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Escalada de pesadelo
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Escalada de pesadelo

Há menos de um mês, foi alcançada pela primeira vez a marca de duas mil mortes em 24 horas. Ontem, foram quatro mil
Tipo Opinião
 Brasil anestesiado com a escalada do número de mortos (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE  Brasil anestesiado com a escalada do número de mortos

Quatro mil mortes. Número de pesadelo, descalabro, tragédia. Essa é a síntese do Brasil. Um cenário do mais absoluto horror. O País contabilizou duas mil mortes pela primeira vez em 24 horas no dia 10 de março. Faz menos de um mês. A subida é galopante, vertiginosa e absurda. Em um ano de pandemia não houve dois mil mortes computadas em um dia. Ontem, foram quatro mil.

Há um sentimento de anestesia. O número assombra, mas não admira mais. Assistimos à subida como se alcançasse uma marca previsível. Daqui a alguns dias, espero, vamos reduzir esses números. Vão morrer mil ou duas mil pessoas em um dia. E vai parecer bom. Será ainda uma tragédia.

Ah, mas não estamos em lockdown? Ontem, no fim da tarde, no Montese, havia cadeiras nas calçadas e rodas de conversa. Eis nosso lockdown. E tem gente com mandato dizendo que as pessoas têm obrigação de furar o lockdown. Depois, quem puxa o boicote tem a pachorra de dizer que o isolamento não dá certo.

O assassinato que levou o Dia do Jornalista a ser comemorado na data da queda de dom Pedro I

No dia 7 de abril se comemora o Dia do Jornalista. Trata-se da data em que o imperador dom Pedro I abdicou ao trono. O que uma coisa tem a ver com a outra?

Na segunda metade da década de 1820, o Brasil estava mergulhado em crise econômica, política e até numa guerra contra Argentina pela Cisplatina — atual Uruguai. A polarização política foi se acirrando entre conservadores, defensores da centralização monárquica, pró-Portugal, alguns até a favor da restauração colonial, e os liberais, a favor de autonomias provinciais e de oposição ao imperador.

Em novembro de 1830, foi assassinado o jornalista italiano Líbero Badaró, redator do jornal de oposição Observatório Constitucional. O imperador perdeu apoio. Houve quem o acusasse de ser o mandante. A escalada de tensões levou a confronto nas ruas entre portugueses e opositores do imperador, no que ficou conhecido como “Noite das Garrafadas”. Na madrugada de 7 de abril, dom Pedro I esgueirou-se pela madrugada, subiu numa embarcação inglesa e deixou o Brasil.

A data do fim do primeiro reinado foi instituída como Dia do Jornalista 100 anos depois, em 1931, pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Há 190 anos, um jornalista morria vítima de violência política, resultado das críticas que fazia ao poder de plantão.

É significativo que o Dia do Jornalista seja comemorado no dia da queda do primeiro governante do Brasil pós-independência.

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Repercussões no Ceará

Em Fortaleza demorou mais de um mês para chegar a notícia de que o imperador havia deixado o trono, abandonado o País e voltado para a Europa.

A notícia chegou à capital cearense em 13 de maio de 1831, quando navio inglês vindo de Pernambuco aportou. O Ceará era longínquo, atrasado e desconectado da Corte.

A tardia notícia foi comemorada com festa nas ruas de Fortaleza e vilas do Interior. Celebração comandada pelos patriotas/liberais, grupo de latifundiários que chegou a defender ideais republicanos — já abandonados àquela altura de 1831 — muitos dos quais foram parte dos movimentos revoltosos de 1817 e na Confederação do Equador, em 1824.

Agora, antigos rebeldes eram situação, com ascensão da regência liberal moderada. Fizeram uma limpa nos cargos e postos. A reviravolta despertou reações extremas. Em dezembro de 1831, eclodiu uma guerra civil a partir do Cariri. A sedição foi comandada por Pinto Madeira, que teve anulada a promoção a coronel de milícias. Ele havia combatido em 1817 e 1824 sempre a favor do governo central. Desta vez estava contra. O conflito armado durou dez meses. Em 1834, Pinto Madeira foi julgado e executado.

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