O que sobrou de setembro: discos e singles que ainda merecem atenção
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Marcos Sampaio é jornalista e crítico de música. Colecionador de discos, biografias e outros livros falando sobre música e história. Autor da biografia de Fausto Nilo, lançado pela Coleção Terra Bárbara (Ed. Demócrito Rocha) e apresentador do Programa Vida&Arte, na Nova Brasil FM
Foto: Luiz Alves/Divulgação
O compositor e multi-instrumentista Luciano Franco
Prata cearense
Quando o assunto é música, Luciano Franco joga nas 11. É compositor, instrumentista, arranjador e grava tudo em casa. Com a ajuda de amigos, ele vem criando uma discografia intrigante nos últimos 20 anos. O mais recente é "Bom dizer", com 13 faixas que puxam para o que de melhor a MPB tem a oferecer. "Canção que vive no ar", que lembra Ivan Lins, ganha a voz delicada de Yayá Vilas Boas. Já "Prazer Sigiloso", na interpretação precisa de Aparecida Silvino, tem algo brejeiro, tipo Paulinho Pedra Azul. Do forró ao bolero, o álbum conta ainda com três cantadas pelo saudoso Ray Miranda.
Teago Oliveira, guitarra, voz e composição da banda Maglore, apresenta dois singles do segundo disco solo, ainda sem data de lançamento. "Não se demore" é um rock distópico cheio de dramaticidade e elementos sonoros (violino, vocais, etc.), enquanto "Vida de bicho" é uma balada hippie e tranquila, à lá Erasmo Carlos "safra 70". O primeiro solo de Teago foi "Boa Sorte", de 2019, e já confirmou o compositor surpreendente e criativo que ele é.
O Vanguart lançou um single duplo para anunciar o próximo disco: "A vida é um trem cheio de gente dizendo tchau". A faixa-título é aquele roquezinho de violão com ar de déjà vu e letra que tenta tirar alegria até de onde não existe. Mais original e sincera, "Estação liberdade" é acelerada, mas com ar meio triste e fala sobre partidas, reencontros, inseguranças e recomeços. Lembra The Cure. O disco completo chega em 17 de outubro.
Dingo
Ainda pouco conhecido no extremo oposto do Brasil, o quarteto gaúcho vem anunciando novidades três anos depois do excelente "A vida é uma granada" (2022). O primeiro single foi "Dúvidas", um discoteque descaradamente dançante. Depois veio "Lembretes", soul conformado, melancólico e cheio de esperanças. Por fim, "Eu não sei chorar" é uma balada com cara de Hyldon e letra para ouvir com atenção. Enquanto não chegam mais novidades, vale ouvir tudo que eles já lançaram.
Sem data, local ou outra informação, chegou às plataformas "João Nogueira ao vivo em São Paulo". Com uma capa "fulerage", são 10 faixas que incluem maravilhas como "Nó na madeira", "Batendo a porta" e "Mineira". Sendo um dos sambistas mais autênticos que o País já viu, João merecia algo mais cuidadoso. Melhor aconteceu com Gal Costa que terá seu último show, no festival Coala em 2022, lançado nas plataformas. Quatro faixas já estão no mundo, incluindo participações de Rubel e Tim Bernardes, e a regravação (protocolar) de "Brasil". Aguardemos a íntegra.
Disco Novo
Lobão está de volta com o single "Canções de um novo show", em que retoma a parceria com Bernardo Vilhena, com quem fez "Canos silenciosos", "Cena de cinema" e outras. A faixa combina violões com bateria forte e a performance intensa do carioca de 67 anos. Falando sobre a vontade de deixar o passado e olhar para a frente, a faixa é um bom sinal do que será o próximo disco, "Vale da estranheza", anunciado para 2026.
Parcerias 1
15 anos depois de uma estreia intensa, o mercado mudou e Barbara Eugenia não chega mais com facilidade ao público. Por outro lado, ela também não para. Este ano ela já lançou a eletrônica e experimental “Present Energy” e, agora, o afoxé “Seguindo as estrelas”. Parceria com Tatá Ogan, a faixa foi feita para Maria Bethânia e agora ganha a voz da compositora. Outra parceria recente é da uruguaia Alfonsina com Paulinho Moska. Ela é ligada ao rock e ao eletrônico, mas fez um dueto pautado violões, percussão leve e um recado pedindo menos pressa.
Leoni regravou o hit “Os outros” ao lado da banda Outro Futuro, que traz seu filho Antonio na voz e guitarra. A versão, acelerada e feliz, é uma antítese da letra. Quem também ganhou nova cara foi “Um trem pras estrelas”, de Gilberto Gil e Cazuza. Nilo Romero fez a base para o filme “Cazuza – Boas Novas” e chamou Gil para o solo, sobre uma cama beats, sopros e violão (de Paulinho Moska). O resultado fica entre o eletropop da gravação original e a versão intimista de Cazuza. Outra parceria, dessa vez inédita, é de Jonathan Ferr e Marcos Valle. O primeiro é um jovem pianista apontado como uma promessa do jazz nacional, enquanto o segundo é um mestre da bossa nova. O resultado é uma faixa funkeada, cheia de balanço e letra para aquecer corações.
Chama atenção saber que Iza vai lançar um disco de reggae, mas os dois primeiros singles mostram que não vai ser nada tão ousado assim. A capa do single é linda, mas as faixas - "Caos e sal" e "Tão bonito" - não trazem muita ousadia. Um violão ali, ritmo bacana, letras genéricas, muito clichê típico de quem se aventura no terreiro de Marley e alguma boa intenção desperdiçada. Vejamos o que mais ela tem para mostrar.
Olhar para trás
Desde que Amy Winehouse costurou passado e futuro da black music, não falta quem copie esse método. Mas alguns genéricos chamam atenção. Joy Crookes se parece em tudo, da voz ao fraseado de Amy, mas parece não fugir disso. Seu segundo disco, "Juniper", tem amores malfadados, beats, ruídos, raps, balanço e aquela voz cheirando a cerveja quente e madrugadas mal dormidas. "Somebody to you" é quase um plágio de "You know I'm no good", mas cumpre seu papel. "First last dance" pula para as pistas de dança dos anos 1980, enquanto "Paris" surpreende com sua melodia intrigante.
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