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O ex-deputado e as pilhas de dinheiro
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O ex-deputado e as pilhas de dinheiro

Tipo Opinião
Pilha de dinheiro apreendida na locadora de propriedade de Adail Carneiro, no Bairro de Fátima (Foto: Divulgação/PF)
Foto: Divulgação/PF Pilha de dinheiro apreendida na locadora de propriedade de Adail Carneiro, no Bairro de Fátima

Informou o repórter Demitri Túlio que o ex-deputado federal Adail Carneiro disse, em audiência online na 11ª Vara Federal, em Fortaleza, na última quarta-feira, 17, que não lavou dinheiro. Para lembrar: ele foi preso em 19 de novembro do ano passado durante a Operação a Operação Km Livre 2, da Polícia Federal, em posse de R$ 1.988.635,00. Era a semana seguinte ao primeiro turno das eleições municipais. De acordo com Adail, ele estava com o dinheiro por ter medo de uma greve dos bancos.

O temor é intrigante, pois dois meses antes os bancários haviam assinado acordo com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), aprovados pelas assembleias de bancários pelo País. Não sei se Adail tinha alguma manifestação de paranoia, ou se tinha informações privilegiadas — que não se confirmaram.

O mais intrigante é que, em setembro de 2016, Adail provavelmente estava acometido do mesmo receio. Afinal, em setembro daquele ano, coincidentemente também em período de eleições municipais, a Polícia Federal igualmente realizou operação na locadora de veículos de propriedade dele. E encontrou pilhas de dinheiro, da mesma maneira.

E, olha, ele devia temer uma greve mais prolongada em 2016, pois, naquela ocasião, a Polícia Federal encontrou R$ 5,9 milhões em dinheiro na empresa.

Não tinha como terminar bem

Na quinta-feira, o início do motim de policiais militares completou um ano e ontem fez aniversário aquele que é candidato a mais insólito momento da história política cearense. Sinceramente, o Brasil anda tão anestesiado com algumas coisas que a gente assiste a coisas verdadeiramente espantosas e reage quase como se fosse algo normal. A gente até se admira, mas falta ênfase. Logo passa e a gente rememora como se fosse uma coisa banal. Pessoal, policiais atiraram num senador da República. Isso por si só seria um choque. O que fazia o senador? Avançava em cima de uma retroescavadeira — ele sabe operar uma retroescavadeira; tudo bem, é engenheiro por formação, mas isso em si era já algo digno de nota — contra um quartel de Polícia. Dentro do qual havia policiais amotinados, mascarados e armados, com suas famílias.

Onde está o erro? Em tudo. Ninguém tem razão. penso que há um erro de origem: policiais não podem se amotinar. Não podem tomar de assalto os batalhões. Não podem protestar de máscaras e com armas em punho. Tudo muito errado.

Isso não dá razão a Cid Gomes (PDT) — o tal senador, que me dou conta de só agora citar o nome, embora você provavelmente já soubesse de quem eu falava. Entendo que o gesto de Cid não tinha como terminar bem. O que poderia acontecer? Se ele prossegue ia passar por cima das pessoas — estava evidente que elas não iam sair do meio e, ao resistirem segurando o portão quando ele avançou, já nem tinham como escapar sem se machucar. Só podia dar errado. Felizmente o resultado não foi pior.

Informa o repórter Lucas Barbosa, aqui no O POVO, que as investigações ainda não foram concluídas. Como as pessoas estavam mascaradas, não sei se será possível identificar a autoria dos disparos. O episódio é integralmente bizarro e o inquérito inconcluso é ingrediente extra.

A solução do general

O presidente Jair Bolsonaro decidiu trocar o comando da Petrobras após os aumentos de preço de combustível saírem de controle. A solução que ele encontrou parece ser a única que conhece: colocou um general na função. É assim que ele age. Se tem um setor com problema, coloca um general para tomar conta. Fez o mesmo no Ministério da Saúde e olha como estamos.

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