Repórter especial e cronista do O POVO. Vencedor de mais de 40 prêmios de jornalismo, entre eles Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Embratel, Vladimir Herzog e seis prêmios Esso. É também autor de teatro e de literatura infantil, com mais de dez publicações.
Feliz Páscoa. E se o amor envelheceu e não há mais jeito, atravesse logo o deserto (não é fácil) e encontre outro amor possível se não chega a morte ou coisa parecida
Deve ser somente impressão, mas tenho visto um bando de casais meio perdido nas convivências. Cheio de histórias atravessadas e rotinas modorrentas. Parece que o amor maduro não é muito amor. É costume.
E sei que não sou a Zenilce Bruno, mas falta um pouco de paixão nesse amor declarado rotineiramente. Penso em Francesca, de "As pontes de Madison", no marido dela que mudava a sintonia do rádio mesmo ela estando ouvindo uma música.
E até nos filhos já adultos, às vezes, insensíveis às delicadezas de um relacionamento que precisa ser outra história para durar o tempo que mereça.
Francesca tinha até tudo que queria, mas também passou a ter pouco com a repetição, com as feiras para vender bichos e só eles gozarem (ou não)
Talvez o amor exista, mesmo no acostumar-se. Mas há de ter uma recusa à rendição capital de que se amancebar, ou se casar, é um contrato e uma jornada de construção de negócios simbólicos e acumulação de bens. Ninguém faz inventário do gostar.
Francesca tinha até tudo que queria, mas também passou a ter pouco com a repetição, com as feiras para vender bichos e só eles gozarem (ou não) com aquela mesmice do marido e dos filhos sempre a deixando.
Só soube noutro dia que o fotógrafo David Alan Harvey, que inspirou o romance de "mulherzinha" (aqui está cheio de preconceituosos machões) "As pontes de Madison", teria assediado pelo menos onze fotógrafas assistentes.
É impossível não se colocar no lugar do personagem vivido por Clint Eastwood, o fotógrafo Robert Kincaid. E, também, no de Francesca, papel encarnado por Meryl Streep
Um machistazinho fincado na fama de ser um dos sócios da Magnum e achando que uma lente é extensão do pau. Harvey, corrido da agência, é um e Robert Kincaid é outro.
Fiquei meio assim! Porque é impossível não se colocar no lugar do personagem vivido por Clint Eastwood, o fotógrafo Robert Kincaid. E, também, no de Francesca, papel encarnado por Meryl Streep.
Porque a gente fica cheio de sentimentalidades num romance apaixonado que não envelhece e se assemelha ao cotidiano de não sei quantos casais hétero e homo ou variantes das espécies.
De repente, me deu um desejo de ver os relacionamentos empoeirados na despensa serem desfeitos. Não importando várias ilusões que se invente para mantê-los
No caso de "As pontes de Madison" nem sei por que desenterrei o enredo de 1995, do romance de Robert James Waller. Até sei, mentira minha. A gente escreve porque tem algo se apossando do corpo e rebuliçando.
Quatro dias de uma paixão tórrida entre Francesca e o inesperado fotógrafo Robert, enquanto o marido e os filhos viajavam.
De repente, me deu um desejo de ver os relacionamentos empoeirados na despensa serem desfeitos. Não importando várias ilusões que se invente para mantê-los. A começar pelo sufocante das religiões.
E vi muitos casais assim, ainda namorados mesmo e, depois, casados. Cometi várias indelicadezas nos relacionamentos
Minha avó aguentou as histórias de meu avô e justificava pela mentalidade da época. Mamãe se despedaçou, até hoje, com um romance sem sentido desde o começo. Poderia ser um conto entre quatro paredes, mas não sei. Gemia muito e não era gozo.
E vi muitos casais assim, ainda namorados mesmo e, depois, casados. Cometi várias indelicadezas nos relacionamentos. Fiz uma porrada de porcaria ou não me achei mais pelo caminho.
Sei de uma incerteza, a melhor coisa do mundo é comer ovo da Páscoa com quem você ama. Mesmo tendo alguma intolerância, receber o número um ou o maior de todos. A gente toma uma enzima (horrível) e se refestela no chocolate, nos beijos e na transa.
Tive vontade de perguntar se ela nunca se apaixonou por outro e por que, feito Francesca, não foi viver o amor com Robert. Ela teve...
Tenho uma amiga, nova, que está cuidando do marido, novo, com Alzheimer e feridas do álcool de uma vida quase toda. Tive vontade de perguntar se ela nunca se apaixonou por outro e por que, feito Francesca, não foi viver o amor com Robert. Ela teve...
Feliz Páscoa. E se o amor envelheceu e não há mais jeito, atravesse logo o deserto (não é fácil) e encontre outro amor possível se não chega a morte ou coisa parecida. Abraços.
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