Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: AURÉLIO ALVES
 Presença de Cid em palanque com Camilo e Elmano incomodou aliados de Ciro
A participação de Cid Gomes (PDT) no ato com Elmano de Freitas (PT) e Camilo Santana (PT) em favor de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na noite de segunda-feira, despertou reações bastante zangadas de apoiadores de Ciro Gomes (PDT). Chamou atenção o quanto as críticas têm sido direcionadas ao irmão dele, senador Cid Gomes (PDT). Ciro tem se mostrado magoado e menciona ferida que irá persistir até o fim da vida. Cid disse que tratará a questão familiar no âmbito doméstico e sobre o aspecto político, afirmou: “O que eu podia fazer para respeitar a decisão do Ciro, eu fiz, que foi exatamente me ausentar no primeiro turno, em relação ao Governo do Estado, em respeito à decisão dele.”
Interessante observar que Cid muda a versão sobre o motivo do afastamento. No começo de setembro, o discurso era que pretendia se manter afastado para atuar como possível conciliador na tentativa de retomar a aliança no segundo turno. Não há segundo turno e pedetistas próximos a Ciro Roberto Cláudio (PDT) não reconhecem nele alguém que se manteve neutro. Pelo contrário, Cid é acusado por alguns, nas redes sociais inclusive, de ter abandonado o irmão e o partido para se compor com o PT. E o senador agora informa que se manteve longe em respeito à decisão de Ciro.
Não é uma tese nova. Falei há mais de mês que essa era a razão apontada para ele não ter se envolvido nas articulações.
Cid queria respeitar Ciro e não brigar. Mas, o primogênito dos irmãos Ferreira Gomes diz se sentir traído e os aliados estão furiosos com o hoje senador.
O que isso importa para a política estadual
O PDT saiu com uma grande derrota nacional. Além do resultado de Ciro para presidente, a bancada caiu. Haviam sido eleitos 28 deputados federais em 2018. Nos últimos quatro anos, já sofreu defecções e ficou com 19. E elegeu 17. Porém, no Ceará, o PDT ainda é o maior partido. Elegeu a maior bancada na Assembleia Legislativa. Tem, ao lado do PL, a maior representação do Estado na Câmara dos Deputados. Tem o maior número de prefeitos. A estabilidade do governo Elmano de Freitas dependerá em boa medida do PDT.
Derrota do tamanho da que foi sofrida por um partido que tinha perspectiva de poder estadual deixa sequelas. Não será simples repactuar o partido. As reações a Cid demonstram que ele não conseguirá isso com facilidade.
Porém, não parece hoje possível manter o PDT longe do governismo. Nem a oposição acredita nisso. Os maiores vitoriosos dentro do partido — Idilvan Alencar e Evandro Leitão — já aderiram. Assim como vários outros. Cid Gomes também. Disse que o partido, se depender dele, será da base aliada. O pedetista com cargo mais graduado no Estado ao lado de Cid, o prefeito de Fortaleza José Sarto, está nas primeiras posições na fila dos que querem boas relações com o futuro governador. Quanto aos prefeitos petistas, a eleição deixou claro que eles não assumirão postura de oposição.
O presidente estadual do PDT, André Figueiredo, Ciro e Roberto Cláudio dão fortes indicações contra a adesão automática do partido à base de Elmano. Mas, será muito difícil para eles controlarem um partido que já está aderindo.
Autor da decisão
Aspecto interessante da fala de Cid Gomes citada no começo da coluna é tratar a escolha de Roberto Cláudio como candidato como “decisão do Ciro”. Não escolha do partido, não como votação do diretório. Mas, opção do irmão.
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