRIELA BILÛ/AE)
Foto: GABRIELA BILÛ/AE Brasilia, 15/10/2019 Cerimonia de hasteamento da bandeira nacional com a presença do presidente Jair Bolsonaro, do então ministro Sergio Moro (e), da Justiça, e do ministros Paulo Guedes (c), da Economia, em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasilia. (Foto: GABRIELA BILÛ/AE)

A análise depreendida pela Arquimedes a partir do levantamento é de que, num primeiro momento, o comportamento das redes foi confuso. Apoiadores de Moro não sabiam exatamente como defendê-lo. Adeptos de Bolsonaro, por sua vez, ficaram em silêncio, mas logo passaram a chamar o ex-ministro de traidor.

A pauta morista

Ao longo da semana do depoimento de Moro, segundo a start-up, emergiu um grupo nas redes que se aglutinou em torno dele e do lavajatismo. É uma força liderada por personagens do que se entende como a “nova política”, a exemplo de Joice Hasselmann (PSL-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP), dois desafetos de Bolsonaro. Jornalistas também integram o agrupamento, caso de Felipe Moura Brasil, da Jovem Pan.

A tônica do discurso do grupo é a de defender a imagem de Moro e a pauta anticorrupção. Conforme a Arquimedes destaca, os que encampam este grupo não são nomes oriundos de um centro ou de uma centro-direita independentes daquilo que Bolsonaro representa, mas nomes que foram parte da base do presidente, mas “Moro pode ser a figura que une esse grupo, que se posiciona no espectro da direita, mas não da extrema-direita”, pontua o relatório da start-up.

A análise depreendida pela Arquimedes a partir do levantamento é de que, num primeiro momento, o comportamento das redes foi confuso. Apoiadores de Moro não sabiam exatamente como defendê-lo. Adeptos de Bolsonaro, por sua vez, ficaram em silêncio, mas logo passaram a chamar o ex-ministro de traidor.

 

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