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Bolsonaro, que seria reeleito, é estorvo em Fortaleza?
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Bolsonaro, que seria reeleito, é estorvo em Fortaleza?

Tipo Opinião
Bolsonaro em sua conflituosa relação com as emas do Alvorada (Foto: Reprodução/Facebook)
Foto: Reprodução/Facebook Bolsonaro em sua conflituosa relação com as emas do Alvorada

A base governista tem usado como primeira arma contra Capitão Wagner (Pros) a provável aliança dele com o presidente Jair Bolsonaro, que ainda nem é certa. Comentei isso na sexta-feira. Naquele mesmo dia, a revista Veja divulgou pesquisa do instituto Paraná segundo a qual a tendência seria hoje de reeleição de Bolsonaro em qualquer dos cenários pesquisados. O desempenho não seria brilhante - no primeiro turno, a pesquisa o mostra entre 27,5% e 30,7%. Em 2018, ele teve 46%. Nas simulações de segundo turno, venceria Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT), Sergio Moro (ainda sem partido), João Doria (PSDB) ou Luciano Huck (ainda sem partido). Bolsonaro, pela pesquisa, é desaprovado por 48,1% dos brasileiros. Melhorou em relação a abril (eram 51,7%). A aprovação foi de 44% para 47,1%. Consideram a gestão ruim ou péssima 38% (eram 39,4% há três meses). Está melhorando, mas não é um desempenho que se possa dizer de alguém adorado pelo seu povo, que marcha célere para um novo mandato.

Lula e Moro são os adversários mais fortes de Bolsonaro. Contra Lula, Bolsonaro tem 27,5% contra 21,9%. Contra Moro, 29% contra 17,1%. No eventual segundo turno, Bolsonaro teria 45,6% contra 36,4% de Lula. Diante de Moro, teria 44,7% contra 35%. Contra Ciro Gomes (PDT), placar de 48,1% a 31,1%.

A situação de Bolsonaro está longe de ser uma maravilha. Moro, diga-se de passagem, larga muito bem para quem nunca concorreu a nada. A candidatura de Lula não é provável. O acúmulo de processos e condenações deve impedi-lo de novo de concorrer. Ciro, 22 anos após disputar a Presidência pela primeira vez, segue sem decolar. O instituto ouviu 2.030 eleitores entre 18 e 21 de julho, nas 27 unidades da federação. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Falta muito tempo até a campanha e os números querem dizer muito pouco como projeção da eleição. Quem está bem pode cair, quem nem está no páreo pode chegar com muita força. Interessa mais analisar a situação de agora. Bolsonaro, com a quantidade de desgastes - crises, prisão do Queiroz, frases infelizes, pandemia, recessão - mostra força. Ainda que seus números sejam de um presidente muito mal avaliado com um ano e meio de mandato. Chama atenção porque era para estar pior.

Mas, volto para Fortaleza. Observo esses números nacionais para tratar do cenário local. Há razão para os Ferreira Gomes apostarem em usar Bolsonaro contra Capitão Wagner? E o Capitão, por outro lado, faz bem ao se vincular ao presidente?

Bolsonaro em sua conflituosa relação com as emas do Alvorada
Foto: Reprodução/Facebook
Bolsonaro em sua conflituosa relação com as emas do Alvorada

Bolsonaro em Fortaleza

Os dois lados têm pesquisas. Sabem que Bolsonaro é controverso em Fortaleza. E essa é a primeira demarcação importante. Uma coisa é a pesquisa do Instituto Paraná, feita no Brasil todo. Outra coisa é a capital cearense. Bolsonaro foi eleito, é presidente, mas perdeu em Fortaleza. No Ceará, nem teria ido ao segundo turno.

Quer dizer que Bolsonaro em Fortaleza é um desastre? Mata qualquer candidatura? Não exatamente. No segundo turno de 2018, teve 44,39% dos votos, contra 55,61% de Fernando Haddad (PT). Venceu em 11 bairros. Aldeota, Meireles, Dionísio Torres, Lourdes, Varjota, Cidade dos Funcionários, Edson Queiroz, Praia de Iracema, Parque Manibura, Aeroporto e Cambeba.

E tem mais. No primeiro turno, Bolsonaro ficou na frente de Haddad. Muito na frente: 34% a 19% do petista. Verdade que o vencedor na Capital foi Ciro Gomes, no primeiro turno, com 40%. O PDT inclusive deve se balizar em parte nisso. Mas observe que a vantagem de Ciro para Bolsonaro é menor que a de Bolsonaro para Haddad. No segundo turno, o petista se saiu melhor na Capital, com migração dos votos pedetistas.

Muita água já rolou desde 2018. E, como falei, há pesquisas sobre impacto local. O fato é que Bolsonaro tinha muitos apoiadores em Fortaleza e segue tendo. Se o apoio é maior que a rejeição, e se a rejeição é capaz de derrotar quem ele apoiar numa eleição majoritária local, essa será uma das questões que a apuração responderá.

Foto do Érico Firmo

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