Parte do PDT já é governo, outra já é oposição e outra ainda debate
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Um pedaço do PDT já está no governo Elmano de Freitas (PT), com três deputados anunciados secretários. Aliás, já estava desde a campanha. Um expoente é o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, que minou o partido por dentro na campanha e foi crucial para a vitória do atual ocupante do Palácio da Abolição. Outra parte já está na oposição. O ex-prefeito de Fortaleza e candidato do partido a governador, Roberto Cláudio, puxa esse bloco. Ele defendeu publicamente que o partido seja “oposição construtiva”. Entende que é a postura mais coerente com o que foi a eleição, e que dará mais relevância ao partido no Estado. O que o partido fará? Ainda não definiu.
Enquanto isso, os filiados não esperam. Os deputados estaduais Salmito Filho (Desenvolvimento Econômico), Oriel Nunes Filho (Pesca e Aquicultura) e o deputado federal Robério Monteiro (Recursos Hídricos) já estão anunciados secretários, embora ainda não tenham sido nomeados. A indicação não passou pela direção estadual. A condução não agradou a sigla.
Já Roberto Cláudio reivindicou ter espaço para ser oposição dentro do partido. Ele é presidente do diretório do partido na Capital e terá no PDT de Fortaleza a estrutura para fazer a “oposição construtiva” a Elmano. Faz contatos políticos de forma ampla — até com Capitão Wagner (União Brasil) esteve — e monta as bases para esse trabalho. Fala com algumas pessoas que possam subsidiar nessa tarefa de atuar sem ter mandato.
Os debates dentro do PDT
O clima interno no PDT não é bom. Pudera, depois de uma contundente derrota eleitoral da legenda que ainda é a maior do Estado e era favorita antes da eleição. Se tivesse havido segundo turno, teria sido mais fácil uma recomposição, com a perspectiva de adesão pedetista para derrotar Wagner — o que não foi necessário. Assim, foram várias reuniões na cúpula da legenda para discutir o assunto, ainda inconclusivas.
A primeira, em 12 de novembro, teve a presença do senador Cid Gomes, do presidente estadual André Figueiredo, de Roberto Cláudio e do prefeito José Sarto. Cid defendeu a ida para a base governista. RC, a postura de oposição. Sarto reivindicou reciprocidade, com apoio do PT a ele em Fortaleza. E André tenta fazer a mediação.
Houve mais uma reunião, em 13 de dezembro, dia de aniversário do prefeito de Sobral, Ivo Gomes, razão pela qual Cid não compareceu. Em 15 de dezembro, o encontro foi ampliado, com a presença das bancadas. Discutiram o que seria tratado no dia seguinte com o atual governador.
No dia 16, Cid, André, Roberto Cláudio, Sarto e mais Evandro e o deputado federal Mauro Filho receberam Elmano, que foi pedir o apoio da sigla ao governo. Nesta conversa, inclusive, o governador ouviu de Roberto Cláudio que o ex-prefeito fará oposição.
O clima dos encontros foi cordial, apesar das divergências. Foram as únicas conversas entre Cid e Roberto Cláudio desde a eleição.
O partido está dividido entre ser base, ficar na oposição ou ficar independente. Pelo menos cinco membros da bancada estadual já aderiram a Elmano, mas outros oito tenderiam à independência ou oposição, em princípio.
As conversas estão paradas porque André, Sarto e também Ciro Gomes estão viajando. A definição deve ocorrer nas próximas semanas.
Hoje, existe a tendência de que o PDT não seja base.
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