Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Os encontros ocorridos ontem em Fortaleza e Brasília mudaram o panorama da escolha da pré-candidatura governista do Ceará. As coisas, que vinham um tanto conturbadas, parecem estar se arrumando, ao menos se acomodando. O método do qual é adepto o senador Cid Gomes (PDT), de ir empurrando e esperar as coisas acontecerem, deixa os aliados nervosos. Talvez faça isso também com os adversários, e isso seja parte do plano. Mas, esses talvez demonstrem menos. Os aliados, definitivamente, ficam desconfortáveis. E vão havendo atritos. O fato de verem alguém tomando pulso e assumindo a condução já dá tranquilidade a quem achava estar a bordo de uma nau desgovernada. Só isso já ajudou.
Do ponto de vista da unidade interna do PDT, os sinais são positivos. Os pré-candidatos saíram animados. Mauro Filho foi enfático ao falar que foi o melhor encontro deles. Tais demonstrações, protocolares que sejam, servem para desarmar espíritos e reduzir a tensão. Ainda que as relações entre simpatizantes dos respectivos pré-candidatos sigam trocando caneladas.
Do ponto de vista prático, todavia, talvez a mais importante sinalização tenha partido de José Guimarães (PT), após o encontro com André Figueiredo (PDT), em Brasília. Dentro do PDT, as coisas bem ou mal irão se ajeitar, com mais ou menos sequelas. Porém, em relação ao PT, Guimarães vinha sendo o porta-voz da possibilidade real de a aliança acabar. Ele ainda não dá como certo que a coalizão governista será sustentada, mas o tom é certamente muito diferente da entrevista concedida por ele ao colega Carlos Holanda. Parece haver menos disposição dos petistas em partir para o enfrentamento.
Em relação ao encontro de Fortaleza, talvez o que haja de mais simbólico seja o comando: Ciro Gomes. Ninguém tem dúvida da ascendência dele sobre as decisões do grupo. Porém, desde que passou a eleição de 2002, ele afirma que delegou ao irmão Cid Gomes, que ainda nem havia virado governador, o comando das articulações no Ceará. O irmão mais velho estava voltado às questões nacionais. Claro, sem nunca tirar o olho do torrão local. Mas, sem tampouco se dedicar a esse nível de conversa, ao varejo das articulações. A Ciro cabia apitar na estratégia, participar das grandes decisões. Mas, Cid tem mais paciência, gosto e aptidão para essas negociações. Era ele quem vinha fazendo a costura.
Ontem, na saída da reunião, o colega Carlos Mazza perguntou a Ciro por que Cid não estava participando, mas o pré-candidato a presidente estava apressado, de saída, e acabou não respondendo. A ausência de Cid, por ora, é de chamar atenção, bem como o protagonismo de Ciro.
Uma certeza: para quem passou tanto tempo dedicado ao projeto nacional, se ele estivesse bem na disputa presidencial, não seria agora que iria se voltar ao Ceará. Olharia para o Brasil. Todavia, o Estado nunca foi tão importante para ele quanto agora, e pesquisas indicam que não está bem. Ciro já falou o quanto espera vencer novamente no próprio reduto. O fato de estar tão envolvido tem relação com o fato de que precisa se recuperar em casa, ou será uma derrota muito simbólica. Esse fator é preponderante na montagem do palanque estadual, e na forma como o PT é tratado pelo pedetista. Na busca pelos votos em casa, Ciro não pode hoje se dar o luxo de poupar os petistas cearenses.
O Ceará sempre foi realizada paralela no projeto nacional dos Ferreira Gomes, mas talvez agora seja a única realidade à mão.
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