A disputa dos grandes centros do Ceará nas eleições 2020
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
No âmbito estadual, sobretudo nos pequenos municípios, quem tem o controle do Governo do Estado acaba tendo hegemonia. Porém, nos grandes municípios a situação é outra. Entre 1990 e 2006, a Prefeitura da Capital foi comandada por opositores dos governadores. No intervalo, houve quatro eleições. Este ano, a oposição ao governador Camilo Santana (PT) construiu bases competitivas em vários centros: Fortaleza (Capitão Wagner, do Pros), Maracanaú (Roberto Pessoa, do PSDB), Caucaia (Vitor Valim, do Pros), Juazeiro do Norte (Glêdson Bezerra, do Podemos). São os quatro maiores municípios. O quinto é Sobral, onde Oscar Rodrigues (MDB) enfrenta Ivo Gomes (PDT). E o sexto é o Crato, o maior município administrado pelo PT, o partido do governador, onde essa oposição comandada por Wagner e pelo senador Luis Eduardo Girão (Podemos) lançou Dr. Aloisio (Pros).
As pesquisas até agora mostram a oposição estadual no segundo turno em Fortaleza, com larga vantagem em Maracanaú, com chance de ir ao segundo turno em Caucaia - se o atual prefeito não vencer no primeiro turno. Em Juazeiro do Norte o páreo está apertado. No Crato, o petista Zé Aílton Brasil lidera com folga. Em Sobral, a primeira pesquisa Ibope já está apta a ser divulgada. Ainda sem os números, a impressão é de que a oposição já foi mais competitiva no berço dos Ferreira Gomes. Na briga por esses grandes municípios começa a ser jogada a sucessão de Camilo Santana.
Na época do motim, Bolsonaro cobrou governador em favor dos policiais
O ex-ministro Sergio Moro entrou no conflito entre Capitão Wagner (Pros) e o governador Camilo Santana (PT) em torno da participação do candidato do Pros a prefeito no mais recente motim de policiais militares. Com isso, a participação do Governo Federal no episódio foi colocada no debate. Vale recordar, portanto, da postura do próprio presidente Jair Bolsonaro, que já havia declarado apoio ao Capitão Wagner e reforçou na semana passada. Assim como para as manifestações eleitorais, Bolsonaro usou o espaço da live semanal para falar do motim no Ceará, em fevereiro. E, na mais relevante posição pública, ele se colocou em posição de cobrança ao governador, para que chegasse a acordo com os policiais.
"O governador do Ceará, o senhor Camilo, que entrou em contato conosco, pediu GLO, foi atendido por oito dias. Que resolva esse problema, que é do seu Estado. Tá certo? Isso é melhor para todo mundo. Negocie com sua Polícia Militar e chegue a um bom termo nesta questão. Estamos torcendo para isso, que a GLO minha não é ad aeternum ('para sempre'), no passado era, com outro presidente, comigo não é", disse ele.
Na primeira pergunta no debate de sábado, na TV Cidade, antes da primeira pergunta, Capitão Wagner disse o que não iria perguntar naquele momento: sobre o "escândalo da TV Manchete", que se desenrolou em 1997, sobre suposto pedido de propina envolvendo contratos publicitários da Câmara Municipal. Wagner não tratou do tema, mas deixou no ar. Como não haverá mais debate, o caso só tem como voltar a ser tratado diretamente entre eles em um eventual segundo turno, que já se antecipa em alguns ingredientes. Ao mencionar o assunto no começo do debate, o Capitão fez uma guerrilha psicológica, muitas vezes usada para desestabilizar o adversário.
Podcast Jogo Político analisa as eleições no Ceará:
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