
Coordenador do Esportes O POVO. Jornalista curioso sobre os bastidores do mundo da bola e apaixonado pelo jogo nas quatro linhas
Coordenador do Esportes O POVO. Jornalista curioso sobre os bastidores do mundo da bola e apaixonado pelo jogo nas quatro linhas
Nos anos recentes de sucesso do Fortaleza, a frase "a bola não entra por acaso", cunhada por Ferran Soriano, ex-vice-presidente do Barcelona e hoje CEO do City Football Group, parecia nortear os títulos estaduais e regionais, as ótimas campanhas nacionais e constantes disputas continentais — com direito a uma final de Sul-Americana.
Em 2025, a bola parou de entrar. E também não foi por acaso. Com mais derrotas do que vitórias na temporada, o Tricolor acumula decisões controversas, falhas no planejamento, contratações erradas, trocas em postos estratégicos e desempenhos frustrantes em campo.
Se o futebol movimenta paixões e milhões, o clube do Pici não soube aproveitar o maior orçamento da história e investiu mal. Rodrigo, contratado por R$ 4 milhões, nem vai no banco de reservas. Deyverson, que custou R$ 5 milhões, aparece mais pelas declarações inusitadas e presepadas em campo do que pelos gols. Adam Bareiro e Herrera, que, somados, movimentaram R$ 23 milhões de investimento, ainda não se provaram.
Se o Fortaleza é a soma de várias janelas, as transferências de 2025 têm pesado na conta. À exceção de Matheus Pereira, a maioria dos reforços não vingou — os badalados David Luiz e Pol Fernández até já saíram. A soma, é verdade, não tem tido saldo positivo também em razão do nível técnico dos remanescentes. Jogadores como Mancuso, Martínez e Lucero caíram de rendimento de forma brusca.
São poucos jogadores com alguma regularidade de boas atuações em 2025. Há um mês, então, optou-se pela troca de treinador. Vojvoda foi demitido e deu lugar a Renato Paiva. Houve uma mudança de postura nos primeiros jogos sob o comando do português, mas as partes técnica e tática ainda deixam a desejar. Ainda não houve evolução para uma equipe que briga contra o rebaixamento na Série A.
Meses antes, o Fortaleza tinha demitido o diretor e o executivo de futebol, ficando cerca de 50 dias com o principal cargo do departamento vazio. O escolhido para reassumir o posto foi Sérgio Papellin, velho conhecido, que chegou afirmando que "acabou o caô". O cenário não sofreu grandes mudanças desde a chegada do dirigente. O clube tem dificuldades para contratar volantes, apressou-se para buscar outro goleiro depois de já ter trazido um e trouxe peças que estavam paradas há alguns meses.
Apesar da proximidade da segunda quinzena de agosto, ainda se ouve o discurso de "virada de chave". Depois de sete temporadas consecutivas com conquista de títulos, o Leão deve encerrar 2025 sem taças, a despeito da declaração extremamente otimista — e surreal — de Deyverson sobre a Libertadores.
A soma de todas estas circunstâncias evidenciam que o ano do Fortaleza não deu certo. Resta apenas uma chance de salvá-lo: evitando o rebaixamento. De qualquer forma, indo ou não para a Série B, o clube precisará de um reset geral para 2026. Pouco se salvou em 2025, dentro e fora de campo.
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