O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
Candidata à Prefeitura de Fortaleza em 2020, a deputada federal Luizianne Lins (PT) diz que recebeu ligação do então candidato do PDT na disputa, José Sarto, propondo um “pacto de não agressão” entre os dois durante a campanha daquele ano. Apesar da proposta, a petista foi alvo em programas eleitorais do hoje prefeito no 1º turno.
“Foi combinado. O governador Camilo me chamou e propôs um pacto de não agressão, e eu topei em não atacar o Roberto Cláudio. O Sarto me ligou, propôs, através do deputado Elmano (Freitas, do PT), essa não agressão e que a gente iria se encontrar no segundo turno. Aceitei e fui de coração aberto, como sempre faço, sem atacar ninguém”, diz.
Inicialmente atrás de Luizianne nas pesquisas, Sarto fez diversos programas de rádio e TV com foco em criticar a gestão da petista. Por conta de ataques, a Justiça chegou a conceder direito de resposta a Luizianne e até a barrar uma propaganda que classificava a petista como "pior prefeita do Brasil", com base em pesquisas de opinião.
Pedetistas, no entanto, destacam que a questão fazia apenas uma comparação “óbvia” entre gestões do PT e PDT na Capital. “Jamais fiz qualquer ataque pessoal a quem quer que seja. Eu faço o debate programático, eu faço uma crítica a ideias e projetos, isso não é ataque pessoal”, disse Sarto à época, afirmando que Luizianne também fez diversas críticas a RC na campanha. O pacto de não agressão, no entanto, nunca tinha sido revelado.
“O que aconteceu foi que eu sofri violentamente ataques. Primeiro eram trinta, quarenta publicações nas redes sociais. Quando viram que eu não caía e o Sarto não subia, eles foram para a TV. Chegaram a trinta, quarenta inserções diárias me detonando, construindo uma narrativa completamente falsa sobre o nosso governo”, afirma Luizianne.
Ex-prefeita de Fortaleza entre 2005 e 2012, Luizianne disse que, por conta do pacto, foi “pega de surpresa” com os ataques vindos do PDT. “Isso não é leal. Fui pega de surpresa, fui enganada. Ninguém conseguiu deter a sanha do Ciro (Gomes) contra nós, porque eles queriam me tirar do 2º turno. Não foi o bolsonarismo que me atacou aqui, foi o PDT”.
Segundo a petista, o descumprimento do acordo é uma das razões pelas quais ela defende, para a disputa de 2022, um “veto” ao nome do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) como candidato da base aliada de Camilo Santana (PT) para o Governo do Ceará. Segundo ela, o pedetista tem realizado uma “verdadeira campanha para desconstruir” suas gestões.
“Isso eu não vou esquecer. O que eu sofri aqui se chama violência de gênero. O que eles fizeram foi isso, me colocar como incompetente, que não fez nada”, diz a deputada, que destaca ações de seu governo, como a criação dos Centros Urbanos de Cultura e Arte (Cucas), do Hospital da Mulher, da tarifa social de ônibus e do Réveillon de Fortaleza.
Atualmente, Roberto Cláudio é um dos quatro nomes cotados pelo PDT para disputar pelo Governo do Ceará em 2022. Prefeito de Fortaleza entre 2013 e 2020, RC é considerado o "candidato natural" à sucessão de Camilo Santana por ter deixado o governo elegendo o sucessor, José Sarto, e com uma gestão bem avaliada em pesquisas de opinião, principalmente na área de mobilidade urbana.
Pesquisa Ibope divulgada ao final do mandato, por exemplo, apontou aprovação do prefeito em 67%, com índice de ótimo ou bom em 56%. O índice era tão bom ou melhor que o da gestão Camilo Santana, que possuía ótimo ou bom em 51%. Além de RC, outros nomes cotados para a candidatura do PDT são o presidente da Assembleia, Evandro Leitão, a vice-governadora Izolda Cela e o secretário de Planejamento do Estado, Mauro Filho.
Luizianne, no entanto, defende que o PT não se coligue com o PDT caso o partido decida lançar RC para a sucessão de Camilo. "Nós já temos vetos concretos, conversados e ditos. Roberto Cláudio hoje não passa nem entre os deputados, nem entre vereadores, nem entre militância, eles não querem o Roberto Cláudio”, disse no último sábado, 2.
“Se eles (Cid e Ciro Gomes) dizem que querem negociar e já chegam com um nome que já foi vetado, e inclusive a presidente Gleisi (Hoffmann, presidente nacional do PT) já foi informada disso, não vai para frente. Há um veto expresso, por tudo que ele fez e pelo que ele não fez, até porque ele poderia ter feito a diferença aqui na eleição do Haddad aqui em Fortaleza, e não mexeu uma palha. É um nome que já está fora", continua.
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