Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Diplomacia serve, primeiro de tudo, para evitar problemas. Quando ela cria problemas ou os amplifica, vai mal
O primeiro papel da diplomacia é evitar problemas. Se possível, trazer vantagens para o País. Fundamentalmente, trata-se de defender os interesses do País perante a comunidade internacional. A posição de Lula (PT) sobre Israel não atende a esses objetivos. A tradição diplomática brasileira, de altíssimo nível, é pragmática. Lula, porém, segue o caminho de se alinhar com interesses externos e apoiar aqueles com quem se afina ideologicamente. Jair Bolsonaro (PL) fez isso também. Por razões óbvias, com governos radicalmente opostos.
Obviamente que as ações em Israel na Faixa de Gaza e em relação ao povo palestino são passíveis de críticas. Não há apenas excessos, mas práticas inaceitáveis, que não podem ser justificadas pelas agressões do Hamas.
Mas, para um país e um governo sob pressões internacionais, Lula ofereceu, isso sim, uma tábua de salvação. Um meio de mobilizar a indignação do povo e canalizar as atenções. Benjamin Netanyahu viu uma oportunidade política e a agarrou.
Para um chefe de Estado, comparar o governo de qualquer outro país às práticas do nazismo é uma crítica muito pesada. Fazer isso em relação a Israel ganha proporção que não parece ter sido considerada. É o tipo de coisa que é repetida em redes sociais — e neste espaço a declaração de Lula recebe apoio. Mas presidente não pode agir como tuiteiro. O Brasil já teve isso por quatro anos e bastou.
Se o objetivo diplomático de Lula, como já manifesto, é atuar como mediador na questão, fracassou miseravelmente. Implodiu qualquer possibilidade de o Brasil atuar como pacificador nesse tema.
Reducionismo infeliz
A questão entre judeus e palestinos é muito complexa. Quando o debate é transposto para a política brasileira onde, convenhamos, não há consequências práticas no dia a dia, a questão é permeada de simplificações e reducionismos. Gente que defende que se jogue bomba mesmo e se exploda tudo, quem entende que não deveria haver reação de quem foi atacado, ou quem fala da solução de dois Estados — necessária, acho eu — sem se defrontar com as muitas consequências decorrentes.
O problema é intrincado, difícil de encaixar no tamanho convencional de um tuíte. Conceituações sobre o nazismo e a matança de judeus são objeto de estudos e reflexões desde antes mesmo de 1945. A questão palestina é assunto profundamente controverso e envolve emaranhado de interpretações. Se for estender à situação de árabes e judeus, aí são milênios de história, remontam à Bíblia, ao Torá, Ismael e Isaac.
A conversa é comprida demais para ser tratada com o simplismo de quem acha que vai tirar a solução do bolso e ter uma resposta imediata. Ou para quem acha que qualquer dos lados terá de ceder em tudo e o outro em nada.
Emergência na segurança pública
No sábado, o Ceará teve duas chacinas. Em Aracoiaba, quatro homens foram mortos. Em Caucaia, foram quatro mulheres. Na madrugada do mesmo dia, seis policiais foram baleados. Há uma crise instaurada, uma situação de emergência e o governo não deu sinais de saber o que fazer.
É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.