Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
No primeiro dia de segundo turno, o centro das atenções foi o governador Camilo Santana (PT). Ele abandonou as manifestações em redes sociais que fazem seu gosto e se generalizaram com a pandemia. Optou por entrevista coletiva presencial. Quis fazer um gesto de impacto. As pesquisas mostraram, no primeiro turno, que ele é o cabo eleitoral com maior potencial de influência positiva de votos. A manifestação me surpreendeu por repetir a tônica dura, incisiva, contra Capitão Wagner (Pros). Afirmou que o candidato "explora a violência unicamente com objetivos pessoais". A surpresa não é pelo teor. A questão é que essas críticas ele já podia fazer, e fazia, no primeiro turno. O que ele não podia, porque seu partido tinha candidata, era defender voto em José Sarto (PDT). Imaginei que seria a tônica. Ele falou, claro. Principalmente que Sarto representa um projeto coletivo. Que esteve ao lado dele contra a onda de ataques das facções, contra o motim policial, contra a pandemia.
Mais relevante que a posição política do governador sobre a eleição - que já era sabida por todo mundo que acompanha um pouquinho a política do Ceará - é o chamado dele a outras candidaturas e partidos para apoiarem Sarto.
Da parte dos adversários,Capitão Wagner reagiu, assim como o prefeito eleito de Maracanaú, Roberto Pessoa (PSDB). Chama-me atenção a postura que fazem de defesa de Luizianne Lins (PT). A cobrança por não ter feito campanha para a candidata do partido no primeiro turno.
A situação é toda muito curiosa. Questionar Camilo pelo não apoio ao PT faz sentido. Ontem, na coletiva, o jornalista Carlos Holanda perguntou qual a opinião dele sobre a postura bastante crítica da campanha de Sarto em relação à correligionária dele. Camilo respondeu que o primeiro turno ficou para trás. Não sei se Luizianne pensa assim.
Porém, a cobrança é curiosa porque grande parte do eleitorado de Wagner é antipetista. É curioso vê-lo defender a candidata do PT. Ainda que Wagner propriamente não seja antipetista e tenha feito aliança com o partido na campanha de Elmano de Freitas (PT), em 2012.
Há um cálculo político. Sarto teve 35,7% dos votos. Luizianne, 17,7%. Portanto, bastam os votos da petista para o pedetista alcançar mais da metade dos votos válidos. Isso quer dizer que, para ter alguma chance, Wagner precisa de votos que foram de Luizianne no primeiro turno. Os afagos fazem sentido.
Disputa estadual
Na disputa pelo jogo de poder estadual entre governo e oposição, a base aliada mantém hegemonia absoluta nos pequenos e médios centros. A disputa que a oposição tenta travar é nos grandes centros. No norte, os Ferreira Gomes mantiveram Sobral na eleição mais tranquila em bastante tempo. No sul, a base governista manteve Crato, ganhou Barbalha - simbólica para Camilo - mas a oposição levou Juazeiro do Norte. Apesar de todo o esforço feito por Camilo e pelo PDT para tentar ajudar o prefeito Arnon Bezerra (PTB). Até colocar o PT numa aliança com o PSL fizeram - e o ex-partido de Jair Bolsonaro caiu fora. Juazeiro mantém a tradição de não reeleger prefeitos.
O PDT, maior bancada, elegeu um vereador a menos que em 2016 e seis a menos do que tem hoje. O Pros elegeu cinco vereadores. Em 2016, não tinha nenhum. O partido de Capitão Wagner na época, o PR, elegeu quatro em 2016. Hoje, com nome de PL, tem três vereadores e elegeu dois.
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