Os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin alunissaram o módulo lunar Eagle há exatos 50 anos, em 20 de julho de 1969, às 20h17min. Armstrong foi o primeiro humano a pisar na superfície lunar, seis horas depois, já no dia 21, seguido por Aldrin 20 minutos depois.
Foi um dos principais eventos do século XX. O ineditismo, a curiosidade pública e o interesse político foram propulsores da primeira equipe bem sucedida a chegar à Lua. Depois deles, outros cinco desembarques tripulados foram registrados. Desde dezembro de 1972, ninguém mais voltou lá.
Sobre o assunto:
“A primeira iniciativa de Armstrong foi a de comprovar sua estabilidade no novo ambiente, que tem a sexta parte da gravidade da Terra. Usou uma pá para recolher amostras, guardando-as em um pequeno saco, inspecionou o instrumento externo de alunissagem do veículo. Quatro minutos depois, Aldrin também abandonava o LEM e unia-se a Armstrong, para iniciarem a caminhada de exploração”, detalha trecho de reportagem do O POVO, na edição vespertina daquele 21 de julho.
Os dois passaram cerca de duas horas e 15 minutos fora da espaçonave e coletaram 21,5 kg de material para trazer de volta à Terra. Michael Collins pilotou sozinho o módulo de comando e serviço Columbia na órbita da Lua enquanto seus companheiros estavam na superfície. Armstrong e Aldrin passaram um total de 21 horas e meia na Lua até reencontrarem-se com Collins.
Cobertura
“Este é um pequeno passo para o homem, um gigantesco salto para a humanidade”. A famosa frase de Armstrong após o primeiro passo na Lua estampou a capa da edição extra do O POVO na manhã do dia 21.
No rádio e na televisão, quase simultaneamente, a Terra acompanhava o evento, apesar das dificuldades técnicas. Afinal, era 1969. Na TV, não era fácil assimilar o que se passava. “A imagem era como a de uma máquina de cinema ‘do tempo da vovó’: um pouco espasmódica, em branco-e-prêto, difícil de se ver, tal como nas películas da década de 20”, reportou o jornal impresso (grafia da época).
As reportagens do O POVO traziam a repercussão do feito em diversos países; trechos dos discursos do papa Paulo VI e do presidente estadunidense Richard Nixon; o minuto a minuto da alunissagem; a coleta de amostras do solo lunar; e os cuidados médicos com os astronautas após a amerissagem.
E tinham curiosidades, como o valor estimado dos trajes espaciais dos astronautas, US$ 300 mil, o que hoje equivaleria a mais de US$ 2 milhões. Isto porque era necessária proteção contra a letal radiação solar na superfície da Lua, além, claro, da oxigenação e refrigeração.
“As temperaturas oscilam entre 120 graus acima de zero, ao Sol, e 120 graus abaixo de zero à sombra. [...] Em conjunto, a roupa e o sistema portátil de subsistência que ambos carregam às costas pesam na Terra 86 quilos, mas, na Lua, cuja gravidade é apenas um sexto da terrestre, pesam pouco mais de cinco quilos”, informava O POVO, com informações da Associated Press.
Na Terra
Confira excertos da edição de 21 de julho de 1969 (com reprodução da grafia da época):
“Ontem, a caminhada lunar que excitou tôda a humanidade foi acompanhada pelo maior número de telespectadores da história. Calcula-se que mais de 150 milhões de norte-americanos a assistiram em seus aparelhos de TV. Em todo o mundo, as fantásticas cenas, quando não foram seguidas pela televisão, foram atentamente acompanhadas através de rádios portáteis. O Presidente Nixon declarou o dia de hoje ‘Dia Nacional de Participação’ para homenagear os astronautas que já iniciaram sua longa viagem de retôrno à Terra”.
INGLATERRA
Uma explosão de júbilo sacudiu a praça de Trafalgar, no coração de Londres, quando os astronautas Neil Armstrong e Edwin Aldrin desembarcaram na Lua, a bordo do Módulo Lunar. O côro de alegria simbolizou os sentimentos de milhões de europeus que presenciaram a proeza histórica em transmissões diretas por televisão.
ALEMANHA
Reportagem de TV mostrou respostas a perguntas de alemães. "Será que vão vender amostras da Lua?" ou "Levam os astronautas consigo alguma arma para se defender de algum inimigo desconhecido?".
"Em Munique, o ministro da Fazenda Franz Joseph Strauss comemorou o feito norte-americano com cerveja e sanduíches juntamente com 150 convidados especiais. O chanceler Kurt George Kiesinger observou a histórica alunissagem, pela televisão, numa pequena aldeia da Áustria"
FRANÇA
Nos Campos Elíseos, em Paris, a alunissagem foi assistida sem a recepção que se deveria esperar.
COREIA DO SUL
Os sul-coreanos vibraram aos gritos de alegria pela caminhada lunar.
HOLANDA
Em Haia, a ministra de Cultura Marga Klompé afirmou: "Estamos envolvidos por um sentimento de humanidade".
NORUEGA
As ruas ficaram desertas em Oslo. Milhares reuniram-se em tôrno de seus aparelhos de televisão. Alguns poucos assistiram à façanha em TV a côres. "Conseguiram! Conseguiram!", afirmou uma senhora de idade avançada, no instante apoteótico.
TCHECOSLOVÁQUIA
Em Praga, a primeira reação ocorreu somente 45 minutos depois da alunissagem com a agência de notícias CTK citando um eminente astrônomo tcheco. O dr. Lubos Perek afirmou que a chegada do homem na Lua é um triunfo da inteligência humana.
RÚSSIA
Os meios de informações soviéticos deram a notícia de maneira breve e pausada. Muitos cidadãos russos acompanharam o feito usando transmissoras Ocidentais.
Ao que tudo indica, no entanto, as autoridades russas estão um tanto quanto ressentidas pelo fato de haverem perdido a carreira para a Lua e não querem que tal revés atinja a opinião pública. O povo soviético, individualmente, manifestou entusiasmo e felicitaram os norte-americanos.
MÉXICO
Na Cidade do México, que tem cêrca de sete milhões de habitantes, as ruas ficaram praticamente desertas. Todos queriam ver o desenrolar do histórico acontecimento.
QUITO
Em Quito, momentos depois do anúncio da alunissagem, os carros de bombeiros fizeram soar suas sirenas, anunciando ao povo o fato espetacular.
CHILE
O entusiasmo transbordou quando um comentarista de televisão anunciou do Centro Espacial de Houston: "Já chegaram!". No café Haite, em Santiago, houve silêncio a princípio, para depois homens e mulheres abraçarem-se efusivamente. Alguns saíram às ruas dizendo que queriam ver a lua, mas não conseguiram, no entanto, devido à neblina.
ARGENTINA
Em Buenos Aires, milhares de argentinos aclamaram a notícia de que Aldrin e Armstrong haviam chegado à Lua, mas lamentaram não poderem ver pela televisão. O presidente Juan Carlos Onganía permaneceu em sua residência oficial.
VENEZUELA
A maioria do povo em Caracas permaneceu em suas casas para ouvir por rádio os informes sôbre a alunissagem.
CUBA
Em Havana, a Voz da América estava sendo sintonizada, sem interferência do Govêrno, por milhares de cubanos. "Essas experiências em nada ajudam a humanidade", disse um operário da indústria.
VATICANO
O papa Paulo VI advertiu, domingo, que as maravilhas da tecnologia espacial não deveriam desviar a atenção do mundo das quatro guerras que atormentam a humanidade. "Entre a alegria deste dia decisivo, não devemos esquecer a necessidade e o dever que tem o homem de dominar-se a si mesmo". Numa declaração incisiva pronunciada por ocasião da bênção dominical, o papa classificou o 20 de julho como "um grande dia".
"A edição êxtra com que O POVO noticiou e celebrou, na manhã de hoje, o grande feito dos astronautas norte-americanos, foi entusiasticamente disputada pelos milhares de leitores do "jornal das multidões" nas bancas e demais pontos de venda. Todos queriam guardar como relíquia de grande valia, no futuro, a edição que trazia a manchete histórica - HOMEM NA LUA! - e estampava as primeiras radiofotos distribuídas pela Associated Press documentando a descida de Armstrong do módulo lunar para o solo da decantada Selene.
O POVO foi, como efeito o primeiro jornal cearense a sair às ruas, com amplo material fotográfico e noticiário da AP, dando conta ao homem comum - ainda atônito com o grande feito da tecnologia americana - desse acontecimento que abre uma nova etapa no desenvolvimento da humanidade e nas relações entre os povos".