Em evento que lançou ontem a pré-candidatura de Alexandre Pereira (Cidadania) à Prefeitura de Fortaleza, o atual gestor da Capital, Roberto Cláudio (PDT), elevou o tom das críticas ao principal nome da oposição na corrida ao Paço, o deputado federal Capitão Wagner (Pros).
Segundo RC, a candidatura de Pereira, licenciado da Secretaria do Turismo do município desde 4 de junho, "é importantíssima nesse debate pré-eleitoral para que Fortaleza não possa dar espaço a aventuras que flertam com a milícia, que flertam com a intolerância e não respeitam a democracia".
Sem mencionar Wagner, alvo das declarações, o prefeito afirmou que o adversário é um nome que "não tem nenhum tipo de empatia com o povo" e que almeja "projetos de poder pessoal que têm ressonância e replicação na política nacional e internacional".
Em seguida, acrescentou: "É fundamental que nós, que somos democratas, que prezamos pela política de resultados para quem precisa, possamos estar unidos contra esse tipo de intolerância, muitas vezes manifesta pela indústria do ódio, das fake news e da negação da atividade política democrática".
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Mediado pelo vereador Michel Lins (Cidadania) e com participação do presidente nacional da legenda, Roberto Freire, o encontro apresentou Alexandre Pereira como aposta em 2020.
Convidado a participar, Roberto Cláudio explicou que "alguns dos partidos que fazem parte da aliança lançaram candidaturas, inclusive estimuladas por mim", e citou o caso do ex-secretário, um desses postulantes da base do chefe do Executivo.
Até agora, há pelo menos sete pré-candidaturas de aliados do Paço, incluindo-se cinco do próprio PDT, uma do PSB, com Élcio Batista, e a de Pereira, pelo Cidadania.
O prefeito reconheceu que a base tem concorrentes dentro e fora do PDT e que, "ao final de agosto ou início de setembro", essas legendas irão se sentar e, "de forma madura, ouvindo o povo de Fortaleza, decidir um projeto de futuro e candidaturas a prefeito e vice que nasçam dessa discussão".
Ainda no debate, que durou cerca de uma hora e meia e foi transmitido pelas redes sociais, RC fez um balanço da gestão prestes a se concluir. Falou dos Cucas, iniciados com a ex-prefeita Luizianne Lins, que ele disse ter expandido e que chegarão a cinco neste ano, e de outros projetos em andamento, como a rede de UPAs, Hospital da Criança e IJF 2, além de intervenções em bairros da periferia da cidade que devem ficar prontas até o fim do mandato.
"É preciso que as pessoas tenham a segurança, ao votar agora, que não vão perder as 12 UPAs, não vão perder a cobertura que duplicou do Programa Saúde da Família, que não vão perder as quatro policlínicas que não existiam", prosseguiu. "A gente avança com quem sabe fazer e quem tem experiência em liderar, administrar bem e buscar a inteligência da cidade."
Mais uma vez sem se referir abertamente a Wagner, Roberto Cláudio ponderou que, "se houver ódio, negação, inexperiência ou incapacidade administrativa, essas obras não terão continuidade".
As citações veladas ao deputado federal foram acompanhadas de críticas dos colegas de evento, que repetiram a advertência de que a Capital não pode estar sob o comando de "um aventureiro", conforme afirmou Michel Lins e endossou Alexandre Pereira.
Ao O POVO, Capitão Wagner respondeu que o prefeito "foi maldoso" ao falar que sua candidatura não tem empatia. "Fomos para o segundo turno em 2016 e por pouco não vencemos em Fortaleza", ressaltou. Em 2018, continua Wagner, foi o deputado mais votado para a Câmara Federal.
O prefeiturável afastou ainda a acusação de que seria um aventureiro: "Parece mais aventura o que estão tentando fazer, lançando cinco candidatos. É tática para chegar ao segundo turno e temor de perder no primeiro".
"Enquanto o prefeito estava me criticando", segue o deputado, "eu estava reunido com médicos que criticaram o que ele não fez na cidade".
Sobre as falas mais incisivas que vêm sendo feitas por Ciro, Cid e RC nos últimos dias, à medida que a pré-campanha se intensifica, Wagner assinalou que está tranquilo.
"Quando a gente vê o grupo todo focar na nossa candidatura, é porque estamos no caminho certo. Fortaleza está querendo algo diferente, e não uma família que manda no estado ou na cidade", rebateu.