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Dona Maria Anunciada, uma carta
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Repórter especial e cronista do O POVO. Vencedor de mais de 40 prêmios de jornalismo, entre eles Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Embratel, Vladimir Herzog e seis prêmios Esso. É também autor de teatro e de literatura infantil, com mais de dez publicações.

Dona Maria Anunciada, uma carta

A vocação pelo golpismo não é novidade numa parcela do empresariado brasileiro. Muitas fortunas se formaram durante as ditaduras no País, há vários exemplos de 1964 a 1985. Talvez, por isso, eles defendam tanto golpear a democracia
Tipo Crônica
2108demitri2 (Foto: carlus campos)
Foto: carlus campos 2108demitri2

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Os puxa-sacos são de uma perversidade tão parva, do naipe desses empresários metidos a golpistas. Um bando de lambe-botas de generais pascácios e de um alienista que faz uma live para dizer que reduziu o imposto de "whey protein".

Até tomo um desses troços, a idade e o derretimento físico exigem. Mas tomar isso como um feito para um presidente de uma República desmilinguida, onde milhares passam fome, e anunciar pelas redes sociais! Kkkkkkkkkkkk. E ainda há basbaques que votam nele.

O tempo da ruindade, exacerbado pelo capitão néscio, teve o mérito de definir quem é quem num País onde o rei adora mandar cortar a cabeça de quem não finge enxergar-lhe a estupidez.

 

O tempo patego revelou, dentro e fora da medina, os que defendem o golpe de militares e civis obtusos se o Sapo Barbudo for eleito

 

A era do pacóvio definiu quem é a favor da tortura e da segregação de miseráveis. Da morte de indígenas e da discriminação a homossexuais. Dos que são misóginos e quem somente se garante com uma arma nos quartos ou com milicianos à capanga.

O tempo patego revelou, dentro e fora da medina, os que defendem o golpe de militares e civis obtusos se o Sapo Barbudo for eleito. Um ajuntamento de covardes.

Serviu tanto o tempo do mentecapto que passei a comer os pastéis na Pastelaria Artesanal e não mais no Dom Pastel. E olhe que fui cliente desde o começo, ainda quase um botequim, e os meninos ainda miúdos.

 

Nem sei se a dona ou o proprietário é a favor de armar a população e resolver tudo na bala, mas decidi mudar de endereço quando desejo um pastel na Aldeota

 

A Pastelaria Artesanal fica ali, na esquina da Rui Barbosa com a Pereira Filgueiras. Nem sei se a dona ou o proprietário é a favor de armar a população e resolver tudo na bala, mas decidi mudar de endereço quando desejo um pastel na Aldeota.

E se souber que os donos da Pastelaria Artesanal são a favor do desmatamento da Amazônia, da invasão da floresta por garimpeiros e do assassinato de jornalistas e indigenistas, deixo também de comer pastel por lá.

Posso não representar nada nos lucros gordos dessas empresas, mas não consumo onde se defende um novo golpe militar apoiado por babaquaras. Gente que faz faca com a cara do fetiche dele e do ódio.

 

Empreendedores que não condenam quem enfiou baratas nas vaginas de "subversivas" ou dos que gozaram com os estupros de presas políticas entre 1964-1985

 

Empresários que sequer têm empatia com as famílias dos que permanecem desaparecidos por causa de uma ditadura militar, que torturou e ocultou os cadáveres de opositores.

Empreendedores que não condenam quem enfiou baratas nas vaginas de "subversivas" ou dos que gozaram com os estupros de presas políticas entre 1964-1985. Não tenho mais estômago para comer um pastel na pastelaria de quem defende a volta dessa história abjeta.

Queria entender a mente moralista desses ignaros. Como se formou a escrotidão e, ainda, com o agravante de querer a permanência do despautério e da maldade como premissas. Tem explicação, não é gratuito nem há ingenuidade.

 

Desde o advento do e-mail, do SMS, do Orkut, do zap, do Instagram e de todos os feitiços digitais, raro é um jornalista receber missivas escritas em papel

 

Pois! Enquanto há gente desse calibre golpista, recebo uma gentileza de uma leitora da coluna. Uma carta em tinta azul, com remetente e destinatário. Alguém que dedicou tempo a me escrever para conversar.

Desde o advento do e-mail, do SMS, do Orkut, do zap, do facebook, do Instagram e de todos os feitiços digitais, raro é um jornalista receber missivas escritas em papel, à caneta e envelope selado.

Recebi endereçado à Redação do O POVO, em meu nome. Dona Maria Anunciada, o nome já é um bom dia e um ventinho no rosto.

"Prezado Demitri,

Uso esse bilhete/cartinha para lhe escrever, pois não consigo falar no telefone 3255.6101. Está sempre indisponível.

Sou uma jovem de 85 anos (não revelo) e assinante e leitora do O POVO há mais de 50 anos (é a nova).

Gosto de ler suas crônicas e do seu linguajar. Parabenizo-lhe por tudo que escreve e essa crônica, "Que bom de ver viva", foi demais.

Desculpe-me se tomei seu tempo.

Um abraço carinhoso,

Maria Anunciada

("Asa partida e amor por ela", que beleza!)". Fim.

Dona Anunciada, parabéns pelo nome. Depois me escreve, por favor, contando da origem dele. A mãe e o pai da senhora devem ter contado.

Eu é que agradeço a senhora, dona Maria Anunciada, pela generosidade da leitura do que escrevo. Foi uma surpresa a vossa carta manuscrita e um suspiro nesse tempo perigoso de empresários lapuzes defendendo golpe militar/civil.

 

Tenha o meu abraço sincero e afetuoso, dona Maria Anunciada. Boa semana para a senhora e para os que são opõem a golpes contra a democracia 

 

Melhor que trabalhem de maneira honesta, tratem bem seus trabalhadores, não soneguem impostos e que saibam conviver, sempre, com a democracia sem autoritarismos. Ditadura Nunca Mais.

Tenha o meu abraço sincero e afetuoso, dona Maria Anunciada. Boa semana para a senhora e para os que são opõem a golpes contra a democracia.

 

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