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O espaço para o Psol na eleição no Ceará
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O espaço para o Psol na eleição no Ceará

Partido quer ser o palanque estadual que o PT não dará a Lula
Tipo Opinião
ADELITA se reuniu com Conin na sede do PT, após a reunião entre direções nacionais (Foto: Divilgação)
Foto: Divilgação ADELITA se reuniu com Conin na sede do PT, após a reunião entre direções nacionais

Há duas semanas, dirigentes de PT e Psol se reuniram em Brasília para discutir a aliança. O entendimento está bem encaminhado. Um dos reflexos foi a desistência de Guilherme Boulos (Psol) de disputar o governo paulista para concorrer a deputado federal. Abre assim espaço para o apoio a Fernando Haddad em São Paulo. Sobretudo, o Psol caminha para apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidente. Naquela conversa, em 9 de março, o Ceará foi um dos pontos discutidos.

O Psol quer ter um tratamento, digamos assim, simpático da parte do PT nos estados em que o partido não terá candidato próprio. A pré-candidata da sigla no Ceará, Adelita Monteiro, manifestou intenção de ser o palanque estadual de Lula, uma vez que o PT apoiará a candidatura do PDT — o partido que tem Ciro Gomes como nome para presidente. Não foi por acaso que petistas demonstraram simpatia pela ideia. Há conversas nacionais.

Um Psol menos antipetista

O Psol nasceu de uma dissidência do PT. Mais que isso, nasceu da chegada do PT ao poder. Era a oposição a esquerda — insurgiu-se contra o governo Lula antes da oposição à direita, na época da reforma da previdência de 2003. Com o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Lula, as posições nacionais de PT e Psol ficaram, por vezes, difíceis de discernir. Passaram a ser nuances dentro de um campo de oposição aos governos Michel Temer (MDB) e, depois, Jair Bolsonaro (PL). No Ceará, de governo petista, nem tanto.

Em 2020, o Psol surpreendeu em Fortaleza. Foram duas vagas de vereadores conquistadas. E nenhuma ficou com aquele que era o favorito, Ailton Lopes. Que havia sido candidato a governador duas vezes. De lá para cá, as coisas mudaram no partido. No ano passado, o grupo de Adelita derrotou o de Ailton e Renato Roseno na eleição interna. A ideia é apresentar um Psol diferente na campanha. Um Psol menos antipetista. Nada antipetista, na verdade.

Perspectivas para esse novo Psol

O cenário pode ser promissor para uma candidatura que se coloque como a do Psol. Sobretudo se o candidato do PDT for o ex-prefeito Roberto Cláudio, a quem muitos petistas não engolem, é considerável a chance de Adelita atrair esses votos. Se ela conseguir emplacar como “a candidata de Lula no Ceará”, aí o potencial fica bem mais significativo. Não falo para ganhar a eleição. Isso seria uma surpresa sem precedentes. Muito, muito mais que a eleição de Maria Luiza em 1985. Porém, o desempenho de Adelita pode ser crucial para definir se haverá segundo turno ou não.

No cenário atual, são três pré-candidaturas postas: Capitão Wagner (União Brasil), o PDT e ela. Nesse caso, para haver segundo turno, Adelita precisa ter votação maior que a diferença entre os dois outros candidatos. Se a soma de Adelita e o segundo colocado for menor que a votação do primeiro lugar, a eleição acaba no primeiro turno. Outros candidatos devem entrar. O PSTU, talvez o Novo. Mas nada muito certo, ou promissor.

O melhor desempenho do Psol em eleições para governador do Ceará foi num cenário parecido. Em 2006, quando o PT abriu mão de ter candidato para apoiar Cid Gomes. Muitos petistas foram, na época, com Renato Roseno. Isso deu a ele 2,75%. De lá para cá, o partido não chegou a esse percentual. Na Capital mostra força, mas o Interior é complicado para a forma de política que o partido faz. Se ficar por aí este ano e não surgirem outras forças, é difícil pensar em um segundo turno. Porém, o Psol nunca teve um cabo eleitoral como Lula — aquele que motivou o nascimento do partido, mas para se opor ao petista. Faz sentido que queira ter ao menos um pedaço dele.

Última semana

Camilo Santana (PT) terá de deixar o governo daqui a uma semana para concorrer ao Senado.

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