Há muitos sinais na escolha de José Sarto Nogueira (PDT) para concorrer a prefeito de Fortaleza. Das opções disponíveis, é o mais experiente, com mais tempo de estrada. Já fazia política quando alguns entravam na adolescência.

É quem tem mais força política. Do ponto de vista da estratégia, não é quem tem mais carisma, não é quem tem mais experiência de Executivo. Mas, é quem tem mais apoio político. Apoio de deputados, do presidente da Câmara Municipal, vereador Antônio Henrique (PDT), de prefeitos do interior. Em 2012, a eleição de Roberto Cláudio para prefeito passou pelo suporte político e Sarto tem mais que qualquer outro.

Sarto é o mais identificado deles todos com a política tradicional. Esse suporte de vereadores, deputados pode ser um enorme trunfo. São cabos eleitorais decisivos. Por outro lado, isso o deixa vulnerável ao discurso que o associará à “velha política”, bem ao gosto de Jair Bolsonaro. Todavia, ele é, das opções pedetistas, o menos vulnerável ao discurso de poste que Capitão Wagner (Pros) já ensaiava.

Aliás, dos cinco Sarto também é quem tem mais estofo, mais couro grosso para enfrentar a artilharia de uma campanha que se prenuncia dura, agressiva.

Sobretudo, Sarto é o candidato mais ligado ao grupo Ferreira Gomes. Essa é uma sinalização determinante no rumo que o grupo toma. Roberto Cláudio (PDT) e Camilo Santana (PT) são hoje os políticos nos cargos mais importantes do Estado. Ambos ocupam as posições por escolha de Cid Gomes e Ciro Gomes. Agora, tem início uma transição de geração. Roberto Cláudio trabalhou para viabilizar Samuel Dias. Se ele fosse decidir sozinho, provavelmente seria o nome. Não seria Sarto.

No Paço Municipal, a informação é de que Roberto Cláudio não ficou contrariado com a escolha. Sarto teria sido a opção que teve a convergência do prefeito, do governador, de Ciro e Cid. Foi Roberto Cláudio quem fez o anúncio oficial. "Estou alegre, estou animado e estou motivado", afirmou o prefeito na transmissão.

O fato é que Sarto tem o DNA Ferreira Gomes. A escolha por ele mostra que o grupo tem comando. A condução da sucessão precisa passar hoje por Roberto Cláudio, precisa passar por Camilo. Mas, a palavra final é dos tradicionais líderes do clã. Roberto Cláudio comanda a Prefeitura e é muito bem avaliado dentro do grupo. A escolha não seria feita atropelando-o. Mas, deixa claro que a Prefeitura é, hoje, do grupo e não dele. E quem manda são os irmãos.

Um sinal para a sucessão estadual daqui a dois anos. Na qual, aliás, Roberto Cláudio é um dos favoritos. Sempre por opção do clã.