A Justiça cearense definiu que André Luis da Costa Lopes, o Andrezinho da Baixada, deverá ser levado para o Ceará nas próximas semanas, para ser ouvido presencialmente numa audiência de custódia na Comarca de Aquiraz. Capturado em São Paulo no dia 31 de outubro último, ele é o mais recente dos acusados preso por ter feito parte da emboscada para executar Rogério Jeremias de Simone (Gegê do Mangue) e Fabiano Alves de Souza (Paca). Os dois chefes nacionais da facção PCC foram assassinados na Região Metropolitana de Fortaleza em 15 de fevereiro do ano passado.
A transferência preocupa e demanda cuidados das autoridades locais. admitiu ao O POVO o promotor de justiça Nelson Gesteira, do Núcleo de Investigação Criminal do Ministério Público Estadual (Nuinc-MPCE).
A decisão para transferir Andrezinho foi tomada pelo colegiado de juízes que responde pela 1ª Vara de Aquiraz, que conduz o processo do caso Gegê-Paca. A ordem foi assinada na última segunda-feira, 25. O entendimento é que "há necessidade de comparecimento do réu" porque havia um mandado de prisão preventiva contra ele. O ato é considerado juridicamente indispensável. A comarca de Presidente Venceslau, em São Paulo, para onde o acusado foi transferido, também avaliou que ele não poderia ser ouvido apenas por carta precatória (pedido para que juiz de outra comarca colha o depoimento de réu ou testemunha).
Andrezinho atua na rede de tráfico e crimes na Baixada Santista, litoral paulista. É da "alta patente" do crime local. Sua captura foi num prédio de alto padrão no bairro Guilhermina, na praia Grande. No despacho, os três juízes de Aquiraz mandam que a Polícia Federal providencie a escolta e o recambiamento do criminoso para o Ceará e que essa operação seja comunicada com "antecedência razoável" para oficiar as partes.
Procurada, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) não respondeu, até a publicação desta matéria, como e quando será realizada a transferência de Andrezinho. A informação repassada ao O POVO é que o secretário Mauro Albuquerque só retorna na quinta-feira, 28, para Fortaleza. Não foi detalhada se a viagem dele tem relação com o caso.
O promotor Gesteira confirmou que ainda não há data nem qual unidade prisional deverá receber o acusado. O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) também reforçou que "data e horário da audiência ainda serão definidos devido ao deslocamento dele". No início de novembro, chegou a ser divulgada a informação de que Andrezinho havia sido transferido para um presídio de Alagoas, mas o TJCE assegurou que ele atualmente é mantido na penitenciária de Presidente Venceslau (SP).
Andrezinho é um dos dez réus pela morte de Gegê e Paca. Porém, foi apenas o quarto a ser preso. Também foram capturados Felipe Ramos Morais, Jefte Ferreira Santos e Carlenilto Pereira Maltas. Descoberto pela Polícia em Caldas Novas (GO) três meses após o crime, Felipe foi o piloto do helicóptero usado na trama para matar os dois chefes.
Jefte foi preso em janeiro de 2019 no litoral paulista - ajudou no pagamento de despesas para os executores. Carlenilto (ou "Ceará") também participou do apoio ao plano, foi capturado em abril deste ano em Aracaju. Trabalhou para Gegê e Paca no período em que os dois se instalam em moradias no Ceará. Felipe e Jefte estão nas penitenciárias federais de Campo Grande (MS) e Brasília (DF), respectivamente, e Carlenilto, único mantido numa unidade cearense, está no Centro de Detenção Provisória (CDP), em Aquiraz.
Em outubro de 2018, Andrezinho chegou a se apresentar à Polícia em São Paulo, mas foi liberado porque na época estava vigente a lei eleitoral - que só admite prisões em flagrante - e voltou a fugir. Os demais réus, considerados foragidos da Justiça pelo caso, são: Erick Machado Santos ("Neguinho Rick"), Ronaldo Pereira Costa, Renato Oliveira Mota, Tiago Lourenço de Sá Lima ("Tiririca"), Maria Jussara da Conceição Ferreira Santos (mãe de Jefte) e Gilberto Aparecido dos Santos. Este último, conhecido como "Fuminho", é apontado nas investigações como o principal organizador do plano para assassinar Gegê e Paca - mortos porque teriam desviado dinheiro da facção.
Os juízes de Aquiraz irão ouvir mais testemunhas arroladas pelas defesas de Tiago, Carlenilto, Jefte e Jussara e pelo Ministério Público. O sistema de videoconferência da comarca não poderá ser usado por impossibilidade técnica, segundo a decisão de segunda-feira, e os depoimentos deverão acontecer por carta precatória. Essa era uma das medidas adotadas para aumentar a segurança durante as oitivas.