Eventos de cinema realizados no interior cearense terão edições virtuais em março
João Gabriel Tréz é repórter de cultura do O POVO e filiado à Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine). É presidente do júri do Troféu Samburá, concedido pelo Vida&Arte e Fundação Demócrito Rocha no Cine Ceará. Em 2019, participou do Júri da Crítica do 13° For Rainbow.
Foi em dezembro de 2019 que a Mostra de Cinema de Iguatu e o CineFestival - Festival de Cinema do Vale do Jaguaribe foram promovidas pela última vez. De lá para cá, a impossibilidade de concretização presencial dos eventos e a necessidade de redesenhá-los para o formato virtual trouxeram consigo os desafios de realizá-los em contexto de dificuldadesacentuadas. É por isso que a retomada em 2021 dos dois eventos - a Mostra de Iguatu ocorre entre os dias 3 e 7 de março e o CineFestival será realizado de 15 a 20 de março - é uma notícia ótima. E possível, ressalte-se, pelo apoio de políticas públicas para a cultura.
O produtor César Teixeira, idealizador da Mostra de Cinema de Iguatu ao lado de Kamille Costa, destaca que a manutenção do evento tem sido um desafio desde a primeira edição, em 2009. "Nenhuma das gestões municipais deu a devida importância à Mostra e ela vem sendo realizada mesmo assim. É um ponto de resistência, assim como muitas ações culturais", afirma.
"É sempre difícil interromper o percurso de um projeto cultural, já havia sentido isso por questõesfinanceiras, mas pelo fato da pandemia da Covid-19 é ainda mais impactante", aponta, destacando que a adaptação à virtualidade após um ano de pandemia foi especialmente desafiadora. "Como manter o interesse do público depois de tantos meses acompanhando tantos conteúdos virtualmente? É algo necessário para realização do evento com segurança e o mais desafiador é manter o vigor e formato que se assemelha a gênese do projeto", elabora.
Tanto a Mostra de Iguatu quanto o CineFestival terão as edições apoiadas pela Lei Aldir Blanc, importante instrumento de fomento e assistência à cultura que foi concretizado a partir de articulação do setor cultural, da sociedade e de membros do legislativo. Allan Deberton, produtor e diretor do evento do Vale do Jaguaribe, ressalta a importância da política pública - em especial por conta do contexto de esvaziamentos do setor por parte do governo federal.
"Um dos setores mais afetados pela pandemia é o setor cultural, exatamente o setor que já era desprivilegiado pelo atual presidente. A Lei Aldir Blanc é um alívio, mas é importante que, além disso, sejam discutidas medidas de correção para este colapso cultural, pois a perda é também econômica", sublinha.
A realização virtual, para Allan, é positiva por tornar o evento acessível para o País todo. "Faz falta a experiência coletiva onde o público se encontra frente a tela e sente toda aquela magia, mas o formato virtual também tem vantagens, amplia estas vozes. Pretendemos manter um formatohíbrido, quando a pandemia passar", adianta.
Mesmo que as edições ainda não tenham ocorrido, os produtores destacam movimentos que buscam a continuidade dos eventos e que reforçam a descentralização, proposta da essência dos dois. "Com esse cenário, acredito que nós, gestores culturais, teremos ainda mais trabalho em realizar e dar continuidade aos projetos. É preciso união da classe para que isso aconteça e que possamos, também, descentralizar as ações para outras cidades no interior do Estado, e assim, oportunizar acesso. A questão das atividades fora do eixo da Capital é antiga e, agora, merece ainda mais atenção".
Acompanhe os eventos
8º Mostra de Iguatu Quando: de 3 a 7 de março Mais informações: @mostracineiguatu
4º CineFestival Quando: de 15 a 20 de março Mais informações: @cinefestivalrussas
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