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Discriminação e fofoca no centro das discussões do vôlei
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Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc

André Bloc esportes

Discriminação e fofoca no centro das discussões do vôlei

Maior torneio de vôlei do Brasil, que tem inédita participação cearense, estreia regra contra a discriminação de raça, gênero, orientação sexual, religião, pessoas idosas ou com deficiência. E fofoca político-afetiva movimenta o meio ainda mais
Tipo Opinião
BRASIL, CEARÁ, FORTALEZA, 21.10.2022: Cuca x Cruzeiro, Super Liga de vôlei, partida que aconteceu no Ginásio Paulo Sarasate. (Foto: Aurelio Alves/ O POVO) (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES BRASIL, CEARÁ, FORTALEZA, 21.10.2022: Cuca x Cruzeiro, Super Liga de vôlei, partida que aconteceu no Ginásio Paulo Sarasate. (Foto: Aurelio Alves/ O POVO)

A estreia do Rede Cuca Vôlei, primeiro participante cearense na elite da modalidade, não é a única novidade na edição 2022/2023 da Superliga. Há também uma nova regra que prevê perda de pontos para clubes que não agirem para coibir preconceitos, sejam eles de raça, gênero, orientação sexual, religião ou contra pessoas idosas ou com deficiência.

Funciona assim. Em caso de discriminação, cabe ao clube identificar e adotar medidas contra o algoz do preconceito. Se a agremiação for considerada omissa, ela pode sofrer a punição esportiva, de acordo com o que julgar o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Saliente-se que a nova regra, anunciada pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), vale para as modalidades masculina e feminina da Superliga. Mais que isso, a punição pode partir de ofensas proferidas por qualquer agente ligado ao clube, desde jogadores, técnicos e dirigentes, até os próprios torcedores.

É uma regra bem-vinda num meio paradoxalmente marcado por grandes casos de discriminação. Aqui mencionei a homofobia/transfobia do agora deputado federal eleito Maurício Souza e da candidata derrotada Tandara Caixeta, suspensa do esporte por doping. Mas existem ainda dezenas de outros casos. Inclusive registros de injúrias raciais contra dois dos maiores jogadores da história da seleção: a meio de rede Fabi e o oposto Wallace.

Punição esportiva, com perda de ponto, é um paliativo. Trata o sintoma ao proteger as vítimas — afinal, os algozes passam a se policiar para não punir o clube. A solução definitiva é bem mais complexa. Passa por mudanças estruturais em toda sociedade. 

Fofoca movimenta o vôlei feminino

Existem muitos casais famosos no vôlei feminino e, por ser questão de foro íntimo, ninguém é obrigado a assumir ninguém. A situação pode criar inclusive embaraços para as seleções. O ouro olímpico em Londres-2012 teve um drama afetivo como pano de fundo.

Acontece que um famoso ex-casal foi confirmado nas redes sociais. Da pior forma possível. Ao assumir apoio a Jair Bolsonaro, a ponteira Natália Pereira foi criticada por fãs e "se assumiu hétero", apesar de ter tido uma "experiência" com uma mulher.

A mulher em questão era Bia, central da seleção, que ironizou a ex nas redes sociais. "Me sigam para mais dicas da cura gay!", brincou a jogadora. "Podia ser amor, mas era só experiência", completou.

Tem muito paradoxo nessa história. E não acho legal revelar a heterossexualidade alheia. Quanto mais questioná-la. A reação de Bia foi divertida e só espero que ela esteja bem. É duro ser menosprezada publicamente por alguém que já se amou.

Quanto a Natália, que seja feliz. Não se nega isso a ninguém, independentemente da sexualidade.

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