Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O presidente Jair Bolsonaro será personagem bastante discutido na eleição em Fortaleza, como comentei ontem. A aposta do grupo governista local é no desgaste dele. No perfil progressista supostamente do eleitor de Fortaleza, na rejeição ao presidente. Em síntese, que mais atrapalha que ajuda. Nome que desponta como mais forte da oposição, Capitão Wagner (Pros) trabalha pelo apoio do presidente. Os bolsonaristas locais ou estão no PSL ou sem partido - portanto, sem possibilidade de agregar tempo no horário eleitoral.
Wagner parece caminhar para ser o ungido do bolsonarismo. Mas, ele parece consciente do desgaste que o presidente pode trazer. Isso não é de hoje. Ainda na campanha de 2018, ele dizia que não necessariamente apoiaria tudo que Bolsonaro faz ou diz. O pré-candidato do Pros sempre buscou se apresentar como alguém ponderado, de fala mansa. Poucas vezes o vi perder a tranquilidade - acho que das raras ocasiões foi durante a paralisação dos policiais militares no começo do ano. Também "bolsonarizou" ao incorporar as críticas sistemáticas à imprensa, algo que não era traço em sua trajetória.
Na reforma da Previdência, Wagner votou contra. Nesta semana, se posicionou a favor da emenda constitucional do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) quando o governo Jair Bolsonaro ainda hesitava, tentava mudar o texto e adiar a votação. Votou para manter o texto original inclusive quando o governo orientou voto em favor de um destaque para alterar a proposta.
A base governista já trabalha para vincular o Capitão ao desgaste do Governo Federal. Wagner, de longa data, tratou de não se atrelar a algumas das votações mais controversas da legislatura. Não sei como lidará em campanha com as críticas a um possível apoiador. Como aliados locais lidarão com o eventual distanciamento crítico. Se ele fará a defesa do presidente ou fingirá que não é com ele. Não é tão automático para a base do prefeito vincular Wagner a um presidente de outro partido e cujas propostas nem sempre foram acompanhadas por ele. Por outro lado, também não dá para o Capitão faturar com o apoio e driblar o desgaste do presidente.
Não é isso que decidirá a eleição. Em votação para prefeito, as questões da Cidade falam mais alto. Porém, o contexto nacional interfere. Em alguns contextos mais e em outros menos. Este ano, por todo barulho que emana de Brasília, a balança pende para mais.
Uma questão, então, que passa a ser crucial é o tamanho da rejeição a Bolsonaro na Capital. Voltarei a tratar desse assunto.
Ontem ocorreu o segundo dos debates do PDT entre pré-candidatos. É perceptível na retórica de Samuel Dias, com recados bem estruturados, a mesma forma de construir raciocínios de Roberto Cláudio.
No primeiro debate, chamou-me atenção um dos pontos da fala dele, sobre a necessidade de Fortaleza ser menos desigual. É até meio óbvio. Mas, saliento porque, no discurso de posse, em 1º de janeiro de 2012, Roberto Cláudio falou da intenção de derrubar o muro que separa os ricos e os pobres. Obviamente que é uma tarefa monumental. Mas não é uma das promessas que poderá dar por concluída.
Sobre heróis
Numa época de notícias tristes e revoltantes envolvendo integrantes de polícias, do assassinato de George Floyd em Minneapolis ao de Mizael Fernandes em Chorozinho, há a bonita notícia do importante papel público que pode ser cumprido pela corporação. O policial militar Welson Gomes da Silval foi levado à UTI e entubado após salvar os moradores de uma casa em chamas, incluída uma idosa de 87 anos.
Policiais muitas vezes chamam uns aos outros de heróis. Penso uma autoimagem equivocada. Não se deve exigir que sejam heróis. Atender a essa expectativa os coloca muitas vezes em riscos além dos inerentes à tarefa. A despeito disso, penso que a palavra cabe para o ato de Welson. Que fique bem logo.
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