O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
Maior nome da oposição na disputa pela Prefeitura de Fortaleza, o deputado federal Capitão Wagner (Pros) minimiza ataques que vem recebendo por conta de sua aparente relação com o presidente Jair Bolsonaro. Mesmo que não tenha sido endossado publicamente pelo presidente na disputa deste ano, aliados do prefeito Roberto Cláudio (PDT) tem apontado o militar como "candidato oficial" do bolsonarismo em Fortaleza. A estratégia, que busca lançar sobre Wagner a má avaliação do presidente em capitais do Nordeste, terá lugar mais que certo na campanha eleitoral da Capital, sobretudo pelos candidatos do PDT e do PT.
"O Bolsonaro já deixou muito claro que não apoia nenhum candidato a prefeito em nenhuma cidade do Brasil, então estou muito tranquilo com relação a isso", disse Wagner à coluna. "Vamos construir nossa base focado nas pessoas que estão aqui no Estado", completa.
Entre pessoas procuradas pela campanha do deputado estão desde "outsiders" como o empresário Geraldo Luciano, que chegou a ensaiar candidatura a prefeito pelo Novo, até lideranças do "bolsonarismo puro", como o deputado estadual André Fernandes. No final de julho, o parlamentar, alvo de ação por quebra de decoro na Assembleia Legislativa, divulgou vídeo em que anuncia oficialmente apoio à pré-candidatura de Wagner, destacando o militar como opção "contra o PT de Lula e o PDT dos Ferreira Gomes".
Outra aposta de Wagner são integrantes do poder financeiro do Estado. "A desistência do Geraldo Luciano fez com que muitos empresários, empreendedores, buscassem alternativas para a eleição, então temos recebido algumas dessas ideias que estão sendo colocadas", diz Wagner, que tem aumentado o "giro" em torno de figuras do empresariado cearense. Ele não descarta, por exemplo, que Luciano e outros possam contribuir diretamente com a elaboração de seu plano de governo, que deve ter várias propostas específicas para o setor.
Se a estratégia de Roberto Cláudio para o candidato do PDT é apostar na importância da boa relação entre o prefeito de Fortaleza e o governador do Ceará, Wagner deve utilizar moeda semelhante com relação ao presidente da República. "Logicamente, o prefeito ter acesso ao governo federal é muito importante para buscar recursos, convênios. Todo prefeito que teve algum alinhamento com o governo federal conseguiu implementar seu programa muito melhor. O próprio Roberto Cláudio foi muito beneficiado com recursos e empréstimos federais na época da Dilma e do Temer", destaca.
Capitão Wagner destaca que tem diversas divergências com relação ao presidente, mas destaca ações do governo federal no Ceará. "Temos pontos no discurso que são divergentes, embora a gente reconheça os benefícios que ele tem gerido para o Nordeste. É só ver coisas como a conclusão da transposição do São Francisco, o auxílio emergencial (...) mas jamais vamos vincular nosso nome ao do presidente sem que tenha um apoio de fora claro", diz.
Outra recente aproximação que Wagner tenta emplacar de olho na disputa deste ano, com o MDB local, é bastante curiosa. Em 2016, o partido foi aliado de primeira hora do deputado na disputa municipal, indicando inclusive o empresário Gaudêncio Lucena como vice de chapa. Em 2018, no entanto, a reaproximação do MDB com o governo Camilo Santana (PT) rendeu pesadas críticas de Wagner ao líder maior do partido no Ceará, o ex-senador Eunício Oliveira.
"Tenha vergonha na cara", chegou a dizer ao emedebista. Nas últimas semanas, no entanto, circularam fotos de Wagner com lideranças do partido, inclusive o próprio Gaudêncio. Coisas da política.
Política é imprevisível, mas um texto sobre política que conta o que você precisa saber, não. Então, Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.