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Automóveis: por falar em 1º de abril...
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Boris Feldman é mineiro, formado em Engenharia e Comunicação. Foi engenheiro da fábrica de peças para motores Metal Leve e editor de diversos cadernos de automóveis. Escreve a coluna sobre o setor automotivo no O POVO e em diversos outros jornais pelo país. Também possui quadro sobre veículos na rádio O POVO/CBN

Automóveis: por falar em 1º de abril...

Como, em geral, não entende nada do assunto, motorista é presa fácil em oficinas, lojas, postos, fábricas, concessionários....
O que você precisa saber sobre automóvel (Foto: Camila De Almeida em 11/1/2016)
Foto: Camila De Almeida em 11/1/2016 O que você precisa saber sobre automóvel

Versão “Entrada”

É o carro que não existe. Ou melhor, só existe na lista de preços.. O chamado carro “de entrada” que nunca entrou no show room da concessionária. Armadilha para fisgar o cliente com o modelo que tem preço super atrativo, mas jamais fabricado naquela configuração, desprovido de qualquer acessório.

Potência “Virtual”

Para atrair clientes, a fábrica declara potência maior que a real. Cavalos que só aparecem se abastecido com gasolina especial (premium), ou porque o motor só existe em outros mercados.

Autonomia do elétrico

A mentira começa pelos inúmeros padrões para se aferir o alcance do elétrico. Pelo menos dois na Europa, outro nos EUA e mais um (Inmetro) no Brasil. Mas, qualquer que seja o padrão, não se alcança a autonomia declarada por inúmeros fatores que a jogam para baixo. Ar-condicionado ligado, topografia muito irregular, temperatura ambiente muito baixa ou elevada e outros.

Couro ecológico?

É ilegal no Brasil mencionar couro que não seja o real, produzido a partir da pele animal. Qualquer outra titulação é proibida: nada de couro “sintético”, ou “ecológico” ou “vegano” para enrolar o freguês.

Fraudes ecológicas

A mais famosa foi o “dieselgate” armado pela Volkswagen nos EUA, para tapear o controle de emissões de seus carros a diesel. No Brasil, a Fiat adotou esquema semelhante para enganar o Cetesb, órgão que analisava o teor de emissões de carros a gasolina.

Recall na “moita”

Na dúvida se faz ou não o recall, a fábrica decide fazê-lo “na moita”, sem declará-lo oficialmente. Tem que trocar um componente com erro de projeto ou manufatura? Fica quieta e aproveita para substitui-lo quando o carro for levado à concessionária para revisão.

Stock Car

A mais disputada corrida de automóveis no Brasil, costuma emocionar mais a platéia que a Fórmula 1, tão grudados andam os carros em memoráveis pegas com os mais renomados pilotos brasileiros. Mas o logotipo lá na grade dianteira não passa de enganação: o bólido não tem nada a ver com o carro que roda na rua, nem sequer se trata de uma evolução para as pistas. Não passa de uma simulação, pois todos os competidores aceleram a mesma mecânica: motor, câmbio, suspensão, freios são todos rigorosamente os mesmos e não portam sequer um parafuso do carro que está no show-room da marca.

Porta-malas com água

Se você não presta serviços para o Corpo de Bombeiros, qual o interesse em saber quantos litros de água carrega seu porta-malas? Pois este foi o método que algumas fábricas resolveram adotar para esta medição. O outro (VDA) usa pequenos blocos de 1 litro (ou ½ litro) que revelam com relativa fidelidade a capacidade de carregar malas, sacolas, etc. Mas água entra em qualquer cantinho, né?

Turbo quebra carro

Pura verdade, caso a turbina seja adaptada num motor que não saiu turbinado, mas aspirado, da linha de montagem.

40 mil km

Quilometragem mágica para a empurroterapia: amortecedores, catalisadores, cabos de vela, todos dançam no baile da mentira. São componentes que podem ultrapassar os 100 mil km, mas o fabricante quer ultrapassar – às suas custas - sua meta de faturamento...

Revisão “grátis”

“Revisão de 28 itens do seu carro”. Grátis, ou por R$ 99 em três vezes sem juros. Depois que o motorista morde a isca e deixa lá o carro, recebe uma ligação da oficina: “Pois é doutor. Ao desmontar seu automóvel, descobrimos a necessidade de substituir.....” E aí vem uma longa lista de mentiras...

“Dedo de ouro”

Enquanto abastece o tanque, alguns frentistas sacam verdadeiras pérolas do baú: óleo está muito escuro ou perdeu a viscosidade (com uma gotinha dele entre os dedos), este aditivo do óleo prolonga por um milhão de km a vida do seu motor, este para a gasolina dobra a potencia (e a conta...), sua palheta do parabrisas já era, voltou a obrigatoriedade do extintor...

“TOC”

Algumas oficinas (inclusive de concessionárias) são diagnosticadas com o Transtorno Obsessivo Compulsivo, ou Mania de Limpeza. E empurram limpeza de bicos, corpo da borboleta, catalisador, sonda lambda, descarbonização do motor e tudo mais que sua fértil imaginação é capaz de inventar

Mais Boris? autopapo.com.br

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