Em apenas quatro anos de existência, a GDE é considerada a organização mais numerosa no crime do Ceará. São mais de 20 mil integrantes dentro e fora das cadeias. Atualmente, seriam de seis a sete presos da facção para cada grupo de dez internos do sistema prisional cearense. O recrutamento é feito por dívidas de drogas ou promessa de poder nas comunidades.
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A principal fragilidade da GDE estaria exatamente no perfil de seus membros: jovens demais, considerados desorganizados, com atuação setorizada nas ruas da cidade. São tidos como intempestivos, menos estratégicos e imaturos. Unem-se pela proteção entre si, também na prática do crime, mas cada bairro/área faz seu negócio girar isoladamente.
"Eles gostam de seguir ordens, são mais meninos, muito novos. São diferentes do pessoal do PCC ou do CV. O PCC não é de mandar atacar ônibus, por exemplo. Não faria assim", comenta um oficial de alta patente da Polícia Militar, também pedindo o anonimato. Numa descrição dele, gostam de aplicar o terror e expor nas redes sociais. Mas ressalta: "o problema mesmo é que (a GDE) está descapitalizada. Por isso radicalizaram com os ataques". A ordem teria sido repassada por chefes substitutos, repassada para familiares e advogados divulgarem.
O GDE é uma sigla local, surgiu no Conjunto Palmeiras, ao sul do mapa da Capital. Um chamariz no recrutamento da GDE é a ausência da "cebola". É como chamam a mensalidade cobrada pelas facções. Quando surgiu, era o que mais atraía criminosos mais jovens. A cebola do PCC, por exemplo, serve para pagar bancas de advogados ou garantir o provimento de familiares, quando os filiados estão encarcerados.