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Após 8 anos na base de Roberto Cláudio, o que propõem partidos com candidatos próprios?
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Após 8 anos na base de Roberto Cláudio, o que propõem partidos com candidatos próprios?

Pelo menos quatro candidaturas, além do PDT, surgem dentro da base governista do prefeito. Pretendem marcar posição para negociar ou puxar votos para vereador?
Tipo Análise
Anízio Melo, do PCdoB, abriu série de entrevistas com pré-candidatos no O POVO no Rádio (Foto: Reprodução/Facebook)
Foto: Reprodução/Facebook Anízio Melo, do PCdoB, abriu série de entrevistas com pré-candidatos no O POVO no Rádio

Na primeira entrevista da séria iniciada nesta segunda-feira, na rádio O POVO CBN, com os pré-candidatos a prefeito de Fortaleza, um ponto abordado com Anízio Melo (PCdoB) deverá permear uma das facetas da campanha. Candidatos que são da base governista mas, por motivos diversos, decidem se lançar de forma autônoma.

Além do PCdoB, pelo menos quatro partidos governistas ensaiam lançar candidatura: o Cidadania (ex-PPS), de Alexandre Pereira; o PSB, de Élcio Batista; e o PV, de Célio Studart. E tem a estranha situação do PT, adversário municipal e aliado estadual, no qual se tenta tropegamente estabelecer pontes com a situação em Fortaleza.

É uma incógnita quais dessas candidaturas se sustentarão. E quais estão postas para negociar com o PDT por espaço na chapa ou mesmo para se colocar como alternativa numa aliança. Élcio, por exemplo, participou na semana passada da live dos pré-candidatos do PDT. Na mesma semana, Alexandre Pereira fez live para lançar a pré-candidatura e o prefeito Roberto Cláudio participou. Em ambos os casos, parece improvável que as candidaturas não estejam na mesma aliança do prefeito, do PDT.

Veja o cronograma completo das entrevistas:

info política definitivo
info política definitivo (Foto: ítalo furtado)

Na quinta-feira, Roberto Cláudio foi, ao lado do deputado Célio Studart, visitar a obra da clínica veterinária pública municipal em construção no Passaré.

As candidaturas de Célio e a de Anízio me parecem mais consolidadas, menos prováveis de serem retiradas em acordo com o prefeito. Já as de Alexandre e Élcio, parecem-me postas, sobretudo, para negociação. Élcio, por exemplo, é bastante citado como nome para vice na chapa do PDT. Claro, trato de probabilidades.

Confira a entrevista de Anízio Melo:

O discurso do adversário de situação

A questão é: qual discurso de campanha pode fazer um candidato cujo partido passou oito anos na base do prefeito. Qual a proposta para a sucessão de um ciclo que apoiou inteiramente? Não é exatamente uma novidade. O próprio Roberto Cláudio, em 2012, pulou da base governista para a oposição no intervalo de poucos meses. Nesta segunda, Anízio ensaiou o discurso. Questionado pelo jornalista Guálter George se estaria mais inclinado à continuidade ou à reforma, o pré-candidato do PCdoB reconheceu acertos e avanços da atual gestão, principalmente na educação e na saúde. Enfatizou que a administração pedetista é parte do campo democrático. "Mas, nós nos propomos a não ser a continuidade, a ser a superação, ser os avanços. A garantir maiores comprometimentos, maiores atenção e prioridade principalmente para as áreas periféricas da nossa cidade. Entendemos que é necessário gerar renda, gerar emprego, investir na ciência e tecnologia. Garantir nessa cidade pós-pandemia novas prioridades. Manter o que foi correto e corrigir algum tipo de distorção."

É ainda vago. Não há clareza. Veremos se na campanha dará para entender melhor o que o PCdoB espera manter e o que espera mudar. O mesmo para outros partidos que estão há tanto tempo no governismo e agora buscam experiência-solo. 

Situação parecida vereamos na entrevista de quarta-feira, com Célio Studart. Mais peculiar ainda é o panorama para Carlos Matos (PSDB), cujo partido é oposição a Roberto Cláudio, mas negocia ainda com Capitão Wagner e até mesmo para aderir à Prefeitura.

Fim das alianças proporcionais estimula candidaturas

Um fator determinante é uma nova regra que entra em vigor: o fim das coligações proporcionais. É uma mudança gigantesca nas regras eleitorais, e ainda maior na política do Ceará. Pela primeira vez, não poderá haver alianças entre partidos na eleição para vereadores. Podem fazer uma coligação com todos os partidos e o mesmo candidato a prefeito. Mas, para a Câmara Municipal, cada partido tem uma candidatura.

Por que a diferença? Porque, na eleição proporcional, pode-se votar no nome, mas o voto vai para a legenda. Somam-se os votos no partido - antes era na coligação - e é eleito número de vereadores proporcional à votação. Por exemplo: se um partido tem 30% dos votos, fica com 30% dos vereadores. Antes, a lógica valia para a coligação. Na hora de preencher as vagas, são os mais votados do partido - antes, eram da coligação.

Por que tem impacto maior no Ceará? Porque parte crucial da receita Ferreira Gomes para formar gigantescas alianças era a composição proporcional. Era feita muita conta, estimativa de voto, e aí se formavam duas ou três pequenas coligações dentro do grande bloco do governismo, para assegurar o maior número possível de vagas no Legislativo, e deixar os partidos competitivos proporcionalmente ao potencial de votação de seus candidatos. Era assim que tinha candidato com 12 mil votos que não era eleito, com 8 mil que ficava como suplente e com 4 mil que era eleito. A chance de isso ocorrer não acaba. Afinal, a lógica, que é positiva, é fortalecer o partido. Não importa tanto o nome, mas a força da legenda. Isso não é ruim, é bom. O problema é que quando se permitir formar uma super coligação de 20 partidos, a lógica era completamente desvirtuada.

O que isso tem a ver com as candidaturas a prefeito de Fortaleza? Simples: ter candidato a prefeito puxa voto para vereador. Antes, um candidato do bloco puxava voto para a coligação toda. Agora, se o PSDB, por exemplo, fechar aliança para a Prefeitura com o PSTU, a visibilidade da legenda do 16 fortalece a bancada do PSTU, mas tende a fragilizar a bancada tucana. É um exemplo hipotético.

Ou seja, a expectativa de eleger bancadas maiores do PCdoB, do Cidadania, do PV, do PSB, do PT, do PDT estimula essas siglas a terem candidatos. Claro, em tese. O mesmo vale para Podemos, PSC, PTC, Pros etc do lado da aliança do Capitão Wagner.

 

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