Polarização venceu e 2º turno terá bolsonarismo contra PT?
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Vivo escrevendo que o mais importante numa pesquisa não é o número, mas o movimento. A pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira, 11, exemplifica bem por quê. Capitão Wagner (União Brasil) está numericamente à frente, com 24%, mas caiu 7 pontos percentuais em três semanas. O impacto é grande.
André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) vêm colados. Tinham 14% há três semanas, subiram 7 pontos juntos e chegaram a 21%. Empataram tecnicamente com Wagner na liderança. Mas, isso importa menos que o fato de terem crescido bem.
Os favoritos
José Sarto (PDT) também está empatado tecnicamente na liderança. Com Wagner, está no limite máximo da margem de erro, mas está. Porém, tinha 22% e caiu para 18%. O que mais deve preocupá-lo não é o percentual, mas o deslocamento.
Muita gente apostava, e alguns desejavam, a polarização entre a candidatura de Lula (PT) e a de Jair Bolsonaro (PL). Parece hoje o cenário mais provável. Se a Quaest conseguiu captar com precisão o sentimento do eleitor de Fortaleza, e se não houver fatos novos, André Fernandes e Evandro Leitão se tornam favoritos para estar no segundo turno.
Lulismo x bolsonarismo
Impressiona a capacidade de hegemonia de ambos sobre os respectivos campos políticos. A ponto de poderem talvez superar o atual prefeito e o antes líder isolado nas pesquisas. A se confirmar e manter a tendência. O lulismo tem ainda as máquinas estadual e federal. Mas, Fernandes sobe impulsionado pela força do bolsonarismo — que, aliás, ele evita explorar — e por uma campanha muito bem feita até aqui.
25 dias até a eleição é bastante tempo...
Então, é isso? Teremos André contra Evandro no segundo turno, está sacramentado? Wagner e Sarto estão fora e pronto? Primeiro turno resolvido?
Devagar com o andor. Há mais de três semanas de campanha pela frente. Muita coisa pode acontecer. Haverá tentativas de confirmar tendências, e de revertê-las. Quanto mais se arrisca e se dá cavalo de pau numa campanha na busca de mudar a situação, mais costuma dar errado e afundar ainda mais quem alopra. Mas, certamente, nas próximas semanas vai acontecer muita coisa. A temperatura subirá bastante.
Wagner está com a situação em risco, mas convém não menosprezar quem tem se sustentado, apesar da divisão do antigo eleitorado.
Quanto pode a máquina?
E é bom não subestimar a máquina da Prefeitura. Convém não desenganar a candidatura à reeleição de um prefeito a 25 dias da eleição.
A base de vereadores é forte e capilarizada. Mas, é também um dos maiores e mais imediatos desafios. Sarto precisa segurar a potencial migração de parlamentares, candidatos e apoiadores que podem pular do barco se acharem que está afundando. Poder se move por expectativa. Caneta perto de secar é menos atraente. Esse é um dos efeitos que a pesquisa pode ter.
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