Carol Kossling é jornalista e pedagoga. Tem especialização em Assessoria de Comunicação pela Unifor e MBA em Marketing pela Faculdade CDL. Pautou sua carreira no eixo SP/CE. Fez parte da equipe de reportagem do Anuário Ceará e da editoria de Economia do O POVO. Atualmente é Editora de Projetos do Grupo de Comunicação O POVO
A Be.Labs, aceleradora de negócios e mentoria de empreendimentos femininos do Nordeste, divulgou um estudo que mostra que das 600 mulheres ouvidas, 92% afirmam que não deixariam de empreender para aceitar uma vaga de trabalho no regime CLT
Fundamental para compreensão das necessidades sociais em diferentes áreas, as pesquisas identificam aspectos positivos, mas, especialmente, os negativos que merecem atenção para serem melhorados, inclusive com políticas de incentivos sejam públicas ou privadas. Recentemente, a Be.Labs, aceleradora de negócios e mentoria de empreendimentos femininos do Nordeste, divulgou um estudo que mostra que das 600 mulheres ouvidas, 92% afirmam que não deixariam de empreender para aceitar uma vaga de trabalho no regime CLT, isto é, dentro das regras da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) inserida na legislação brasileira. Muitas delas, o equivalente a 78,14% das entrevistadas, relatam que seus negócios surgiram pelo desejo de independência e ter seu próprio negócio.
Motivação
Segundo a especialista em empreendedorismo feminino e fundadora da Be.Labs, Marcela Fujiy, a pesquisa foi motivada pela necessidade de retratar as especificidades das empreendedoras do Nordeste, apesar da existência de estudos relacionados ao empreendedorismo no País, incluindo recortes por gênero e raça.
"Com a pesquisa, a Be.labs quer contribuir para a produção de conhecimento científico e para a formulação de políticas públicas e iniciativas do setor privado que possam ajudar essas mulheres a desenvolverem seus negócios com autonomia. Além de dar apoio e estímulo aos empreendimentos femininos como uma forma de colocar as mulheres no centro da economia e aumentar a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres", afirma.
Nordeste
Os dados mostram que as mulheres que empreendem no Nordeste têm, em média, 38,5 anos, se autodeclararam negras (64,4%), casadas (41,1%), com filhos (71,7%) e chefes de família (52,3%). Entendemos por chefes de família mulheres que são responsáveis pelo sustento da família, assumindo a maior parte ou a totalidade das despesas.
Ainda em relação ao perfil socioeconômico, a maioria possui alto nível de escolaridade, com pós-graduação ou graduação completa. Isso, porém, não garante às mulheres maior renda: 56% das empreendedoras recebem de 1 a 3 salários mínimos, seguidas pela parcela de mulheres que recebem menos de 1 salário mínimo (28,0%). Isso impossibilita viver exclusivamente do próprio negócio: 71,6% informaram que o negócio não é sua única fonte de renda.
Ceará
De acordo com a pesquisa, as empreendedoras do Ceará têm a idade média de 37,2 anos e a maioria delas é negra (67%). Além disso, mais da metade são casadas (54,12%) e possuem filhos (76,47%). Quanto à escolaridade, as cearenses se destacam em sua preparação para o mercado de trabalho, 24,71% têm 2º grau completo; 20% superior completo; e 27,06% pós-graduação completa.
A maioria empreende no segmento de produção (35,29%), como artesanatos e confeitaria. Em relação à renda mensal, 60% possuem uma renda mensal de 1 a 3 salários mínimos e 23,53% possuem uma renda de menos de 1 salário mínimo.
Fracasso
Sobre a relação das mulheres com seu negócio, a maioria (52,7%) apontou ter medo constante de fracassar - somando-se as porcentagens de respostas “concordo” e “concordo totalmente”. Esse temor pode ser explicado pelo medo de confiar em sua própria capacidade, e é fruto de um mercado que não abre muito espaço para mulheres ocuparem cargos de liderança. O índice é maior no Ceará, onde 57,6% apontaram medo de fracassar, e menor em Alagoas, com porcentagem de 28%.
"Esse temor pode ser explicado pelo medo de confiar em sua própria capacidade, que é fruto de uma sociedade patriarcal em que a mulher é responsável majoritariamente pelas atividades relacionadas ao cuidar e é pouco estimulada e até mesmo desacreditada em suas habilidades de liderança. É fruto de uma sociedade onde regras são ditadas e criadas a todo momento sobre como devemos ser, agir, falar", diz Marcela.
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