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Ciro denuncia Inspetor Alberto por crimes contra a honra
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

Ciro denuncia Inspetor Alberto por crimes contra a honra

Em um dos vídeos citados pela defesa de Ciro, Inspetor Alberto é questionado por um entrevistador sobre qual seria "a diferença" entre Ciro e o ex-presidente Lula (PT). "Lula gosta de cachaça e Ciro Gomes gosta de farinha", diz o vereador.
Ciro Gomes: ação contra pré-candidato ao Senado (Foto: Reprodução / vídeo)
Foto: Reprodução / vídeo Ciro Gomes: ação contra pré-candidato ao Senado

Pré-candidato ao Senado Federal pela ala bolsonarista do Ceará, o vereador de Fortaleza Inspetor Alberto (PL) virou alvo no último mês de uma queixa-crime apresentada pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT) na Justiça do Ceará. Na ação, o pedetista cobra que o parlamentar responda pelos crimes de difamação e injúria, após uma série de ataques feitos pelo bolsonarista em vídeos divulgados nas redes sociais .

Em um dos vídeos citados pela defesa de Ciro, Inspetor Alberto é questionado por um entrevistador sobre qual seria "a diferença" entre Ciro e o ex-presidente Lula (PT). "Lula gosta de cachaça e Ciro Gomes gosta de farinha", diz o vereador. Para a defesa de Ciro, a frase tenta insinuar, em tom jocoso, que o pedetista seria usuário de entorpecentes.

"A publicação assume caráter injurioso e difamatório ao propagar em meio digital que o Senhor Ciro Ferreira Gomes faz uso de substâncias entorpecentes, o que é um fato sabidamente inverídico", afirma o advogado de Ciro, destacando ainda fins eleitorais da publicação. A defesa também destaca que Alberto tem feito reiteradamente ataques do tipo. "Sabedor da postura proba e da reputação ilibada do querelante (Ciro), o senhor José Alberto insiste em realizar afirmações de fatos inverídicos contra o senhor Ciro Gomes".

 

Ministério Público

Em petição apresentada no processo, o promotor Marcelo Gomes Maia, representante do Ministério Público no caso, se manifestou reconhecendo que a queixa-crime possui "exposição clara e suficiente do fato", com a conduta de Alberto podendo ser enquadrada, "em tese", em crime de difamação. O promotor, no entanto, pede que o juiz promova primeiro uma oportunidade de conciliação entre as partes, antes o início de uma ação penal.

Vídeos e redes sociais

VEREADOR Adail Júnior (PDT)
VEREADOR Adail Júnior (PDT) (Foto: Érika Fonseca/CMFor)

Nas últimas semanas, têm crescido nos bastidores o incômodo entre políticos mais tradicionais com o uso feito por vereadores e deputados bolsonaristas das redes sociais para o debate político. Na última quinta-feira, 30, sessão da Câmara Municipal de Fortaleza foi tomada por um intenso embate com críticas de diversos parlamentares ao vereador Carmelo Neto (PL), eleito em 2020 para o primeiro mandato.

Em pronunciamento na tribuna, Adail Júnior acusou o colega de recortar trechos descontextualizados de falas de outros parlamentares para a elaboração de vídeos para suas redes sociais. "Nunca vi isso, é um desrespeito, um vereador que quer usar o outro como escada", diz. Apesar de citar Carmelo diretamente, Adail insinuou que o uso de imagens manipulativas já seriam uma prática comum pelos parlamentares de oposição mais ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Eu não vou mais tratar isso nos bastidores ou em conversa em grupo de vereadores não. Agora toda vez que vir alguma coisa dessas, eu vou trazer é para a tribuna. Não vou ficar calado não", desabafa Adail. Carmelo Neto chegou a interromper o colega, afirmando que não seria "intimidado" pelo pronunciamento. Depois, ele se inscreveu para falar e destacou que todas as imagens utilizadas em suas redes são públicas e que os vídeos servem como forma de "prestação de contas" ao seu eleitorado.

Bate-boca

A fala de Adail acabou provocando uma verdadeira "lavagem de roupa suja" na Casa, com diversos parlamentares subindo à tribuna para falar do caso. Léo Couto (PSB) e Gardel Rolim (PDT) corroboraram com a reclamação. "Eu acho desrespeitoso, até desonesto, pegar um debate que muitas vezes demora 10, 15, 20 minutos, e cortar uma fala de três ou quatro segundos para fazer montagem", disse Gardel.


A reclamação do uso das redes sociais pelos bolsonaristas, no entanto, está longe de ser novidade na Casa. No ano passado, o presidente Antônio Henrique (PDT) precisou apaziguar uma discussão interna entre vereadores iniciada após Inspetor Alberto divulgar ataques contra Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em um grupo de WhatsApp dos vereadores de Fortaleza.

 

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