Alguns erros e um absurdo na volta dos chefes do crime
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Benjamim Abrahão
Foto histórica que apresentou Maria Bonita ao mundo foi publicada em primeira mão pelo
O POVO em 29 de dezembro de 1936
Desde o fim de junho, 30 detentos que estavam em penitenciárias federais, com posições de mando em facções criminosas, retornaram a presídios estaduais. A saída deles do Estado foi determinante para estabilizar a situação da segurança pública após a onda de ataques de janeiro do ano passado. Com o retorno, cabe à agora Secretaria da Administração Penitenciária do Estado garantir que seja mantido o isolamento e o controle. Mas, os detalhes desse retorno revelam erros na condução que podem virar problema para a população cearense. A situação foi mostrada em reportagem de Cláudio Ribeiro - que ontem, aliás, completou 29 anos de ótimo jornalismo.
Foram vários erros no Ceará, da parte do Ministério Público, a quem cabe fazer os pedidos. Quais erros? Prazos perdidos, cujos pedidos deviam ter sido feitos no momento de ápice da pandemia, com equipes em trabalho remoto. O prazo estourou e o juiz de execuções não quis saber. Mandou os detentos de volta.
Francamente, é um absurdo. O mundo de pernas para o ar por causa da Covid-19 e o magistrado não flexibilizar um prazo em algo tão sério? Se quis punir quem deixou o prazo passar, saiba que quem poderá pagar será a população, que não tem culpa de nada.
Teve caso ainda mais absurdo: havia processo que não estava em meio digital, apenas físico. Guardado nas dependências da vara, não podiam ser acessados.
Teve erros sim nesse processo, mas o absurdo maior foi se apegar às formalidades em momento tão atípico e em assunto tão graves, com consequências que podem custar vidas.
Os presos cearenses em presídios federais
A reportagem de Cláudio também mostra que há ainda 59 detentos em presídios federais. Dessa vez não há atenuante. Se já se sabe como é o rigor, atenção a esses prazos, pessoal.
Há política na morte de Lampião e Maria Bonita?
Nesta semana, na terça-feira, foi aniversário da morte de Lampião, Maria Bonita e do bando cangaceiro. O POVO+ , a plataforma multistreaming para assinantes O POVO, reeditou reportagem que escrevi no aniversário de 80 anos da matança de Angicos. Um dos textos trata da brutal morte do grupo e sobre a macabra exploração das cabeças, que chegaram a ser expostas já em decomposição e foram mantidas em museu mais de 30 anos após a morte dos cangaceiros.
Foto: Benjamim Abrahão Foto histórica que apresentou Maria Bonita ao mundo foi publicada em primeira mão pelo O POVO em 29 de dezembro de 1936
Um aspecto foi bastante comentado nas redes sociais nesta semana. Lampião foi morto a tiro de rifle e teve a cabeça cortada já sem vida. Maria Bonita teve morte diferente. Ao O POVO, na época, o soldado que a matou contou que a degolou ainda viva. O corpo foi deixado com pernas abertas e um pedaço de madeira introduzido na vagina.
Muitos comentários chamaram atenção para a diferença de tratamento até na morte entre o homem - o cangaceiro líder do bando e responsável por tantos atos de violência - e a mulher, que estava ali por ser companheira dele. Até depois de morta o jeito como foi violentado o corpo de Maria Bonita teve aspecto misógino, marcado pela violência de gênero.
Em tempo: Lampião não era herói. Era um assassino brutal. A reportagem trata exatamente sobre isso. Ele tentava vender a imagem de justiceiro que tirava dos ricos e dava aos pobres. O Robin-Hood sertanejo era uma lenda. Ele matava crianças e idosos, estuprava mulheres. Não é verdade que só agia movido por vingança. A motivação era obter recursos para o bando. Também não era contestador, coisa nenhuma. Falou em entrevistas, inclusive que O POVO irá republicar, do sonho de ser fazendeiro, ser comerciante. Lampião admirava o status quo e se frustrava de não ser parte dele.
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