Sarto corre para evitar entrar para a história pelo lado ruim
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Quanto pode a máquina? Muito, sem dúvida. Tanto que os três prefeitos que concorreram à reeleição em Fortaleza, bastante diferentes entre si em quase todos os aspectos, saíram vitoriosos. A pesquisa Datafolha que O POVOdivulgou na manhã desta quarta-feira, 25, mostra continuidade da tendência de queda do prefeito José Sarto (PDT), ainda que em ritmo mais lento.
Na pesquisa anterior, Sarto estava em empate técnico na briga pela segunda colocação e, portanto, por um lugar no segundo turno. Desta vez, com 15%, ele fica a 10 pontos percentuais das intenções de voto para ir ao segundo turno. A situação é diferente da que foi apresentada na véspera na pesquisa AtlasIntel, divulgada pelo Focus Poder, na qual Sarto interrompeu a trajetória de queda em duas pesquisas seguidas e apresentou alta de 3 pontos percentuais e empatou tecnicamente na liderança.
O cenário apresentado pelo Datafolha mostra dificuldade para Sarto, que tem ainda 38% de rejeição, em número estabilizado, mas no alto.
O prefeito tem como dificuldade o reduzido tempo de rádio e televisão — o menor entre os quatro candidatos que as pesquisas apontam como mais fortes para ir ao segundo turno. Uma realidade que os antecessores que se reelegeram não tiveram.
O trunfo é a força de estar sentado na cadeira de prefeito. As ações de governo são a principal propaganda de um candidato à reeleição, assim como os problemas são o mais forte argumento contrário. Na terça-feira, 24, com uma antecipação sem precedentes, a gestão municipal anunciou algumas das atrações do Réveillon. Sem a presença do prefeito-candidato, por força da lei eleitoral. O anúncio foi feito por secretários e teve a presença do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT), que tem protagonismo na campanha de Sarto.
A antecipação é até bem-vinda. Se a ideia é atrair turistas, é importante sinalizar o quanto antes a programação. Até porque o valor das passagens chega a assustar. Em 2023, o anúncio ocorreu no fim de outubro, em São Paulo, na estratégia de tentar falar ao mercado nacional. Em 2022, havia sido só no fim de novembro. Para este ano, o anúncio de três atrações ficou para a semana que vem, nas vésperas do primeiro turno.
Uma força que costuma vir associada à máquina é o apoio dos vereadores. A base de Sarto tem aproximadamente 370 candidatos a 43 vagas — disputadas também com a oposição. Uma força considerável, capilarizada, mas volátil. Na semana passada, houve duas grandes reuniões com candidatos a vereador. Um esforço para amarrar uma base que é base de assédio de adversários. Na propaganda de alguns candidatos, o nome do prefeito começou a diminuir, até a sumir. Há reclamações de falta de apoio e recursos.
O cenário conforme apresenta o Datafolha mostra dificuldades para o prefeito. Juraci Magalhães e Luizianne Lins (PT) largaram mal nas campanhas de reeleição. Roberto Cláudio (PDT) começou um pouco melhor. Mas, os três acabaram se reelegendo com certa margem em relação aos adversários. Sarto aparece nas pesquisas com uma dificuldade inédita.
O esforço que terá no pouco mais de uma semana pela frente é para evitar se tornar o primeiro prefeito a concorrer sentado na cadeira e não conseguir ser reconduzido.
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