Do pão de queijo ao ESG: cearense conta carreira na sustentabilidade
Carol Kossling é jornalista e pedagoga. Tem especialização em Assessoria de Comunicação pela Unifor e MBA em Marketing pela Faculdade CDL. Pautou sua carreira no eixo SP/CE. Fez parte da equipe de reportagem do Anuário Ceará e da editoria de Economia do O POVO. Atualmente é Editora de Projetos do Grupo de Comunicação O POVO
Do pão de queijo ao ESG: cearense conta carreira na sustentabilidade
De colaboradora terceirizada que assava pães de queijo a gerente de sustentabilidade. A jovem, Raíssa Bisol, implantou há mais de 10 anos a área verde e social no parque aquático em Aquiraz
Ajudar as pessoas era o propósito de Raíssa Bisol desde pequena, que sonhava em ser psicóloga. Mas sua vida tomou outro rumo e a jovem encontrou num curso técnico sobre Meio Ambiente, em Maracanaú, seu propósito de vida. Ela conta com franqueza que não escolheu o meio ambiente, mas que foi ele que a escolheu.
Mas para isso, teve que largar o primeiro emprego como jovem aprendiz na Forno de Minas, onde treinava os colaboradores do Beach Park para assar pães de queijo. Nas horas vagas servia café nas mesas e atendia os clientes do parque. Para avançar nos estudos teve que abrir mão do trabalho.
Mas logo os clientes perguntaram por ela e o Beach Park foi procurá-la. Horários acertados para estudar e trabalhar, Raíssa começou como atendente de lanchonete do próprio parque turístico, depois foi para a recepção e trabalhou até como consultora de turismo.
Em tudo que faz gosta de agregar os outros, tanto que sempre fala no plural, o que demostra o espírito de coletividade que busca alcançar em cada ação, da menor a maior, dentro da sustentabilidade.
Junto com as formações acadêmicas foram somando-se as conquistas no trabalho com a formação do setor de sustentabilidade.
Atualmente, Raíssa organiza todas as ações que faz em um relatório de sustentabilidade que aponta o que ela e todo o seu time têm feito em prol de uma sociedade e um mundo melhor. Ela gosta de inspirar outras pessoas e empresas para fazer boas práticas e não apenas a sua lição de casa dentro da companhia.
O POVO conversou com essa jovem, de 33 anos, que está há 15 na empresa, usa seus incômodos em relação ao que vê, sente e pensa para pode ser melhor para agir. Confira.
O POVO - Você gostaria de ser psicóloga. Como foi essa guinada na carreira? Raíssa Bisol –Desde pequena queria estudar psicologia, pois guardava no meu coração que queria fazer a diferença na vida das pessoas. Esse sempre foi o meu alvo.
Por gostar muito de se relacionar com plantas e o meio ambiente meu pai quando soube de um curso técnico em Maracanaú, onde morava, me falou e disse a ele que ia testar. Me apaixonei.
O POVO - O que é trabalhar com sustentabilidade para você?
Raíssa - Hoje, para mim, é fazer a diferença na vida das pessoas. Penso que preciso ajudar alguém e não apenas dar um resultado, pois esse resultado pode mudar. Já o impacto que a gente causa na vida do outro não.
Isso é a essência do meu propósito de vida e profissão. Essa é minha visão de futuro, todos os projetos que desenho para o Beach Park ou para mim tem que estar alinhado com esse propósito.
O POVO – Atualmente, a quem está ligada a área de sustentabilidade na empresa? Raíssa - A sustentabilidade é ligada diretamente ao presidente da empresa e respondemos diretamente ao CEO, Murilo Pascoal.
E dentro da sustentabilidade atendemos bem direitinho os eixos, com um time que cuida do ambiental, outro do social, e um mais ligado a parte de finanças ecológicas.
O POVO – O parque aquático começou a trabalhar questões ambientais pelas certificações. Quando foi isso? Raíssa – Isso. Dentro da parte ambiental a gente gerencia as premiações e certificações. E a primeira certificação conquistada por nós foi a ISO 14001, começamos com o diagnóstico em 2013 e depois, em 2016, a gente decidiu certificar.
Desde que decidimos implantar o setor pensamos em seguir os padrões internacionais e fomos o primeiro parque aquático no Brasil, certificado nessa norma e continuamos sendo.
O POVO – Como você pensava as questões ambientais naquela época? Raíssa – Pensei bastante, pois eu queria propor algo para empresa que fosse seguro. Que nos desse um uma visão de futuro. Eu não queria assim começar a fazer ações isoladas e queria uma coisa consistente. Com um plano e que contemplasse essa visão de futuro.
O POVO – O que veio depois? Raíssa – Depois da ISSO 14001 fomos crescendo, aprimorando, conhecendo e aprendendo sobre os processos. E fomos tendo mais robustez na parte de gestão hídrica, que é o nosso carro-chefe no parque aquático.
Também aprimoramos ainda mais a gestão de resíduos e conseguimos trabalhar muito bem desde a implantação com a comunidade, que a gente sempre entendeu que sem a comunidade não fazia sentido.
O POVO – Com quais Objetos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) as ações que cria atuam? Raíssa – Conseguimos nos alinhar com todas elas, mas as principais são emprego digno e crescimento econômico, gestão dos recursos hídricos (água limpa e saneamento) e consumo e produção responsáveis.
O POVO – O complexo gera bastante resíduos. O que pensou para essa questão? Raíssa – Começamos a nos aprimorar na parte de gestão de resíduos e vimos que era uma grande quantidade que a gente produzia. Veio a questão como Aquiraz poderia trabalhar isso.
Aí a gente começou a fazer um trabalho extramuros. Nos preocupamos em ver quais eram as cooperativas licenciadas no município e fazer um local.
E isso me incomodou muito e levei para diretoria que na época a gente não encontrava cooperativa licenciada nem associações de catadores licenciados. E por outro lado, por mais genuíno que a gente queira fazer um trabalho com eles, a gente tem um marco legal muito forte para cumprir.
O POVO – Qual atitude tomou? Raíssa – Para resolver esse impasse, criamos um programa para alinhar e combinar tudo com eles e até hoje reverbera.
Eles trabalhavam de forma totalmente invisível no aterro e a gente convidou para trabalharem conosco e a gente montou uma área, uma estrutura para que eles pudessem fazer a triagem do nosso resíduo. Foi um combinado muito legal.
O POVO – Isso transformou a vida das pessoas? Raíssa - Alguns contam em depoimentos que viviam numa situação um pouco da cadente, vamos colocar assim, e hoje têm casa e estão no Beach Park há mais de dez anos. Como exemplo o Chiquinho que tralhou no aterro há cerca de 20 anos e a vida dele mudou.
Era uma pessoa analfabeta e ele queria muito aprender. A gente conseguiu fazer com que ele pudesse ter formações. Fizemos uma adaptação na capacitação para que fosse totalmente inclusiva.
Assim fomos evoluindo os nosso indicadores como a surpresa de termos um dos melhores indicadores do Instituto Lixo Zero em todo o País com nível A de boas práticas, que envolve muito a parte social.
O POVO - Qual a porcentagem de reciclabilidade do complexo turístico?
Raíssa - A certificação exige 95% de reciclabilidade e o Beach Park começou com 3% na implantação e após oito anos conseguimos a certificação. Queremos chegar aos 100%. Hoje, estamos em 97%.
Ele ainda avaliam como a empresa se articula com a comunidade e envolve os moradores. Conseguimos provar que antes da certificação já atuávamos com a limpeza das praias, com a proteção dos ninhos de tartaruga marinhas, entre outras atividades.
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