O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
Está previsto para ser apresentado nesta quarta-feira, 13, o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa (AL-CE) que investiga o financiamento de associações ligadas a policiais militares no Ceará. No documento, o relator Elmano de Freitas (PT) deverá pedir o indiciamento de uma série de pessoas ligadas a entidades do tipo no Estado.
Até a tarde desta terça-feira, 12, o documento ainda estava em processo de finalização, sem a divulgação de maiores detalhes dos encaminhamentos que deverão ser sugeridos pelo relator. A maior parte dos questionamentos, no entanto, teria relação com depoimentos e documentos envolvendo a Associação dos Profissionais da Segurança (APS).
Em abril, o policial militar Elton Régis do Nascimento, ex-dirigente da entidade, prestou depoimento ao grupo apontando possível participação da APS no motim da PM de 2020. Segundo ele, a associação teria cogitado "amparar" agentes que fossem demitidos ou expulsos da corporação por participação do movimento paredista.
“Seja na contratação como funcionário, ele fazendo a adesão de novos associados, então ele iria ganhar aí um comissionamento em cima daquele contrato”, explica. No depoimento, Régis apontou ainda suposto “uso político” da entidade e afirmou que decisões da APS passavam pelo “crivo” do deputado federal Capitão Wagner (União Brasil), hoje pré-candidato ao Governo do Estado.
Em outro momento da CPI, Elmano de Freitas exibiu gravação de uma reunião de diretoria da APS onde teria sido relatada, segundo o relator, uma suposta tentativa de tráfico de influência da entidade. A gravação foi encaminhada à Perícia Forense e apontava um pagamento em R$ 400 mil para que a entidade conseguisse uma liminar na Justiça permitindo o desconto em folha de mensalidades de seus associados.
As propostas de encaminhamento deverão ser apresentadas em reunião da CPI do Motim marcada para as 16 horas esta quarta-feira, 13. Antes de seguirem ao Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) ou possíveis outros órgãos de controle, os pedidos precisam antes de aprovação pela maioria dos integrantes da comissão.
Único integrante da oposição na comissão, o deputado Soldado Noelio (União Brasil) tem criticado os trabalhos da CPI desde antes mesmo da instalação. Ele nega quaisquer irregularidades e acusa o grupo de ter fins “eleitoreiros”, tendo sido criado com o objetivo de tentar desgastar a imagem de Capitão Wagner, um dos principais líderes da oposição e pré-candidato ao Governo do Ceará.
"Usar uma CPI, importante instrumento conferido aos parlamentares, para fazer politicagem, só mostra que o governo e seu grupo político estão dispostos ao ‘tudo ou nada’ para se manter no poder. Também leva ao questionamento a atuação do relator Elmano, em criar narrativas para desconstruir a imagem de Capitão Wagner e todos que lhe apoiam”, diz.
Instalada em agosto do ano passado, a CPI do Motim investiga se recursos recolhidos por associações ligadas a agentes de segurança financiaram atos do motim de 2020 no Ceará. Uma das linhas de investigação envolvem cheques assinados por lideranças de algumas das entidades em datas próximas ao início do movimento paredista.
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