A 24 dias do primeiro turno das eleições de 2020, percebe-se um olhar dos eleitores para os candidatos à Prefeitura de Fortaleza nada óbvio. Digo isso pois ao analisar a pesquisa O POVO/ Datafolha divulgada no último sábado, 17, é curioso ver como tanto entre os que aprovam o mandato do prefeito atual de Fortaleza como do governador do Ceará está maior a preferência por um candidato do lado oposto: o capitão Wagner.

Faria muito mais sentido que entre os que aprovam suas gestões estivesse a preferência por candidatos que são apoiados por esses mesmos gestores. No caso de associar um nome a Camilo Santana é até compreensível não fazer grandes links pois o governante segue sem tender publicamente de forma considerável para nenhum candidato. Mas daí ter entre os que apoiam seu governo mais eleitores intencionados em votar na completa oposição do Pros é instigante. E ainda tem a pimenta do governador desmentindo Wagner na semana passada sobre a participação na paralisação de policiais militares no Ceará, em janeiro deste ano. O capitão havia negado envolvimento com o motim.

Entre os que aprovam a gestão Roberto Claudio a consulta - entre 14 e 15 de outubro, junto a 812 eleitores da Capital - deu a seguinte divisão: 27% para Wagner; 24% para Sarto (o apoiado pelo prefeito); e 23% para Luizianne. Já entre os que aprovam o mandato de Camilo Santana, 29% das intenções de voto são também para o candidato da oposição do Pros; 28% para o PT (Luizianne); e 19% para PDT (Sarto).

A constatação da primeira pesquisa O POVO/ Datafolha faz crer que os eleitores olham mais para o candidato em si que para suas alianças e partidos. E no caso de Wagner, é claro que o trabalho de construção de sua imagem para concorrer à vaga de prefeito vem de mais longa data para as eleições deste ano. Nas discussões entre quem ficava como candidatos do PT e do PDT, se seriam juntos ou separados, o capitão já estava em campo posicionando sua candidatura.

O que preocupa nessa constatação é que sabemos que ninguém governa sozinho. Na política são sempre muitas as interferências e as camadas de decisões para se governar e concretizar ações reais para a sociedade.